Atualizado em 07 de Abril de 2025
Criado por Joana Mazzochi - Nutricionista

Dieta para colite ulcerativa: o que comer e o que evitar

Você já se perguntou o que realmente deve comer — e evitar — para cuidar do seu intestino? A colite ulcerativa é uma condição desafiadora, mas a dieta desempenha um papel fundamental no alívio dos sintomas e na promoção do bem-estar.
Entenda como fazer escolhas alimentares que minimizem inflamações, respeitem suas necessidades e contribuam para uma vida mais confortável. Vamos entender melhor a relação entre colite e alimentação e o que envolve a dieta para quem tem colite?
Como fazer uma dieta para colite?
Quando se trata de colite, especialmente da colite ulcerativa, não existe uma abordagem única que funcione para todos, logo os alimentos que beneficiam uma pessoa podem causar desconforto em outra. Por isso, é essencial buscar a orientação de um nutricionista para criar um plano de alimentação para colite personalizado.
Um profissional especializado irá avaliar o estágio da sua condição, possíveis intolerâncias alimentares e suas necessidades nutricionais individuais. Além disso, ele pode ajudar a identificar gatilhos alimentares específicos, como laticínios ou alimentos ricos em fibras insolúveis, que podem agravar os sintomas em alguns casos.
Ao seguir uma dieta para colite ulcerativa adaptada às suas necessidades, você terá mais chances de controlar inflamações, aliviar desconfortos e melhorar a qualidade de vida. Lembre-se: cuidar da sua alimentação é um dos passos mais importantes no manejo da colite, mas sempre deve ser feito com suporte profissional.
Alimentos permitidos
A escolha de alimentos adequados é essencial para controlar os sintomas da colite ulcerativa e promover o bem-estar. Embora as tolerâncias alimentares possam variar de pessoa para pessoa, alguns alimentos são geralmente recomendados por serem mais fáceis de digerir e menos propensos a causar irritação intestinal.
Aqui estão algumas indicações gerais para a construção de uma dieta para colite intestinal:
- Carnes magras e proteínas de fácil digestão: frango, peru, peixes brancos e ovos são fontes excelentes de proteínas que ajudam na manutenção da massa muscular sem sobrecarregar o intestino com gordura;
- Arroz branco e massas refinadas: esses carboidratos simples são gentis com o sistema digestivo e fornecem energia sem causar inflamação;
- Vegetais cozidos: abobrinha, cenoura e batata (sem casca) são exemplos de vegetais que, quando cozidos, se tornam mais fáceis de digerir. Evite o consumo cru ou em excesso de fibras insolúveis;
- Frutas descascadas e sem sementes: bananas maduras, melão e maçãs cozidas são opções seguras para adicionar vitaminas e minerais à dieta;
- Laticínios sem lactose ou fermentados: algumas pessoas toleram bem iogurtes com probióticos ou produtos sem lactose, que podem ajudar na saúde intestinal;
- Óleos saudáveis: azeite de oliva e óleo de abacate são alimentos com gordura boa que podem ser incorporadas às refeições com moderação;
- Bebidas hidratantes: água, chá de ervas (como camomila ou hortelã) e isotônicos naturais ajudam a evitar a desidratação, especialmente em períodos de crise.
Esses alimentos ajudam a proteger o trato digestivo, fornecendo nutrientes necessários enquanto reduzem a irritação. Contudo, é essencial monitorar sua reação individual a cada alimento e ajustar conforme necessário, preferencialmente com orientação de um nutricionista.
Alimentos a evitar
Para quem enfrenta a colite ulcerativa, certos alimentos podem piorar os sintomas, aumentar a inflamação e desencadear crises. Confira os itens que geralmente devem ser retirados ou limitados no cardápio para quem tem colite:
- Alimentos ricos em fibras insolúveis: vegetais crus, brócolis, couve, milho e grãos integrais podem irritar a mucosa intestinal e agravar a inflamação, especialmente durante crises;
- Frutas com casca e sementes: maçãs, uvas, morangos e frutas cítricas podem ser difíceis de digerir e provocar desconfortos, como diarreia ou dor abdominal;
- Laticínios: leite, queijos e manteiga podem causar problemas, principalmente para quem tem intolerância à lactose ou maior sensibilidade intestinal;
- Alimentos gordurosos e frituras: batatas fritas, carnes gordurosas e molhos cremosos podem ser difíceis de digerir e desencadear sintomas como diarreia e cólicas;
- Alimentos ultraprocessados: embutidos, salgadinhos, biscoitos e fast food são ricos em conservantes, sódio e gorduras prejudiciais, que podem irritar o trato digestivo;
- Bebidas gaseificadas e com cafeína: refrigerantes, café e chá preto são conhecidos por aumentar a produção de gases e irritar o sistema digestivo;
- Comidas apimentadas ou muito condimentadas: pimenta, curry e molhos fortes podem desencadear inflamações e aumentar o desconforto intestinal;
- Álcool: bebidas alcoólicas, como cerveja e vinho, podem agravar os sintomas e dificultar a recuperação durante as crises.
Evitar esses alimentos ajuda a proteger a saúde intestinal e a reduzir episódios de desconforto. Contudo, é importante lembrar que a tolerância varia, e identificar os gatilhos específicos para o seu caso é essencial. Por isso, o acompanhamento de um nutricionista é fundamental.
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Suplementos para colite ulcerativa
A suplementação de vitaminas e minerais desempenha um papel essencial no manejo da colite ulcerativa, já que os pacientes frequentemente apresentam deficiências nutricionais devido à inflamação crônica e à absorção inadequada de nutrientes.
Além disso, certos nutrientes podem ajudar a reduzir os sintomas e melhorar o bem-estar geral.
Entre as principais deficiências observadas, o ácido fólico (vitamina B9) e a vitamina B12 são os mais críticos. Um estudo mostrou que os pacientes com colite ulcerativa apresentam níveis significativamente mais baixos de ácido fólico em comparação aos controles saudáveis, logo a suplementação desses nutrientes pode ser necessária para corrigir essas deficiências e apoiar a recuperação.
A curcumina, o principal ativo da cúrcuma, também tem mostrado grande potencial no tratamento da colite ulcerativa. Pesquisas apontam que suas propriedades anti-inflamatórias, antioxidantes e antimicrobianas podem ajudar a melhorar os índices de atividade da doença, e aliviar sintomas como a urgência para evacuar e o humor deprimido.
Além disso, o consenso da Organização Internacional para o Estudo das Doenças Inflamatórias Intestinais (IOIBD) sugere que uma das recomendações dietéticas chave para a gestão da colite ulcerativa seja o aumento do consumo de ácidos graxos ômega 3.
De acordo com a pesquisa mencionada anteriormente, os ácidos graxos ômega 3 são conhecidos por suas propriedades anti-inflamatórias e têm mostrado potencial para aliviar os sintomas e promover uma melhor saúde intestinal em indivíduos com colite ulcerativa.
Como deve ser a dieta após uma crise de colite?
Após uma crise de colite ulcerativa, é essencial adotar uma dieta que ajude na recuperação intestinal, reduza a inflamação e reforce o sistema imunológico. Durante esse período, a dieta deve ser mais suave e facilmente digestível, evitando alimentos que possam irritar ainda mais o trato digestivo.
Aqui estão algumas dicas para manter uma alimentação saudável e equilibrada após uma crise:
Começar com alimentos leves e de fácil digestão
Após a crise, o sistema digestivo pode estar sensível. Por isso, uma boa estratégia é apostar em alimentos mais suaves, como caldos, sopas de legumes, arroz branco e purês de batata. Esses alimentos não irritam a mucosa intestinal e ajudam na recuperação gradual.
Introduzir alimentos cozidos
Vegetais e frutas devem ser consumidos de forma cozida, sem casca e sem sementes, como cenouras cozidas, abóbora, maçã assada ou banana madura. É importante evitar os alimentos crus, pois eles podem ser mais difíceis de digerir e podem irritar o intestino.
Aumentar gradualmente o consumo de proteínas magras
Carnes magras, como frango, peixe e ovos, são boas fontes de proteína e ajudam na recuperação dos tecidos do intestino. Durante o período pós-crise, é importante consumir proteínas de fácil digestão e em porções menores, para evitar sobrecarregar o sistema digestivo.
Evitar alimentos que podem desencadear novos sintomas
Enquanto o intestino se recupera, é crucial evitar alimentos que possam irritá-lo, como laticínios, alimentos gordurosos, frituras, comidas apimentadas e bebidas com cafeína ou álcool. Esses alimentos podem aumentar a inflamação e retardar a recuperação.
Hidratar-se adequadamente
A hidratação é fundamental, especialmente após uma crise, para repor os líquidos perdidos e evitar a desidratação. Preferir água, chá de ervas e isotônicos naturais, que também ajudam a repor eletrólitos perdidos durante a crise.
Cada pessoa tem suas necessidades alimentares individuais. Portanto, é sempre importante acompanhar as orientações de um nutricionista para ajustar a dieta conforme a recuperação e as condições do paciente!
Referências
- Dietary Interventions in Ulcerative Colitis: A Systematic Review of the Evidence with Meta-Analysis - PMC
- Diet in the Pathogenesis and Management of Ulcerative Colitis; A Review of Randomized Controlled Dietary Interventions - PMC
- Nutrition and Supplementation in Ulcerative Colitis - PMC
- Associations between Folate and Vitamin B12 Levels and Inflammatory Bowel Disease: A Meta-Analysis - PubMed