Atualizado em 19 de Março de 2025
Criado por Joana Mazzochi - Nutricionista

5 Sintomas de glicemia alta e como controlar


Também conhecida como hiperglicemia, a glicemia alta se caracteriza pelo excesso de açúcar (glicose) no sangue. Apesar de ser comum em pessoas com diabetes, ela também pode ocorrer em pessoas sem a doença. Os principais sintomas da glicemia alta incluem:
- sede excessiva;
- visão turva;
- formigamento;
- fome frequente;
- cansaço;
- perda de peso inexplicada, entre outros.
Nem todas as pessoas com glicemia alta experimentam esses sintomas, e a condição só é detectada por meio de exames. Diante disso, é crucial compreender quais são os sinais de glicemia alta, o que fazer, o que pode causar e como reverter esse quadro. Veja a seguir!
O que é a glicemia alta?
A glicemia alta, também chamada de hiperglicemia, é o termo usado para referir-se aos elevados níveis de glicose no sangue. A glicose é o produto final da digestão de qualquer carboidrato - desde uma fruta, macarrão, batata até um bolo ou pedaço de chocolate - o qual passa por um processo de quebra em pequenos pedaços durante sua passagem pelo trato gastrointestinal e, quando chega no intestino, é absorvido para a corrente sanguínea no formato de moléculas de açúcar, conhecido por glicose.
Essa glicose, assim que entra na corrente sanguínea, ativa a liberação de um hormônio pancreático chamado insulina. Essa insulina tem por função colocar a glicose circulante no sangue, para dentro das células, para que ela desempenhe sua função no organismo: produzir energia para o funcionamento dos órgãos.
Porém, comprometimentos do funcionamento saudável do organismo podem levar a falhas nesse processo e fazer com que a glicose não consiga sair da corrente sanguínea e entrar nas células - deixando o sangue com altos níveis de açúcar - também conhecido pelo termo “glicemia alta”.
Portanto, quando um indivíduo está com glicemia alta, ele possui uma grande quantidade de glicose circulando na corrente sanguínea.
Saiba mais sobre
PREBIÓTICO
Os prebióticos são fibras que o intestino não digere, mas que são fermentáveis e ajudam a saúde. Eles modificam a composição e atividade das bactérias no intestino, estimulando o crescimento de "bactérias boas". Além disso, auxiliam nas funções intestinais, evitam a constipação e podem ajudar na manutenção dos níveis de colesterol.
Causas da glicemia alta
A glicemia alta pode partir de diferentes causas, por isso é muito importante identificar o contexto em que esse resultado foi obtido, pois isso fará total diferença no diagnóstico e tratamento.
Conforme mencionado, a glicemia alta indica uma grande quantidade de glicose circulando na corrente sanguínea. Isso necessariamente acontecerá logo após a ingestão de um alimento que contenha carboidrato, pois sua digestão e absorção liberam glicose na corrente sanguínea e elevam a glicemia.
Esse é um processo natural, portanto não aponta nenhum problema de saúde. Por isso, para identificar a adequada resposta do corpo à metabolização da glicose, é importante medir a glicemia em jejum, ou seja, sem ter feito o consumo de carboidratos.
Nesse caso, se a glicemia alta permanecer, é possível que haja algum problema relacionado ao seu direcionamento da corrente sanguínea para o interior das células, onde deveria estar. Isso pode ocorrer pelas seguintes causas:
- resistência periférica à insulina: quando as células apresentam um problema nos receptores da insulina e, portanto, não “permitem” a entrada de glicose.
- problemas na produção e liberação da insulina: aqui o problema está no pâncreas, o órgão responsável pela insulina, indicando uma possível diabetes do tipo 1 ou até tipo 2.
Ambas situações, especialmente a resistência à insulina, são gerados por diversas outras causas, como obesidade, maus hábitos alimentares, sedentarismo, abuso de álcool, problemas hepáticos, dentre outros.
5 Sintomas e sinais de glicemia alta
Principais sintomas da hiperglicemia:
- aumento da fome;
- aumento da sede;
- perda de peso sem explicação aparente ou aumento de peso e circunferência abdominal;
- aumento da frequência urinária;
- cansaço e sonolência.
Quais os riscos?
Existem importantes riscos relacionados às possíveis complicações a longo prazo da glicemia alta não tratada.
O primeiro é o desenvolvimento de Diabetes Mellitus tipo 2, um distúrbio do metabolismo de carboidratos que pode comprometer outros órgãos como o pâncreas, a visão e a circulação sanguínea, quando não tratado corretamente.
O fígado também é um órgão que sofre muito com a glicemia alta, pois ele é o responsável por metabolizar a glicose circulante e, quando esta não consegue entrar na célula, uma das saídas é transformá-la em gordura, então além de sobrecarregar o fígado, ainda é possível desenvolver esteatose hepática, também chamada de fígado gorduroso.
Outro local em que o excesso de glicose convertida em gordura vai é para o tecido adiposo, aumentando a quantidade de gordura corporal, o que resulta em uma piora no quadro de resistência a insulina (um ciclo que se retroalimenta), e levando ao desenvolvimento de sobrepeso e obesidade.
Essa gordura ainda pode ser depositada entre os órgãos, a chamada gordura visceral, extremamente perigosa à saúde, diagnosticada pela circunferência de cintura aumentada.
Todo esse contexto, quando não tratado, irá afetar concomitantemente outros órgãos e estruturas do corpo, levando ao quadro conhecido como Síndrome Metabólica, que é bastante perigoso à vida.
Aproveite e veja também
Diagnóstico da hiperglicemia
O diagnóstico de hiperglicemia é dado através de exames de sangue, como:
- glicemia em jejum: valor referente à glicose circulante quando o indivíduo está entre 8 a 12h de jejum. Valores de referência entre 70 a 99 mg/dL;
- hemoglobina glicada: média dos últimos 3 meses da glicose no sangue. Valores de referência entre 5,7 e 6,5%.
- curva glicêmica: resposta da insulina à ingestão de glicose.
Se esses valores apresentarem alterações, é recomendado consultar um médico para ter um diagnóstico mais preciso.
O que fazer para controlar a glicemia
Muita gente pensa que para controlar a glicemia basta cortar os carboidratos da dieta, mas isso não é verdade. Para controlar a glicemia de forma eficaz é necessário uma combinação de dieta balanceada, atividade física regular e, quando necessário, medicação.
Uma dieta rica em fibras e baixa em açúcares simples e carboidratos refinados ajuda muito a evitar picos de glicose no sangue. Alimentos como legumes, frutas, grãos integrais e proteínas magras são os alimentos que devem ser a base da dieta de quem busca manter a glicemia equilibrada.
Para quem tem diabetes, especialmente a tipo 1, a medicação, incluindo a insulina, pode ser essencial para manter o controle glicêmico dentro dos limites recomendados.
O que ajuda no controle da glicemia?
A melhor forma de prevenir e tratar a glicemia alta, é através de mudanças no estilo de vida. Já é certo que a maior parte dos casos de hiperglicemia podem ser revertidos por meio de bons hábitos que incluem: exercícios físicos, alimentação e suplementação.
➜ Exercício físico
O primeiro grande passo para reduzir os valores de glicemia alta, é por meio da inclusão de exercícios físicos no dia a dia. O sedentarismo é um dos fatores de risco no desenvolvimento de hiperglicemia e diabetes, enquanto a atividade física melhora a sensibilidade periférica à insulina e contribui para o controle da glicose e do peso.
➜ Alimentação
Outra mudança não apenas importante, mas necessária para reduzir a glicemia alta, é na alimentação. Uma dieta para diabéticos rica em carboidratos e ultraprocessados promove aumento do açúcar no sangue e da resistência à ação da insulina, comprometendo a saúde do organismo.
Aderir a uma alimentação baseada em frutas, verduras, oleaginosas, sementes e cereais integrais, é uma ótima maneira de prevenir a glicemia alta. Porém, em alguns casos mais graves, onde já se atingiu um nível elevado de diabetes e síndrome metabólica, o controle da ingestão de carboidratos deverá ser feito.
Para saber como baixar glicemia alta por meio da alimentação, a recomendação é procurar um nutricionista para orientar da melhor forma.
➜ Tubérculos como aipo, batata doce e rabanete
Tubérculos como a batata-doce e o rabanete são ricos em fibras, especialmente quando consumidos com a casca. As fibras desses vegetais ajudam a retardar a digestão e a absorção de açúcares, estabilizando os níveis de glicose no sangue após as refeições.
Um estudo feito com idosos pré diabéticos verificou que o consumo de aipo foi eficaz na redução dos níveis de glicose no sangue.
➜ Aveia
Consumir aveia também pode ajudar no controle glicêmico devido a presença das fibras. Um estudo mostrou que a aveia reduziu significativamente as respostas agudas de glicose e insulina pós refeição, revelando um efeito benéfico da ingestão de aveia no controle da glicose e no perfil lipídico em pacientes diabéticos tipo 2.
➜ Suplementação
Alguns suplementos podem ser utilizados para ajudar a baixar a glicemia. Como é o caso do Prebióticos e probióticos, cujo impacto no metabolismo do carboidrato vem sendo amplamente estudado. Em uma pesquisa realizada com gestantes, foi identificado que o uso desta suplementação pode ser uma estratégia preventiva e terapêutica promissora para o Diabetes Mellitus Gestacional.
Outro estudo de revisão investigou os efeitos dos probióticos, prebióticos e simbióticos (uma combinação de probióticos e prebióticos) na resistência à insulina em ensaios clínicos em humanos. Esse artigo mostrou como esses suplementos contribuem para a melhora da composição da microbiota intestinal e, desta forma, melhoram a manutenção da homeostase da glicose em níveis saudáveis.
O Magnésio também é um suplemento cuja função vem sendo atrelada à melhoras nos níveis de glicose alta, na redução da resistência à insulina e controle glicêmico, assim como mostram alguns estudos publicados *.
Em suma, a chave para gerenciar os sintomas da glicemia alta está no controle da glicemia, que por sua vez está diretamente atrelada ao estilo de vida. Buscar bons profissionais da saúde para orientar mudanças na dieta e no estilo de vida em geral pode ser essencial para fazer um controle glicêmico verdadeiramente eficaz.
➜ Psyllium
O psyllium é uma fibra solúvel pura que pode ser adicionada na preparação de pães, bolos, panquecas ou polvilhada no iogurte ou frutas. Ele é um excelente ingrediente para quem precisa controlar a glicemia.
Segundo estudos, o psyllium é muito eficiente em baixar a glicemia de pacientes com diabetes tipo 2, ajudando a manter os níveis de açúcar no sangue sob controle.
Como fazer o controle de glicemia na diabetes
Pessoas com diabetes devem monitorar regularmente seus níveis de glicemia através de dispositivos de medição para ajustar a dieta, a atividade física e a medicação conforme necessário. Em muitos casos, a administração de medicamentos, como a insulina ou antidiabéticos orais, é crucial.
Por isso, ter uma tabela controle glicêmico para registrar a glicemia em cada horário do dia, é essencial para manter o controle glicêmico. Educação sobre a doença e consultas regulares com profissionais de saúde também são componentes fundamentais para um gerenciamento eficaz.
Seja uma forma de como evitar diabetes ou suas complicações, saber como controlar a glicemia pode ser importante para algumas pessoas. Priorizar uma boa alimentação, rica em fibras, e a prática de exercícios físicos regulares são os pontos chaves para isso.
Referências
- ELDerawi WA, Naser IA, Taleb MH, Abutair AS. The Effects of Oral Magnesium Supplementation on Glycemic Response among Type 2 Diabetes Patients. Nutrients. 2018 Dec 26;11(1):44. doi: 10.3390/nu11010044. PMID: 30587761; PMCID: PMC6356710.
- Sales CH, Pedrosa LF, Lima JG, Lemos TM, Colli C. Influence of magnesium status and magnesium intake on the blood glucose control in patients with type 2 diabetes. Clin Nutr. 2011 Jun;30(3):359-64. doi: 10.1016/j.clnu.2010.12.011. Epub 2011 Feb 1. PMID: 21288611.
- Kim YA, Keogh JB, Clifton PM. Probiotics, prebiotics, synbiotics and insulin sensitivity. Nutr Res Rev. 2018 Jun;31(1):35-51. doi: 10.1017/S095442241700018X. Epub 2017 Oct 17. PMID: 29037268.
- Russell WR, Baka A, Björck I, Delzenne N, Gao D, Griffiths HR, Hadjilucas E, Juvonen K, Lahtinen S, Lansink M, Loon LV, Mykkänen H, Östman E, Riccardi G, Vinoy S, Weickert MO. Impact of Diet Composition on Blood Glucose Regulation. Crit Rev Food Sci Nutr. 2016;56(4):541-90. doi: 10.1080/10408398.2013.792772. PMID: 24219323.
- Mu J, Guo X, Zhou Y, Cao G. The Effects of Probiotics/Synbiotics on Glucose and Lipid Metabolism in Women with Gestational Diabetes Mellitus: A Meta-Analysis of Randomized Controlled Trials. Nutrients. 2023 Mar 12;15(6):1375. doi: 10.3390/nu15061375. PMID: 36986107; PMCID: PMC10056932.
Texto escrito por Joana Mazzochi, formada em Administração Empresarial pela UDESC e em Nutrição pela UNIVALI (CRN-10/10934). Além de produzir conteúdo sobre nutrição e saúde, atende pacientes que desejam melhorar a relação com a alimentação.
Texto revisado por Rafaela Fürst Galvão, nutricionista graduada pela Unisul (CRN-10: 11807) e publicitária graduada pela ESPM-SUL. Desenvolve projetos de comunicação e produção de conteúdo para a área da saúde desde 2016.