Atualizado em 19 de Março de 2025
Criado por Joana Mazzochi - Nutricionista

Intolerância ao glúten: sintomas, causas e tratamento

Você já sentiu desconfortos após consumir alimentos como pães, massas ou bolos? Esses sinais podem ser sintomas de intolerância ao glúten, um problema que afeta muitas pessoas, mas que nem sempre é facilmente diagnosticado.
Se você tem dúvidas sobre as causas, como identificar os sintomas e quais tratamentos podem ajudar, continue lendo! Neste artigo, vamos explorar tudo o que você precisa saber sobre intolerância alimentar ao glúten, desde os primeiros sinais até como adaptar sua dieta para viver melhor e com mais saúde.
O que é intolerância ao glúten?
A intolerância ao glúten é uma condição em que o corpo tem dificuldades para digerir o glúten, uma proteína encontrada no trigo, centeio, cevada e seus derivados.
Ao consumir alimentos que contêm glúten, o sistema imunológico de pessoas com essa intolerância pode reagir de maneira exagerada, provocando uma série de sintomas desconfortáveis.
A principal diferença entre a intolerância ao glúten e a doença celíaca, que também envolve o glúten, é que, na intolerância, não ocorre dano permanente ao intestino.
Os sintomas podem variar, mas geralmente incluem dores abdominais, inchaço, diarreia ou constipação e até cansaço excessivo. O diagnóstico é feito por meio de exames específicos, e o tratamento mais eficaz é a eliminação do glúten da dieta.
Sintomas
Os sintomas da intolerância ao glúten podem variar de pessoa para pessoa, mas os mais comuns incluem:
- dor abdominal e inchaço: sensação de estufamento e dor após consumir alimentos com glúten;
- diarreia ou constipação: mudanças nos hábitos intestinais, como episódios de diarreia ou prisão de ventre, podem ocorrer;
- cansaço excessivo: sentir-se constantemente cansado, mesmo após uma boa noite de sono, pode ser um sintoma relacionado à intolerância;
- dor de cabeça: algumas pessoas relatam dor de cabeça constante ou enxaquecas;
- náuseas e vômitos: após a ingestão de glúten, pode ocorrer sensação de náusea e até vômitos;
- problemas de pele: dermatites e erupções cutâneas podem aparecer em alguns casos.
Causas
A intolerância ao glúten pode ser causada por diversos fatores, sendo os principais:
- Fatores genéticos: pessoas com histórico familiar de intolerância ao glúten ou doenças autoimunes, como a doença celíaca, têm maior probabilidade de desenvolver a condição;
- Problemas digestivos: o mau funcionamento do sistema digestivo, como um desequilíbrio na microbiota intestinal, é uma das causas da intolerância ao glúten;
- Inflamação intestinal: quando o intestino está inflamado, o corpo pode ter dificuldade em digerir o glúten adequadamente, levando a sintomas de intolerância;
- Exposição precoce ao glúten: alguns estudos sugerem que a introdução precoce de glúten na dieta de crianças pode aumentar o risco de intolerância.
Como saber se sou intolerante ao glúten?
Você pode fazer alguns testes para observar como seu corpo reage, por exemplo, corte todos os alimentos com glúten da sua dieta e observe se os sintomas desaparecem. Depois, reintroduza o glúten e veja se os sintomas retornam. Essa prática pode dar uma indicação importante, mas sempre deve ser acompanhada de um profissional.
Preste atenção em como você se sente após consumir pães, massas, biscoitos, entre outros. Se você perceber uma conexão clara entre o consumo de glúten e os sintomas, é um sinal para procurar um médico.
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Como é o diagnóstico?
O diagnóstico da intolerância ao glúten deve ser feito por um médico, geralmente um gastroenterologista. O processo envolve:
1. Histórico médico
O médico perguntará sobre seus sintomas, alimentação e histórico familiar.
2. Exames de sangue
É realizado o exame de intolerância ao glúten, para verificar a presença de anticorpos específicos que podem indicar intolerância.
3. Exclusão de outras condições
Para confirmar a intolerância, é importante descartar outras condições, como a doença celíaca ou alergias alimentares.
4. Exame de biópsia intestinal (em alguns casos)
Em casos mais complicados, o médico pode sugerir uma biópsia intestinal para verificar se há danos na mucosa do intestino.
5. Dieta de exclusão
Após a confirmação inicial, o médico pode sugerir uma dieta sem glúten por um período para avaliar a resposta do corpo.
Alimentos que devem ser evitados por celíacos
A doença celíaca é uma condição autoimune em que o consumo de glúten causa danos ao intestino delgado, por isso, é fundamental que as pessoas com essa doença evitem rigorosamente qualquer alimento que contenha glúten. A lista inclui:
- Trigo: inclui todos os tipos de trigo, como trigo comum, trigo durum, espelta, kamut e trigo bulgur. Qualquer produto que contenha farinha de trigo está fora da dieta;
- Centeio: encontrado em pães, cervejas e outros produtos, o centeio também contém glúten e deve ser evitado;
- Cevada: presente em bebidas como cerveja e malte, a cevada é uma das fontes mais comuns de glúten;
- Aveia contaminada com glúten: a aveia em sua forma pura é naturalmente sem glúten, mas muitas vezes é contaminada com glúten devido ao processamento compartilhado com outros grãos. Por isso, é importante escolher aveia certificada como sem glúten;
- Produtos de panificação: pães, bolos, biscoitos, massas e outros produtos que contêm trigo, centeio ou cevada devem ser evitados;
- Macarrão e massas: muitas massas tradicionais são feitas com trigo, portanto, devem ser excluídas da dieta celíaca;
- Bebidas alcoólicas: cervejas e outros produtos alcoólicos que contêm cevada ou trigo devem ser evitados. Algumas bebidas, como o whisky, podem ser produzidas a partir de cevada, embora a destilação possa remover o glúten;
- Alimentos processados e industrializados: muitos alimentos prontos, como sopas enlatadas, temperos, molhos e carnes processadas, podem conter glúten como espessante ou aditivo. Sempre leia os rótulos atentamente.
Além desses alimentos, é fundamental estar atento a produtos que possam ter traços de glúten devido à contaminação cruzada, como utensílios de cozinha, superfícies e fritadeiras compartilhadas.
A melhor forma de evitar o glúten é sempre verificar os rótulos dos produtos e, quando possível, optar por alimentos frescos e não processados.
Tratamento
O tratamento é essencialmente baseado em uma dieta rigorosa e permanente sem glúten. A eliminação completa de alimentos que contenham trigo, centeio, cevada e seus derivados é o melhor remédio para a intolerância ao glúten, e é fundamental para que o corpo possa se recuperar.
Além da dieta sem glúten, algumas suplementações podem ser indicadas, principalmente para corrigir deficiências nutricionais comuns em pessoas com doença celíaca não tratada.
Um exemplo disso é o uso da vitamina B12. De acordo com um estudo, a deficiência de vitamina B12 é comum em pessoas com a doença celíaca não tratada, e a correção dessa deficiência é fundamental para o bem-estar do paciente.
Outra suplementação que tem mostrado benefícios é o ômega 3. De acordo com pesquisas recentes, os ácidos graxos desempenham um papel importante na modulação de processos inflamatórios e na regulação imunológica.
Em pessoas com doença celíaca, o aumento da permeabilidade intestinal causado pelo glúten pode levar a uma resposta inflamatória, e o ômega 3 pode ajudar a reduzir essa inflamação, promovendo a saúde intestinal e geral.
Além disso, a creatina também tem sido estudada como um possível complemento terapêutico. Embora a creatina seja mais conhecida pelo seu uso em esportes e na melhora do desempenho físico, ela tem mostrado benefícios em condições inflamatórias intestinais, como na doença inflamatória intestinal (DII).
A pesquisa sugere que a creatina pode ajudar a reduzir os sintomas de doenças inflamatórias intestinais, como a colite ulcerativa e a Doença de Crohn, que compartilham mecanismos inflamatórios com a doença celíaca.
Em resumo, o tratamento da intolerância ao glúten é baseado principalmente na eliminação do glúten da dieta, mas também pode envolver suplementações como metilcobalamina, ômega 3 e creatina, que ajudam a corrigir deficiências nutricionais e a reduzir inflamações. Com o acompanhamento adequado, é possível viver de forma saudável e sem os sintomas da intolerância!
Referências
- Low serum vitamin B12 is common in coeliac disease and is not due to autoimmune gastritis - PubMed
- Vitamin B12 deficiency in untreated celiac disease - PubMed
- (PDF) The connection between fatty acids and inflammation in celiac disease; a deep exploring
- Creatine Supplementation for Patients with Inflammatory Bowel Diseases: A Scientific Rationale for a Clinical Trial
- Creatine as a food supplement for the general population - ScienceDirect
Texto escrito por Thais Montin:
Jornalista formada pela Unisinos e estudante de psicologia na Rogue College. Trabalha com comunicação digital desde 2013, escrevendo sobre saúde, bem-estar, moda e muito mais.
Revisado por Joana Mazzochi:
Formada em Administração Empresarial pela UDESC e em Nutrição pela UNIVALI (CRN-10/10934). Além de produzir conteúdo sobre nutrição e saúde, atende pacientes que desejam melhorar a relação com a alimentação.