Atualizado em 19 de Março de 2025
Criado por Suelen Santos da Costa - Nutricionista

Dieta para diabetes gestacional: o que comer e o que evitar

A dieta para diabetes gestacional é uma ferramenta crucial para o controle eficaz da condição e para a saúde da mãe e do bebê. Manter a glicemia sob controle é essencial para minimizar os riscos associados a essa condição.
A inclusão de alimentos ricos em fibras, como cereais integrais, vegetais e frutas, ajuda a regular a absorção de carboidratos e a estabilizar os níveis de açúcar no sangue. Esses alimentos promovem um equilíbrio glicêmico que reduz a probabilidade de complicações durante a gestação.
Por outro lado, a ingestão de alimentos com alto índice glicêmico, como batata, arroz branco, macarrão branco, sorvete e bolos, deve ser evitada, principalmente sem controle da carga glicêmica.
Esses alimentos podem causar picos nos níveis de glicose, o que pode levar a problemas sérios, como parto prematuro, pré-eclâmpsia e riscos cardíacos para o bebê.
No conteúdo a seguir, você encontrará orientações detalhadas sobre a melhor alimentação para diabetes gestacional, com dicas práticas e informações essenciais para uma gestação saudável.
O que é diabetes gestacional?
A diabetes gestacional é um tipo de diabetes que se desenvolve durante a gravidez em mulheres que, antes desse período, não apresentavam sinais da doença. Durante a gestação, o corpo passa por alterações hormonais e fisiológicas que podem levar a um aumento nos níveis de glicose no sangue.
Em algumas gestantes, o corpo não consegue produzir ou utilizar a quantidade necessária de insulina, o hormônio responsável por regular os níveis de açúcar no sangue. Isso resulta em hiperglicemia, um aumento anormal do açúcar no sangue, o que causa diabetes gestacional.
No entanto, ao contrário do que muitos pensam, o diabetes gestacional não é somente determinada pelos hábitos maternos, mas também por uma predisposição genética e um estado de resistência à insulina durante a gravidez, que é influenciado por vários hormônios placentários.
Nesse contexto, a realização de um teste genético pode ser útil para identificar a predisposição genética para diabetes gestacional.
É importante monitorar e tratar a diabetes gestacional, já que níveis elevados de glicose no sangue durante a gravidez podem ser prejudiciais para a mãe e o bebê. Geralmente, a condição pode ser controlada com mudanças na dieta, exercícios e, em alguns casos, medicação prescrita pelo médico.
Quais os sintomas de diabetes gestacional?
Os sintomas de diabetes gestacional podem ser sutis ou até mesmo inexistentes, o que torna o rastreamento durante o pré-natal uma prática crucial para identificar a condição. No entanto, alguns sinais de diabetes gestacional que podem ser observados incluem:
- aumento da sede e micção frequente;
- fadiga;
- aumento de peso excessivo;
- infecções recorrentes;
- visão embaçada.
É importante ressaltar que muitas mulheres com o problema não apresentam sintomas evidentes. Por isso, testes de triagem durante o pré-natal são fundamentais para o diagnóstico de diabetes gestacional e para monitorar a condição.
Por que é importante reconhecer os sintomas?
A diabetes gestacional pode acarretar diversos riscos tanto para a mãe quanto para o bebê quando não diagnosticada e tratada adequadamente.
Riscos para a mãe:
- pré-eclâmpsia;
- diabetes tipo 2;
- complicações durante o parto.
Riscos para o bebê:
- macrossomia fetal;
- hipoglicemia neonatal;
- problemas respiratórios;
- risco aumentado de obesidade e desenvolvimento de diabetes tipo 2.
Por isso, o diagnóstico precoce e o manejo adequado são essenciais para reduzir esses riscos da diabetes gestacional e garantir a saúde da mãe e do bebê.
O que comer no diabetes gestacional?
Para gerenciar o diabetes gestacional de forma eficaz, fazer boas escolhas para a alimentação na gravidez é crucial. Aqui estão as orientações e sugestões sobre o que incluir na sua dieta:
Alimentos recomendados:
- cereais integrais: opte por cereais integrais, como arroz integral, pão integral, quinoa, amaranto, aveia e milho. Esses alimentos são ricos em fibras e têm um impacto menor na glicemia;
- frutas frescas: consuma de 2 a 3 porções de frutas por dia, preferencialmente cruas e com casca e bagaço. Algumas boas opções incluem banana, laranja, pera, melancia, maçã, tangerina, ameixa e morango. Você pode complementar o consumo com aveia ou chia para baixar a carga glicêmica;
- vegetais: é recomendado ingerir de 2 a 3 porções de vegetais diariamente. Escolha alface, tomate, berinjela, aipo, rúcula, cebola, vagem, cenoura, brócolis e abobrinha. As verduras e legumes são excelentes fontes de vitaminas e minerais essenciais, além de conterem fibras;
- carnes magras: prefira carnes magras e sem gordura aparente, como peixes, frutos do mar, frango, ovo, peru, tofu e cortes magros de carne bovina. Essas opções fornecem proteínas de alta qualidade sem sobrecarregar a dieta com gordura;
- leguminosas: inclua na sua dieta leguminosas, como soja, grão-de-bico, feijão, lentilha e ervilha. Elas são ricas em proteínas e fibras, ajudando a manter a saciedade e controlar a glicemia;
- oleaginosas: adicione oleaginosas à sua alimentação, como castanha-de-caju, amendoim, nozes, avelãs e amêndoas. São alimentos com gorduras boas e saudáveis e podem ser um ótimo lanche;
- laticínios com pouca gordura: escolha laticínios com baixo teor de gordura, como leite desnatado, iogurte natural desnatado e queijos brancos, como ricota, minas ou cottage;
- gorduras saudáveis: prefira gorduras saudáveis, como azeite, óleo de abacate e óleo de linhaça. Elas são importantes para a saúde cardiovascular e ajudam a manter o equilíbrio das gorduras no organismo;
- sementes: consuma sementes, como chia, linhaça, gergelim, abóbora e girassol. Elas são ricas em fibras e ácidos graxos essenciais.
Dicas adicionais:
- distribuição dos carboidratos: é fundamental distribuir os carboidratos entre todas as refeições ao longo do dia, evitando grandes quantidades em uma única refeição. Prefira carboidratos complexos e com baixo índice glicêmico, presentes em pães integrais, cereais com alto teor de fibras, frutas, verduras e legumes;
- fibras: consuma diariamente 25 a 30 gramas de fibras, encontradas em frutas, verduras, legumes, farelos de aveia e cevada, além de leguminosas. As fibras ajudam a controlar a glicemia e proporcionam maior saciedade;
- refeições frequentes: realize de 5 a 6 refeições por dia, incluindo a ceia, para evitar a cetose matinal e a hipoglicemia. Isso ajuda a manter os níveis de açúcar no sangue estáveis;
- peixes: consuma peixes assados ou cozidos, pelo menos, uma vez por semana.Eles são ricos em ácidos graxos ômega 3, que podem reduzir riscos cardiovasculares. Recomenda-se o consumo de duas ou mais porções de peixes por semana, evitando os fritos.
Seguindo essas orientações e mantendo uma alimentação equilibrada, é possível gerenciar o diabetes gestacional de forma eficaz, garantindo a saúde e o bem-estar tanto da mãe quanto do bebê.
O que a gestante com diabetes não pode comer?
Na dieta para gestante com diabetes, é fundamental evitar certos alimentos que podem elevar os níveis de glicose no sangue e comprometer sua saúde. Aqui estão as principais categorias de alimentos a serem evitados:
Alimentos ricos em açúcar
Evite alimentos e bebidas que contenham grandes quantidades de açúcar, como:
- doces e guloseimas: sorvetes, chocolates, geleias e rapaduras;
- bebidas adoçadas: refrigerantes, sucos de caixinha e sucos com adição de açúcar;
- produtos de panificação: bolos, biscoitos recheados e outras sobremesas açucaradas.
O consumo excessivo de açúcar pode causar picos de glicemia e dificultar o controle do diabetes gestacional. Substitua esses itens por adoçantes artificiais seguros e de preferência naturais, como taumatina e stévia.
Carnes processadas
Reduza ou evite o consumo de carnes processadas, que são ricas em sódio e gorduras saturadas. Exemplos incluem:
- presunto;
- salsicha;
- bacon;
- carne seca;
- salame.
Esses alimentos podem contribuir para o aumento da pressão arterial e piorar o perfil metabólico.
Farináceos e outros carboidratos de alto índice glicêmico
Os alimentos com alto índice glicêmico podem causar aumentos rápidos nos níveis de açúcar no sangue. Evite:
- pães e cereais refinados: pão branco, cereais matinais e bolos;
- tubérculos e frutas: batata, melão e tapioca.
Alimentos ricos em gordura
O consumo excessivo de gorduras pode comprometer a saúde cardiovascular, que é um fator de risco associado ao aumento dos níveis de glicose. Por isso, é importante evitar:
- frituras: batata frita, frango frito, e similares;
- alimentos gordurosos: banha de porco, leite e iogurte integrais, queijos amarelos e molhos prontos;
- produtos processados: pizza, hambúrgueres e alimentos congelados prontos.
Opte por preparações assadas, cozidas ou grelhadas, e prefira gorduras saudáveis, como azeite de oliva.
Alimentos ricos em sal
O consumo excessivo de sal pode levar a problemas de pressão arterial e retenção de líquidos, fatores de risco associados e que podem piorar o tratamento para diabetes gestacional. Evite:
- alimentos processados e embutidos: presunto, mortadela, salsicha, bacon, e macarrão instantâneo;
- temperos prontos e enlatados: caldos prontos, molhos e alimentos enlatados como milho e ervilha.
Use sal com moderação e prefira temperos naturais, como ervas frescas e especiarias.
Sucos naturais e frutas desidratadas
Embora os sucos naturais e as frutas desidratadas possam parecer saudáveis, eles frequentemente têm um alto índice glicêmico e podem elevar os níveis de glicose no sangue. Prefira frutas frescas e consuma-as com moderação, integrando-as de forma equilibrada na sua dieta.
Cardápio para diabetes gestacional
A seguir, oferecemos um exemplo de cardápio diário para pessoas que estão sofrendo com a condição. A dieta para grávida com diabetes gestacional foi projetada para equilibrar os níveis de glicose no sangue, proporcionando uma alimentação nutritiva e variada.
É importante ressaltar que um nutricionista deve ajustar o cardápio de acordo com suas necessidades específicas e preferências alimentares, garantindo que a dieta seja adequada e sustentável para você. Confira abaixo o guia:
DIA | Café da manhã | Almoço | Lanche da tarde | Jantar |
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Segunda-feira |
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Terça-feira |
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Quarta-feira |
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Quinta-feira |
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Sexta-feira |
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Sábado |
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Domingo |
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Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico de diabetes gestacional é comumente realizado por meio de testes durante o pré-natal. Existem diferentes métodos utilizados, mas geralmente incluem um teste de triagem inicial. Esse teste envolve o consumo de uma bebida com uma concentração específica de glicose. Após 1 hora, é feita uma análise do nível de açúcar no sangue.
Se o resultado do teste de triagem inicial for alto, é comum realizar um teste de tolerância à glicose oral. Este teste envolve o jejum e a ingestão de uma bebida com uma maior concentração de glicose. O sangue é coletado antes e em intervalos posteriores para medir como o corpo processa o açúcar ao longo do tempo.
Se diagnosticada com diabetes gestacional, a mulher é aconselhada a monitorar os níveis de glicose e fazer ajustes na dieta. Em alguns casos, pode ser necessária a administração de insulina como tratamento para diabetes gestacional. Ela vai garantir que os níveis de glicose permaneçam dentro dos limites seguros durante a gravidez.
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O controle glicêmico durante a gestação
Agora que você conhece um exemplo de dieta para gestantes com diabetes gestacional, é importante entender como acompanhar o controle glicêmico. Monitorar regularmente os níveis de glicose no sangue é crucial para a gestão eficaz da condição. Entenda mais sobre esse processo:
1. Importância do controle glicêmico
Manter os níveis de glicose no sangue dentro da faixa recomendada ajuda a prevenir complicações durante a gestação. Isso inclui a redução do risco de macrossomia (quando o bebê é muito grande para a idade gestacional), hipertensão, e outras condições associadas à diabetes gestacional.
O controle adequado da glicemia também pode contribuir para um parto mais seguro e uma recuperação mais rápida após o nascimento.
2. Uso do glicosímetro
O glicosímetro é um dispositivo utilizado para medir os níveis de glicose no sangue. O procedimento para utilizar o aparelho inclui:
- preparação: lave bem as mãos com água e sabão ou passe álcool e seque completamente;
- teste: utilize uma lanceta para furar a lateral do dedo e obtenha uma gota de sangue. Coloque a gota na fita do glicosímetro.
3. Frequência dos testes
Os horários dos testes devem seguir as orientações da equipe de saúde. Em geral, recomenda-se verificar a glicemia antes das refeições e antes de dormir para obter uma visão completa dos níveis de glicose ao longo do dia.
4. Registro dos resultados
Manter um diário de glicemia é crucial. Anote cada resultado de forma precisa, incluindo a data e a hora do teste. Esse registro ajuda a monitorar tendências e a ajustar o tratamento, se necessário. Durante as consultas de pré-natal, o diário fornece informações valiosas para o acompanhamento da saúde materno-fetal.
5. Atenção aos valores do glicosímetro
O aparelho pode mostrar indicações como:
- HI: glicemia acima de 600 mg/dL (valores podem variar conforme a marca do aparelho);
- LO: glicemia abaixo de 10 mg/dL (valores podem variar conforme a marca do aparelho).
Se você observar essas indicações, consulte sua equipe de saúde imediatamente.
6. Procedimento de medição
Siga estas etapas para garantir uma medição precisa:
- verifique se a data, a hora e o código do visor do aparelho estão corretos e correspondem ao da caixa de fitas;
- lave e seque bem as mãos ou passe álcool e espere secar;
- fure a lateral do dedo com a lanceta;
- aplique a gota de sangue na fita de teste;
- descarte a lanceta e a fita usada em um frasco de plástico rígido;
- registre o valor da glicemia no diário;
- alterne os dedos utilizados para os testes para evitar desconforto.
A adesão a essas práticas ajuda a manter um controle eficaz da glicose e promove uma gestação mais saudável.
Referências
Conteúdo escrito pela nutricionista Suelen Santos da Costa, CRN10 7816. Suelen é graduada pela Universidade Federal de Pelotas e possui Pós-Graduação em Nutrição Clínica Funcional pela VP Centro de Nutrição Funcional.