Entenda tudo sobre a fertilidade masculina
A infertilidade se define como a incapacidade de um casal conceber após 12 meses de tentativas de reprodução sem proteção. Cerca de 15% dos casais enfrentam esse desafio, sendo que, entre eles, a infertilidade masculina contribui para aproximadamente 50% a 60% dos casos.
A fertilidade masculina pode ser comprometida por uma variedade de distúrbios, que englobam desde anomalias anatômicas, fatores genéticos, doenças, infecções e exposição a substâncias tóxicas. Entender o que causa e como aumentar a fertilidade masculina é muito importante para o casal que deseja engravidar.
Fatores que influenciam a fertilidade masculina
Espermatogênese é o nome do processo que ocorre nos órgãos reprodutores masculinos e resulta na formação dos espermas, responsáveis pela fecundação no organismo feminino e formação do feto.
São várias as estruturas e células presentes no processo de formação dos espermas e existe uma ampla variedade de fatores que podem influenciar na sua quantidade e qualidade - o que determinará a fertilidade masculina.
1. Idade
Com o avanço da idade, estudos apontam que há redução do volume e da motilidade dos espermas, aumento da percentagem de espermatozóides com morfologia anormal presentes no espermograma, além da diminuição do volume testicular.
Dessa forma, homens com idade avançada, aproximadamente a partir dos 50 anos, terão comprometimento da fertilidade masculina.
2. Genética
Fatores genéticos desempenham um papel significativo na fertilidade masculina e há uma crescente identificação de anormalidades genéticas associadas à infertilidade
Entre os três fatores genéticos mais comuns relacionados à fertilidade masculina estão as anormalidades cromossômicas, mutações gênicas e microdeleções do cromossomo Y.
Na população de homens inférteis, a incidência de alterações cromossômicas varia de 6 a 7%. Destaca-se a síndrome de Klinefelter como a anormalidade cromossômica mais frequente, afetando de 7 a 13% dos homens inférteis, com diferentes graus de comprometimento da produção de espermas.
Alterações estruturais que envolvem cromossomos sexuais também desempenham um papel relevante. A frequência de translocações em homens inférteis é aproximadamente de 5 a 10%, representando uma chance dez vezes maior em comparação com homens férteis, de acordo com a pesquisa.
3. Hábitos de vida
Cultivar hábitos de vida saudáveis é extremamente importante para manter a qualidade da produção de espermas e a fertilidade masculina. O hábito de fumar e o consumo crônico de álcool têm impactos significativos na função sexual e reprodutiva masculina de várias maneiras.
Estudos indicam que o tabagismo influencia negativamente a qualidade do sêmen, resultando na redução da densidade, motilidade e até mesmo na morfologia dos espermatozoides. A concentração de espermatozoides pode diminuir em cerca de 22%, dependendo da quantidade de cigarros consumidos.
No caso do consumo crônico de álcool, observa-se uma associação com a redução do diâmetro dos túbulos seminíferos, por onde passam os espermas, e do epitélio germinativo, que produz e armazena a secreção expelida na ejaculação.
Além disso, há um aumento no número de espermatozóides com morfologia alterada e motilidade comprometida. Entre os homens que consomem álcool, cerca de 58% podem apresentar alguma forma de disfunção da fertilidade masculina, como impotência, atrofia testicular e diminuição do interesse sexual.
Saiba mais sobre
NAC
A N-acetilcisteína, ou NAC, é uma forma acetilada do aminoácido cisteína. Como medicamento, a Acetilcisteína é reconhecida por seu papel no tratamento de condições respiratórias como bronquite, pneumonia, enfisema e fibrose cística, ajudando a dissolver o muco. Já como suplemento alimentar, o NAC é utilizado por seus diversos benefícios à saúde, incluindo a ação antioxidante.
Importância dos hormônios na fertilidade masculina
A saúde do corpo impacta diretamente na correta produção hormonal, que trabalha na formação de espermatozóides e, portanto, tem relação direta com a boa fertilidade masculina.
Tudo começa no hipotálamo, uma glândula localizada no interior do cérebro, responsável por produzir hormônios com diversas funções importantes para o organismo, dentre elas, a regulação da produção de espermatozóides e da fertilidade masculina.
O hipotálamo é responsável por produzir o chamado GnRH, que é o hormônio regulador das gonadotrofinas (testículos). Esse GnRH irá atuar na hipófise, outra glândula localizada na base do cérebro, que, a partir desse estímulo, passará a produzir outros dois hormônios: o LH e o FSH.
Ambos os hormônios LH e FSH irão atuar diretamente nos testículos. Enquanto o LH irá estimular a conversão de colesterol no hormônio testosterona, o FSH, juntamente à testosterona recém formada, irão ativar o processo de produção de espermatozóides - a chamada espermatogênese.
Todo esse processo é meticulosamente controlado por essa cascata de hormônios. Quando há um aumento da testosterona no sangue, o início do processo é interrompido através da pausa do hipotálamo em produzir GnRH, ao mesmo ponto que isso levará à uma queda da testosterona, ativando novamente o hipotálamo a reiniciar o processo.
Essa cascata hormonal ocorre em ciclos e está o tempo todo funcionando para proporcionar a fertilidade masculina.
Caso haja um problema em algum desses hormônios envolvidos no processo, haverá um comprometimento da fertilidade masculina.
Problemas comuns de fertilidade em homens
Existem diversos problemas que comprometem a fertilidade masculina, como é o caso das Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) - como clamídia, gonorréia e ureaplasma - podem causar danos ao sistema reprodutor masculino e reduzir a qualidade e quantidade de espermatozoides produzidos.
A prostatite também é uma infecção comum, porém não de caráter sexualmente transmissível, mas que acomete o sistema reprodutor masculino, obstruindo a próstata e impedindo a passagem do sêmen.
O câncer de próstata é uma doença grave que acomete a fertilidade masculina. A próstata é uma pequena glândula responsável pela produção do líquido seminal e transporte dos espermatozóides. Seu diagnóstico não apenas provoca infertilidade, como é o segundo tipo de câncer com maior número de óbitos registrados.
Outra doença que afeta muito a fertilidade masculina, é a varicocele. Uma condição onde as veias dos testículos apresentam dilatação anormal e, com isso, há um prejuízo no retorno do sangue, aumentando a temperatura da região e afetando a qualidade dos espermatozóides.
A impotência sexual também é uma condição que afeta muitos homens e compromete a fertilidade masculina. Ela acontece quando o homem não consegue realizar ou manter a ereção e, portanto, não consegue concretizar o ato da reprodução. As causas da impotência sexual são diversas e vão desde aspectos físicos à psicológicos.
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Tratamento para infertilidade masculina
É possível diagnosticar a infertilidade por meio do exame de fertilidade masculina, que faz uma análise da qualidade do sêmen. Seminogramas de homens com infertilidade podem revelar muitas condições anormais, como:
- azoospermia (ausência de espermatozoides);
- oligospermia (diminuição do número de espermatozoides);
- teratozoospermia (baixo número de espermatozoides com morfologia normal);
- astenozoospermia (diminuição da velocidade espermática);
- necrospermia (ausência de vitalidade nos espermatozoides).
Dentre as condições masculinas passíveis de correção, os tratamentos incluem:
- uso de medicamento para combater infecções e corrigir desequilíbrios hormonais;
- intervenções cirúrgicas para reverter quadros onde o problema está na anatomia, como é o caso da varicocele;
- reprodução assistida;
- mudanças no estilo de vida, como parar de fumar e evitar o consumo de álcool;
- auxílio psicológico, para casos com fundo emocional diagnosticado.
Suplementos para melhorar a fertilidade masculina
A fertilidade masculina é multifatorial e envolve desde aspectos anatômicos, genéticos, hormonais e psicológicos.
Atualmente, a possibilidade de utilizar suplementos para fertilidade masculina e até vitaminas para disfunção erétil tem levado pesquisadores a estudar cada vez mais sobre o assunto. Nesse sentido, os suplementos que mais se destacam, são:
NAC
O suplemento N-acetil L-cisteína (NAC) é um potente antioxidante capaz de inibir a apoptose (morte natural) dos espermatozóides dentro dos túbulos seminíferos e produzir um composto chamado glutationa reduzida (GSH), capaz de atuar contra os radicais livres que prejudicam a fertilidade masculina.
Em virtude destas funções, diversos estudos * * têm apontado o uso do suplemento NAC como um potencial coadjuvante no tratamento e manutenção da fertilidade masculina.
Coenzima Q10
Outro suplemento que demonstra bons resultados no contexto da fertilidade masculina é a Coenzima Q10.
Estudos sugerem que a Coenzima Q10 pode melhorar a qualidade e a mobilidade dos espermatozoides. Isso ocorre porque ela ajuda a aumentar a energia disponível e pode ajudar na proteção dos espermatozoides contra os danos causados pelos radicais livres, potencialmente aumentando as chances de concepção.
Ômega - 3
A suplementação de ômega 3 tem sido associada a benefícios significativos na fertilidade masculina.
Um estudo de revisão sistemática mostrou que o ômega 3 pode melhorar a qualidade do esperma, incluindo a concentração, motilidade e morfologia dos espermatozoides. Isso se deve à sua capacidade de integrar-se às membranas espermáticas, aumentando sua fluidez e função.
Em suma, a fertilidade masculina é um aspecto crucial da saúde do homem que pode ser influenciado por diversos fatores, incluindo dieta, estilo de vida e suplementação. Cuidar de todos esses aspectos é essencial, especialmente para os homens que desejam ter filhos. O sucesso da concepção depende muito da saúde masculina também.
Referências
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Coenzyme Q10 and Male Infertility: A Systematic Review. Antioxidants (Basel, Switzerland), 10(6), 874. https://doi.org/10.3390/antiox10060874 - The influence of omega-3 fatty acids on semen quality markers: a systematic PRISMA review
Texto escrito por Joana Mazzochi, formada em Administração Empresarial pela UDESC e em Nutrição pela UNIVALI (CRN-10/10934). Além de produzir conteúdo sobre nutrição e saúde, atende pacientes que desejam melhorar a relação com a alimentação.
Texto revisado por Rafaela Fürst Galvão, nutricionista graduada pela Unisul (CRN-10: 11807) e publicitária graduada pela ESPM-SUL. Desenvolve projetos de comunicação e produção de conteúdo para a área da saúde desde 2016.