Atualizado em 18 de Março de 2025
Criado por Suelen Santos da Costa - Nutricionista

Doença celíaca: o que é, sintomas, diagnóstico e tratamento


A doença celíaca é uma condição crônica autoimune que afeta o sistema digestivo, onde a ingestão de glúten – uma proteína encontrada no trigo, cevada, aveia e centeio – desencadeia uma reação inflamatória no intestino delgado.
Essa reação resulta em danos no revestimento intestinal, prejudicando a absorção de nutrientes essenciais. Embora não tenha cura, a doença pode ser gerenciada com o tratamento adequado, que se baseia na eliminação total do glúten da dieta.
Neste guia, vamos explorar os aspectos essenciais da doença celíaca, desde as causas e os sintomas até as formas de diagnóstico e tratamento, além de fornecer dicas práticas para quem vive com ela. Acompanhe para entender como lidar com essa condição de maneira eficaz e saudável!
O que é doença celíaca?
A doença celíaca é uma doença autoimune e crônica em que o sistema imunológico do corpo ataca erroneamente o intestino delgado após a ingestão de glúten. O glúten é uma proteína encontrada em alimentos feitos com trigo, cevada, aveia e centeio.
Quando uma pessoa com doença celíaca consome glúten, ocorre uma reação inflamatória no revestimento do intestino, prejudicando as vilosidades intestinais, responsáveis pela absorção de vitaminas e minerais essenciais para o corpo.
Isso resulta em dificuldades na absorção de nutrientes e pode levar à desnutrição, mesmo com uma dieta normal.
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Causas da doença celíaca
Embora a reação da doença celíaca seja provocada pela ingestão de glúten, as causas da doença são multifatoriais, envolvendo aspectos genéticos, imunológicos e ambientais:
Fatores genéticos
A principal causa da doença celíaca é a predisposição genética. Estudos mostram que a condição ocorre com mais frequência em pessoas que têm parentes próximos com a doença.
A presença de certos genes, especialmente os do tipo HLA-DQ2 e HLA-DQ8, está associada a um risco elevado de desenvolver a doença celíaca. No entanto, mesmo que alguém tenha esses genes, o desenvolvimento da doença não é garantido, indicando a influência de outros fatores.
Fatores imunológicos
A doença celíaca é uma reação do sistema imunológico. Quando uma pessoa com predisposição genética consome glúten e é exposta a fatores desencadeantes (como elevado consumo de glúten, infecções ou alterações hormonais, por exemplo), o sistema imunológico reconhece o glúten como uma ameaça e começa a produzir anticorpos que atacam as células do intestino delgado.
O ataque do sistema imune provoca inflamação e danifica o revestimento intestinal, afetando as vilosidades, que são responsáveis pela absorção de nutrientes essenciais. A lesão intestinal resultante reduz a capacidade do corpo de absorver nutrientes adequadamente, o que pode levar a problemas, como desnutrição e perda de peso.
Fatores ambientais
Embora a predisposição genética seja um fator importante, fatores ambientais também desempenham um papel crucial no desenvolvimento da doença. A exposição ao glúten, especialmente em quantidades altas, pode ser um gatilho para pessoas geneticamente predispostas.
Certos eventos ambientais, como infecções intestinais ou alterações hormonais (por exemplo, na puberdade ou após o parto) também podem desencadear ou agravar a manifestação da doença celíaca. Ainda, a introdução precoce de alimentos com glúten na dieta infantil também tem sido discutida como um fator de risco.
Sintomas de doença celíaca
O que os celíacos sentem quando ingerem glúten ou, até mesmo, ao longo da vida, pode variar conforme a idade da pessoa e a gravidade do dano ao intestino delgado.
Enquanto os sintomas são frequentemente mais evidentes em crianças, muitas vezes, os adultos podem apresentar sinais mais sutis ou inespecíficos. Esses sintomas podem afetar o sistema digestivo, mas também podem se manifestar em outras áreas do corpo. Saiba mais:
Sintomas em crianças
Nos primeiros anos de vida, após a introdução de alimentos com glúten na dieta, as crianças podem começar a mostrar sinais da doença celíaca. Alguns dos sintomas mais comuns incluem:
- distensão abdominal dolorosa: as crianças podem apresentar inchaço no abdômen devido ao excesso de gases;
- fezes volumosas e fétidas: o aspecto das fezes pode mudar, tornando-se mais claras e com um odor forte, o que é conhecido como esteatorreia (fezes gordurosas);
- atraso no crescimento: a má absorção de nutrientes pode resultar em um crescimento mais lento do que o esperado, com crianças parecendo mais fracas, pálidas e com falta de apetite;
- anemia: a deficiência de ferro ou vitamina B12, causada pela absorção inadequada, pode levar à fadiga, fraqueza e palidez;
- edema: a retenção de líquidos pode causar inchaço nos tecidos, particularmente nas pernas e no rosto.
Sintomas em adultos
Nos adultos, os sintomas podem ser mais leves e, muitas vezes, não se limitam ao sistema digestivo. Os sinais mais comuns incluem:
- diarreia crônica: a diarreia é um sintoma frequente - e as fezes podem ter uma aparência gordurosa ou oleosa;
- perda de peso e falta de apetite: a dificuldade de absorção de nutrientes pode levar à perda gradual de peso e a uma diminuição do apetite;
- fraqueza e cansaço: a fadiga é comum devido à desnutrição e à anemia;
- dermatite herpetiforme: aproximadamente 10% das pessoas com doença celíaca desenvolvem uma erupção cutânea característica, com coceira intensa e pequenas bolhas.
Doença celíaca tem cura?
A doença celíaca não tem cura. No entanto, com o tratamento adequado, celíacos podem levar uma vida saudável e sem sintomas.
Como fazer o diagnóstico?
O diagnóstico da doença celíaca é feito através de exames de sangue que detectam anticorpos produzidos pelo corpo em resposta ao glúten. Se esses exames indicarem a presença de anticorpos, é necessário realizar uma biópsia intestinal para verificar os danos no intestino delgado.
No caso da intolerância ao glúten, o diagnóstico geralmente é feito pela exclusão de outras condições e pela observação da melhora dos sintomas após a redução do glúten na dieta.
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Como tratar doença celíaca?
O tratamento para a doença celíaca é eficaz e centrado na eliminação completa do glúten da dieta. Ao remover o glúten, a inflamação diminui, permitindo a recuperação das vilosidades intestinais e restaurando a capacidade de absorção de nutrientes.
Contudo, esse tratamento exige comprometimento vitalício, pois qualquer ingestão de glúten pode desencadear sintomas novamente. Entenda melhor:
Dieta sem glúten
A principal abordagem para controlar a doença celíaca é seguir uma dieta rigorosa sem glúten. Isso implica a eliminação total de alimentos que contenham essa proteína, o que pode ser desafiador, pois o glúten está presente em uma vasta gama de produtos alimentícios, incluindo:
- pães, torradas, biscoitos, bolos, muffins;
- massas, como macarrão, espaguete, lasanha, gnocchi;
- cerveja, gim, uísque, vodka;
- molhos, como ketchup, molho branco, maionese, molho de soja, mostarda, molho inglês;
- alimentos fritos, lanches processados, alimentos enlatados.
A resposta a essa dieta é rápida, e muitos pacientes observam uma melhora significativa nos sintomas em apenas uma a duas semanas.
Suplementos vitamínicos e minerais
A deficiência de nutrientes é uma preocupação comum em pessoas com doença celíaca, devido à má absorção causada pela inflamação no intestino delgado. Para corrigir essas deficiências, a suplementação de vitaminas e minerais, como ácido fólico, ferro, vitamina B12 e cálcio, costuma ser necessária.
Suplementos, como ômega 3, magnésio e glutamina, também podem ser recomendados, pois ajudam a reduzir a inflamação intestinal, melhorar a função digestiva e apoiar a recuperação do intestino danificado.
É essencial que esses suplementos sejam indicados por um médico ou nutricionista especializado. A suplementação sem a devida orientação pode resultar em doses inadequadas ou interações prejudiciais com outros tratamentos.
Após o início da dieta sem glúten, é comum que o médico solicite exames de acompanhamento, como biópsias, para monitorar a recuperação do intestino e, se necessário, ajustar o tratamento.
Qual a diferença entre doença celíaca e intolerância a glúten?
Embora a doença celíaca e a intolerância ao glúten compartilhem alguns sintomas, como diarreia, inchaço e desconforto abdominal, elas são condições distintas, com causas, consequências e tratamentos diferentes.
Como explicado, a doença celíaca é uma condição autoimune grave, onde o sistema imunológico do corpo reage ao glúten – uma proteína presente no trigo, cevada, aveia e centeio.
Quando uma pessoa com doença celíaca consome glúten, o sistema imunológico ataca as células do intestino delgado, danificando o revestimento intestinal. Isso pode levar a complicações sérias, como desnutrição, perda de peso, anemia e problemas ósseos.
O tratamento da doença celíaca exige a eliminação total do glúten da dieta, pois, até mesmo pequenas quantidades, pode causar danos ao intestino.
Já a intolerância ao glúten, por outro lado, não envolve uma resposta autoimune e não causa danos permanentes ao intestino. Trata-se de uma sensibilidade ao glúten que resulta em sintomas desconfortáveis, como diarreia, inchaço e dor abdominal.
A diferença é que, na intolerância ao glúten, o corpo não ataca o intestino, e os sintomas tendem a ser menos graves e temporários em comparação com a doença celíaca.
Para quem tem intolerância, o alívio pode ser alcançado com a redução do consumo de glúten, sem a necessidade de sua eliminação total, como ocorre no tratamento da doença celíaca.
Complicações da doença celíaca
A doença celíaca pode levar a uma série de complicações graves se não for tratada adequadamente. A principal complicação está associada à ingestão contínua de glúten, que pode causar danos ao intestino delgado e prejudicar a absorção de nutrientes essenciais para o corpo.
Além disso, existem outras condições associadas à doença celíaca que podem afetar a saúde a longo prazo, como aumento do risco de câncer e problemas de fertilidade.
Em alguns casos, mesmo com a exclusão do glúten da dieta, os sintomas podem persistir. Isso pode indicar que o diagnóstico inicial foi incorreto ou que a condição evoluiu para uma forma mais grave chamada doença celíaca refratária.
Nesse estágio, o tratamento com medicamentos corticosteroides, como a prednisona, pode ser necessário para controlar a inflamação e ajudar na recuperação.
Dicas para lidar com a doença celíaca
A vida de quem tem a doença celíaca exige algumas adaptações, especialmente em relação à alimentação. Com cuidados adequados, é possível manter uma boa qualidade de vida. Algumas dicas incluem:
- ler sempre os rótulos dos alimentos;
- evitar alimentos fritos e molhos com glúten;
- carregar seus próprios produtos alimentícios quando sair de casa;
- substituir farinhas com glúten por alternativas seguras;
- preparar alimentos em locais livres de contaminação;
- consultar regularmente médicos e nutricionistas.
Essas medidas, combinadas com a adesão estrita à dieta sem glúten, são fundamentais para garantir uma vida saudável e sem complicações para quem tem a doença celíaca.
Conteúdo escrito pela nutricionista Suelen Santos da Costa, CRN10 7816. Suelen é graduada pela Universidade Federal de Pelotas e possui Pós-Graduação em Nutrição Clínica Funcional pela VP Centro de Nutrição Funcional.