Atualizado em Dezembro de 2024
Criado por Suelen Santos da Costa - Nutricionista
Transtorno bipolar: o que é, sintomas, causas e tratamento
O transtorno bipolar, conhecido por suas intensas oscilações de humor, pode parecer um desafio imenso, mas avanços na ciência têm trazido novas perspectivas para o controle dessa condição.
Além dos tratamentos tradicionais, alternativas naturais, como o uso de ômega 3, estão ganhando espaço como aliados no equilíbrio emocional e na saúde mental.
Se você busca entender mais sobre o que é essa condição, quais os seus sintomas, causas e as opções de tratamento, como integrar novos hábitos ao dia a dia e explorar o papel do ômega 3 no controle do transtorno bipolar, continue lendo.
O que é o transtorno bipolar?
O transtorno bipolar, anteriormente conhecido como psicose maníaco-depressiva, é um distúrbio de saúde mental caracterizado por mudanças extremas no humor, energia e comportamento.
Ele se manifesta por meio de ciclos de episódios de mania (ou hipomania, que é uma forma menos intensa), depressão e, em alguns casos, períodos de estabilidade emocional. Entenda melhor:
- mania: estado de euforia extrema, excesso de energia e autoconfiança desproporcional. Pode incluir comportamentos impulsivos, como gastos excessivos, aumento da atividade sexual ou decisões de risco;
- depressão: episódio marcado por tristeza profunda, perda de interesse em atividades, baixa energia e, em casos graves, pensamentos suicidas.
Tipos de transtorno bipolar
O transtorno bipolar apresenta diferentes variações, classificadas de acordo com a intensidade dos sintomas e os padrões de mudanças de humor. Essas categorias ajudam a entender melhor as manifestações da doença e a direcionar o tratamento adequado. Confira os principais tipos de bipolaridade:
Bipolaridade tipo 1
Esse é o tipo mais severo e clássico do transtorno bipolar, caracterizado por episódios predominantes de mania ou hipomania, ocorrendo com maior frequência do que os episódios depressivos. Esses episódios maníacos podem incluir:
- excesso de energia e euforia;
- comportamentos impulsivos e arriscados;
- alterações graves no julgamento e nas relações sociais.
Bipolaridade tipo 2
O tipo II é definido pela presença de episódios de hipomania (uma forma mais branda de mania) alternados com períodos de depressão severa. A hipomania, embora menos grave, pode incluir:
- sensação de otimismo e energia elevada;
- fala acelerada e maior criatividade;
- impulsividade, mas sem prejuízos extremos à funcionalidade.
A depressão é predominante nesse tipo, trazendo consequências significativas para o bem-estar do paciente. No entanto, os sintomas maníacos não chegam à gravidade observada no transtorno bipolar tipo I.
Transtorno ciclotímico
O transtorno ciclotímico é a forma mais leve do transtorno bipolar, caracterizada por oscilações crônicas entre sintomas de hipomania e depressão leve. Essas alterações podem ser frequentes e rápidas, ocorrendo até mesmo em um único dia.
Apesar de menos intensas, as mudanças de humor podem interferir na rotina, sendo frequentemente confundidas com traços de personalidade instável.
Transtorno bipolar não especificado
Nesse caso, o paciente apresenta sintomas que sugerem transtorno bipolar, mas que não atendem aos critérios necessários para os tipos I, II ou ciclotímico. Esses episódios podem ser menos frequentes ou de duração insuficiente, dificultando a classificação precisa.
Transtorno bipolar induzido por substância ou medicamento
Esse tipo de transtorno bipolar ocorre devido ao uso ou abstinência de substâncias químicas ou medicamentos, como corticoides e anfetaminas, que podem desencadear sintomas semelhantes à condição. É essencial estabelecer a relação direta entre a substância e o início dos sintomas para um diagnóstico correto.
Transtorno bipolar devido a outra condição médica
Quando os sintomas bipolares são uma consequência direta de condições médicas subjacentes, como:
- doença de Cushing;
- esclerose múltipla;
- acidente vascular cerebral (AVC);
- traumatismos cerebrais.
Nesse caso, o tratamento deve incluir o manejo da condição médica de base para aliviar os sintomas bipolares.
Sinais e sintomas de transtorno bipolar
Os sintomas e sinais de bipolaridade dependem da fase em que a pessoa se encontra:
Mania ou hipomania:
- autoestima inflada ou sensação de grandiosidade;
- fala excessiva ou acelerada;
- facilidade em se distrair;
- redução da necessidade de sono;
- comportamentos de risco, como gastos descontrolados ou envolvimento em situações perigosas.
Depressão:
- sentimentos de tristeza, vazio ou desesperança;
- falta de energia e motivação;
- dificuldade em concentrar-se ou tomar decisões;
- distúrbios de sono (insônia ou sono excessivo);
- pensamentos de morte ou suicídio.
Como começa o transtorno bipolar?
Inicialmente, o transtorno bipolar aparece com um episódio maníaco ou depressivo, que pode ser precipitado por um evento estressante ou mudanças na rotina. Um episódio de mania geralmente aparece de forma súbita, podendo durar semanas ou meses. Após o primeiro episódio, o risco de recorrência é alto, com cerca de 90% das pessoas apresentando novos episódios ao longo da vida.
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Quais as causas?
Embora as causas exatas da bipolaridade ainda não sejam completamente conhecidas, diversos fatores biológicos, genéticos e ambientais estão associados ao desenvolvimento desse distúrbio.
Essas variáveis ajudam a explicar como começa o transtorno bipolar e por que algumas pessoas são mais vulneráveis ao problema. Saiba mais:
Alterações no cérebro e neurotransmissores
Pesquisas apontam que o transtorno bipolar está relacionado a alterações em áreas específicas do cérebro, além de desequilíbrios nos níveis de neurotransmissores, como:
- noradrenalina e serotonina, que regulam o humor;
- dopamina, associada à motivação e ao prazer.
Esses desequilíbrios interferem na comunicação entre as células nervosas, afetando a regulação emocional e o comportamento do indivíduo.
Fatores genéticos e hereditariedade
A predisposição genética desempenha um papel importante no início do transtorno bipolar. Pessoas com histórico familiar de transtornos de humor têm maior probabilidade de desenvolver a condição.
Apesar disso, a hereditariedade não é um fator determinante, pois nem todos os indivíduos geneticamente predispostos manifestam os sintomas.
Eventos desencadeantes
Embora a genética e a biologia sejam fatores significativos, certos eventos podem atuar como gatilhos para o surgimento do transtorno bipolar em indivíduos predispostos. Entre eles:
- estresse prolongado: situações de pressão emocional intensa ou eventos traumáticos;
- puerpério: alterações hormonais e emocionais no período pós-parto;
- episódios depressivos frequentes ou precoces: que podem evoluir para ciclos de mania e depressão;
- uso de substâncias estimulantes: como anfetaminas, anorexígenos e cocaína.
Condições médicas e medicamentos
Algumas condições de saúde e tratamentos podem contribuir para o aparecimento de episódios bipolares, incluindo:
- disfunções da tireoide, como hipertireoidismo e hipotireoidismo, que afetam o humor e a energia;
- doenças hormonais ou metabólicas, como a doença de Cushing;
- uso de medicamentos específicos, como corticoides, que podem desencadear episódios maníacos.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico do transtorno bipolar é um processo clínico que requer uma análise detalhada da história do paciente, seus sintomas e possíveis fatores externos. Ferramentas e avaliações médicas ajudam a determinar o quadro e a excluir outras condições:
Diagnóstico clínico, avaliação psiquiátrica e ferramentas de triagem
O diagnóstico do transtorno bipolar é baseado nos critérios estabelecidos por manuais médicos, como o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais). Para isso, o médico psiquiatra analisa:
- relatos do paciente: descrição dos episódios de mania, hipomania ou depressão;
- informações de familiares ou amigos próximos: eles ajudam a identificar alterações de comportamento que o paciente pode não perceber;
- padrões de humor: duração, frequência e impacto dos sintomas no cotidiano.
Além disso, o médico analisa:
- histórico de medicamentos: verifica se algum remédio pode estar contribuindo para os sintomas;
- estilo de vida e estresse: eventos traumáticos ou mudanças importantes na rotina podem desencadear sintomas bipolares;
- pensamentos suicidas: avaliados para garantir a segurança do paciente durante o diagnóstico.
Os episódios maníacos ou depressivos não podem ser atribuídos a outros transtornos mentais, uso de substâncias ou condições médicas para que o diagnóstico seja concluído.
Questionários padronizados, como os testes de humor, podem auxiliar o médico a identificar sinais de bipolaridade e determinar a gravidade dos episódios. No entanto, esses instrumentos são apenas complementares e não substituem a avaliação clínica.
Qual exame detecta bipolaridade?
Embora não existam exames específicos para confirmar o transtorno bipolar, testes laboratoriais podem ser realizados para descartar outras possíveis causas dos sintomas, como:
- exames de sangue: investigam disfunções hormonais, como hipotireoidismo ou hipertireoidismo, que podem causar mudanças no humor;
- exames de urina: verificam o uso de substâncias psicoativas, como cocaína ou anfetaminas, que podem provocar sintomas semelhantes;
- análises gerais de saúde: avaliam condições, como deficiências vitamínicas ou doenças neurológicas, que podem contribuir para os sintomas.
Desafios no diagnóstico
O transtorno bipolar pode ser confundido com outros transtornos de saúde mental, como:
- depressão maior;
- transtornos de ansiedade;
- esquizofrenia;
- síndrome do pânico.
Como tratar a bipolaridade?
Embora não tenha cura, essa condição pode ser eficazmente gerenciada por meio de um tratamento para transtorno bipolar adequado, que inclui mudanças no estilo de vida.
Essa abordagem deve ser contínua e personalizada, envolvendo o uso de medicamentos, psicoterapia e práticas diárias que promovam a saúde física e emocional do paciente:
Tratamento medicamentoso
O uso de remédio para bipolaridade é essencial para estabilizar o humor e prevenir recaídas. A prescrição depende da gravidade e do tipo de transtorno bipolar, podendo incluir:
- estabilizadores de humor: como o carbonato de lítio, eficaz na redução de episódios maníacos e na prevenção de crises;
- anticonvulsivantes: como valproato e lamotrigina, usados no controle de oscilações de humor;
- antipsicóticos: indicados para tratar episódios agudos de mania ou depressão;
- antidepressivos: prescritos com cautela, pois podem desencadear uma rápida transição para a mania;
- ansiolíticos: em casos de ansiedade ou insônia associadas ao transtorno.
O ajuste da dosagem pode levar tempo até que se atinja o efeito desejado. É fundamental que o paciente nunca suspenda a medicação sem a orientação de um médico, mesmo nos momentos em que se sentir bem.
Ressaltamos que essas orientações são de caráter geral, sendo indispensável uma consulta médica para uma avaliação precisa e a indicação do tratamento mais seguro e adequado. Nunca utilize medicamentos sem prescrição médica. As informações aqui fornecidas têm propósito educativo e não substituem o acompanhamento profissional.
Psicoterapia
A psicoterapia desempenha um papel crucial no tratamento, oferecendo suporte emocional e estratégias para lidar com a doença. Benefícios incluem:
- auxílio no reconhecimento de gatilhos que podem desencadear crises;
- promoção de hábitos saudáveis e adesão ao tratamento medicamentoso;
- melhora da autoestima e enfrentamento de desafios cotidianos.
Terapias, como a terapia cognitivo-comportamental (TCC), são frequentemente recomendadas, ajudando os pacientes a identificar padrões de pensamento que podem agravar os sintomas.
Mudanças no estilo de vida
Adotar hábitos saudáveis é essencial para complementar o tratamento médico e terapêutico. Algumas práticas incluem:
- rotina de sono regular: essencial para estabilizar o humor;
- alimentação equilibrada: evitar cafeína, açúcar em excesso e alimentos ultraprocessados;
- prática de atividades físicas: ajuda a reduzir o estresse e melhora a saúde mental;
- evitar substâncias psicoativas: como álcool, anfetaminas e outras drogas que agravam os sintomas;
- gerenciamento do estresse: técnicas como meditação e mindfulness são eficazes.
Cuidados no dia a dia
Para garantir um controle eficiente da bipolaridade, o paciente e sua família devem estar atentos a alguns pontos:
- adesão ao tratamento: seguir a prescrição médica rigorosamente para evitar recaídas;
- reconhecimento de sinais de alerta: aprender a identificar sintomas iniciais de episódios maníacos ou depressivos;
- apoio da família e amigos: um ambiente acolhedor é fundamental para o bem-estar emocional;
- evitar gatilhos: situações de estresse excessivo ou mudanças bruscas de rotina devem ser minimizadas.
Suplementação
Embora os estabilizadores de humor sejam a base do tratamento farmacológico, alternativas complementares, como a suplementação com ácidos graxos ômega 3, têm ganhado cada vez mais atenção, especialmente em distúrbios relacionados ao humor.
Um estudo buscou avaliar a eficácia do ômega 3 como monoterapia ou tratamento adjuvante para o transtorno bipolar, investigando seus efeitos sobre a gravidade dos sintomas e sua capacidade de melhorar a adesão ao tratamento.
A pesquisa foi conduzida por meio de uma ampla revisão sistemática de ensaios clínicos randomizados. Foram incluídos estudos que analisaram diferentes tipos e doses de ômega 3 em pessoas diagnosticadas com transtorno bipolar, abrangendo todas as idades e gêneros.
Os desfechos primários analisados focaram na gravidade dos sintomas, enquanto os secundários avaliaram a presença de efeitos adversos, taxas de abandono e satisfação com o tratamento.
Entre os cinco estudos que atenderam aos critérios de inclusão, apenas um apresentou dados suficientemente detalhados para análise robusta. Este estudo, que envolveu 75 participantes, demonstrou que o ômega 3 teve um impacto positivo na redução dos sintomas depressivos. Os participantes que receberam a suplementação apresentaram uma melhora significativa em comparação ao grupo controle.
No entanto, o ômega 3 não demonstrou eficácia nos episódios maníacos, indicando que seu potencial benefício pode ser mais direcionado aos estados depressivos do transtorno bipolar.
Além disso, os resultados revelaram que não houve efeitos adversos graves associados ao uso de ômega 3, reforçando sua segurança como alternativa complementar.
Referências
Conteúdo escrito pela nutricionista Suelen Santos da Costa, CRN10 7816. Suelen é graduada pela Universidade Federal de Pelotas e possui Pós-Graduação em Nutrição Clínica Funcional pela VP Centro de Nutrição Funcional.
Criado em 10 de Dezembro de 2024