Atualizado em 09 de Abril de 2025

Criado por Rafaela Fürst Galvão - Nutricionista

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Intolerância à lactose: sintomas, diagnóstico e tratamentos

A intolerância à lactose é uma condição que afeta um número significativo de pessoas em todo o mundo. Caracterizada pela incapacidade de digerir adequadamente o açúcar presente no leite e produtos lácteos, a lactose, essa condição pode causar desconforto gastrointestinal e outros sintomas desagradáveis após a ingestão desses alimentos.

Mas o que é intolerância à lactose, e será que a intolerância a lactose tem cura? Aqui, vamos explorar os motivos pelos quais ela ocorre e os diferentes tipos existentes, além dos principais sinais e sintomas do problema, os métodos de diagnóstico e os cuidados essenciais para quem enfrenta essa condição.

O que é intolerância à lactose e como ela acontece?

A intolerância à lactose é uma condição em que o organismo não consegue digerir adequadamente a lactose, que é o açúcar presente no leite e em produtos lácteos. Isso acontece por conta de uma deficiência ou ausência da enzima lactase, responsável por quebrar a lactose em componentes mais simples.

A lactose normalmente é quebrada em duas partes menores: a glicose e a galactose. Essas substâncias são facilmente absorvidas pelo intestino delgado e usadas pelo nosso corpo. No entanto, quando há pouca lactase disponível, a lactose não digerida passa pelo intestino grosso, onde é fermentada por bactérias e pode causar sintomas desconfortáveis, como inchaço, cólicas abdominais, diarreia e gases.

Existem três tipos principais de intolerância à lactose:

  • primária (ou genética): forma mais comum de intolerância à lactose, e ocorre quando a produção de lactase diminui naturalmente com o passar da infância para a idade adulta. Pode ser mais prevalente em certos grupos étnicos e geralmente é uma condição vitalícia;
  • secundária: alguém com infecções gastrointestinais, doença celíaca ou doenças inflamatórias intestinais pode desenvolver intolerância à lactose. Nesses casos, a produção de lactase é temporariamente reduzida até que a condição subjacente seja tratada;
  • congênita: forma rara que acontece quando um bebê nasce com uma quantidade muito baixa ou nula de lactase. Isso pode ser hereditário e requer atenção médica imediata, pois o bebê precisará de cuidados especiais para garantir uma nutrição adequada.

É importante lembrar que a intolerância à lactose não é uma condição que traz risco à vida, mas pode ser desconfortável para aqueles que a têm. 

Principais sintomas da intolerância a lactose

A intolerância à lactose pode causar uma variedade de sinais, que aparecem após a ingestão de alimentos contendo lactose. Quando se tem intolerância à lactose sintomas incluem:

  • dor abdominal, cólicas, inchaço e flatulência (produção excessiva de gases);
  • náuseas e ocasionalmente vômitos;
  • desconforto significativo;
  • fezes líquidas e diarreia;
  • gases malcheirosos e fezes com odor desagradável;
  • desconforto geral, fraqueza, irritabilidade e fadiga.

Também existem diferentes graus de intolerância à lactose, dependendo da quantidade de lactase produzida pelo organismo:

  • leve: sintomas podem ser leves e pouco frequentes, e pequenas quantidades de lactose podem ser toleradas sem causar problemas significativos;
  • moderado: sintomas mais pronunciados e frequentes após consumir alimentos com lactose, devido à baixíssima produção da enzima que a digere;
  • severo: intolerância à lactose significativa, e mesmo pequenas quantidades de lactose podem desencadear sintomas graves e desconfortáveis.

Tipos de intolerância à lactose e suas causas

Quando alguém apresenta sintomas de intolerância à lactose e recebe o diagnóstico dessa condição, é importante compreender qual foi a causa que levou ao surgimento do quadro, pois essa pode ser reversível ou não. 

Para compreender melhor as causas de intolerância à lactose, é necessário ter conhecimento sobre os tipos existentes:

1. Congênita

Esse é o tipo de intolerância à lactose que se apresenta desde o nascimento do bebe, com um fator genético bastante forte interferindo no seu aparecimento, visto que o bebe ainda não apresentou nenhum hábito de vida que interfira no seu surgimento. Nestes casos, o indivíduo nasce sem a produção da enzima lactase, ou apresentando produção insuficiente para digerir o leite e seus derivados. 

É preciso muito cuidado e atenção dos pais ao desenvolvimento de sintomas de intolerância à lactose pelo bebe, pois, se não for devidamente tratada, pode desencadear prejuízos adjacentes conforme agride a parede intestinal - como aparecimento de problemas no trato digestivo e desnutrição. 

2. Primária

Aqui, o indivíduo nasce sem apresentar sintomas de intolerância à lactose, porém os desenvolve ao longo da vida. Especialmente por condições genéticas e fatores ambientais, a produção da lactase vai reduzindo ao ponto de desenvolver intolerância à lactose depois da infância, muitas vezes já adulto.

Esse é o tipo mais comum e costuma levar um tempo até ser diagnosticado, visto que antes existia uma boa tolerância ao leite, muitas vezes não é considerado que esse quadro mudou.

Atualmente, uma excelente ferramenta para detectar carga genética para a intolerância à lactose é o teste genético. Através dele, é possível verificar se existe predisposição genética para a condição, identificando variações específicas no gene responsável pela produção da enzima lactase, que é crucial para a digestão da lactose.

3. Secundária

O desenvolvimento secundário de intolerância à lactose é uma consequência de alguma outra condição que afeta o intestino daquele indivíduo. A produção da enzima lactase é feita na parede do intestino, se esta for deteriorada por uma causa primária - como um quadro de diarreia crônica, outro tipo de intolerância ou alergia alimentar, doença inflamatória intestinal ou outros - poderá ter como consequência a intolerância a lactose.

Diferente das causas anteriores, tratando a causa primária, a intolerância também é tratada e a produção da lactase tende a voltar à normalidade.

Como é feito o exame e diagnóstico de intolerância à lactose?

O diagnóstico de intolerância à lactose pode ser feito por meio de diversos exames, cada um com suas vantagens e desvantagens. Os principais métodos para diagnosticá-la incluem: 

  • exame de intolerância à lactose chamado Teste de Hidrogênio Expirado;
  • teste de tolerância à lactose (TTG);
  • teste de acidez nas fezes; 
  • teste de lactose no sangue;
  • teste de exclusão da lactose da dieta por um período. 

Qualquer teste de intolerância à lactose pode ser solicitado por um médico dependendo dos sintomas apresentados e da história clínica do paciente. O teste genético de intolerância à lactose também pode ser uma alternativa, já que existe um tipo da condição que é genética, e marcadores podem ser usados para identificá-la, segundo pesquisas

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Tratamentos para intolerância à lactose

O tratamento intolerância à lactose envolve principalmente a adoção de uma dieta adequada, o uso de alternativas sem lactose e alguns cuidados específicos para lidar com os sintomas. Algumas orientações importantes são:

Exclusão das fontes de lactose da dieta

A dieta para intolerância à lactose deve eliminar leite de vaca e seus derivados, como queijos, manteiga, iogurte e sorvetes. Esses alimentos podem ser substituídos por leites vegetais e opções plant-based.

Suplementos prebióticos

Para quadros em que a descoberta foi tardia e os sintomas já estão muito presentes, além das outras intervenções, é possível utilizar suplementos prebióticos e probióticos para auxiliar na recomposição da flora bacteriana e aliviar os sintomas de intolerância à lactose *.

Leitura de rótulos

Ao comprar alimentos industrializados, sempre verifique os rótulos em busca de ingredientes que contenham lactose ou derivados do leite.

Remédio para intolerância a lactose

Também é possível fazer uso de remédio para intolerância a lactose, que se trata da enzima lactase sinteticamente elaborada para fazer o papel de digerir a lactose no organismo de quem não a produz suficientemente de forma orgânica. 

Nestes casos, o consumo da enzima deve ser feito logo antes de consumir o alimento contendo lactose. Não é recomendado fazer isso frequentemente, é preciso do aval médico para saber o melhor para cada caso.

Consulta nutricional

O profissional pode ajudar a elaborar uma dieta personalizada que atenda às suas necessidades nutricionais, garantindo que a ausência de lactose não resulte em deficiências nutricionais.

Gerenciamento do estresse

Em alguns casos, o estresse pode agravar os sintomas de intolerância à lactose. 

Cada pessoa pode reagir de forma diferente à intolerância à lactose, por isso é essencial encontrar uma abordagem que funcione melhor para cada indivíduo. Lembre-se sempre de consultar um médico ou nutricionista para um diagnóstico adequado e orientações específicas para o seu caso. Com os cuidados e a dieta adequados, muitas pessoas conseguem viver confortavelmente com intolerância à lactose e manter uma alimentação saudável e equilibrada.

Texto escrito por Thais Montin:
Jornalista formada pela Unisinos e estudante de psicologia na RCC, no Oregon. Trabalha com comunicação digital desde 2013, escrevendo sobre saúde, bem-estar, moda e muito mais.

Revisado por Rafaela Galvão:
Graduada em Publicidade e Propaganda pela ESPM-SUL e também em Nutrição pela Unisul (CRN-10: 11807) . Desde 2016 trabalha em projetos de comunicação direcionados para a área da saúde.