Atualizado em 03 de Fevereiro de 2025
Criado por Joana Mazzochi - Nutricionista

Dieta para hipotireoidismo: alimentos para incluir e evitar


Hipotireoidismo é uma condição clínica causada por problemas na tireoide, onde há redução significativa da produção do hormônio T4, um importante regulador do metabolismo.
Em uma dieta para hipotireoidismo é essencial garantir o consumo adequado de nutrientes essenciais para a saúde da tireoide, como iodo, selênio, zinco, ferro e magnésio. Também é fundamental evitar o alto consumo de fitatos (como feijão e soja), avaliar a ingestão de glúten e o bom consumo proteico.
Alimentos recomendados para quem tem hipotireoidismo
Pessoas com essa condição geralmente fazem uso do hormônio T4, pois a tireoide deixa de produzi-lo adequadamente. No entanto, a ingestão adequada de nutrientes continua sendo fundamental, pois eles desempenham um papel essencial na saúde da tireoide e na conversão do T4 em T3, sua forma ativa.
Confira abaixo quais são as vitaminas para quem tem hipotireoidismo e onde encontrá-las.
1. Selênio
O selênio desempenha um papel essencial na conversão do hormônio T4 em T3, sua forma ativa. Por isso, quem tem hipotireoidismo e faz reposição de T4 deve garantir uma ingestão adequada de selênio, assegurando que o hormônio seja corretamente convertido e exerça sua função no organismo. * *
Em apenas 2 castanhas-do-Pará, já é possível encontrar a quantidade diária recomendada de selênio. Entretanto, outros alimentos também apresentam esse mineral, como: ovos, peixes como atum e salmão, frutos do mar, e leguminosas (feijão e lentilha).
2. Iodo
Considerada um dos nutrientes mais importantes em uma dieta para hipotireoideismo, o iodo é essencial na produção do hormônio T4, assim como da sua forma ativa o T3, que são formados a partir do aminoácido tirosina e do mineral iodo. *
Inclusive, é por causa da saúde da tireoide que o sal atualmente é iodado. Houve uma época em que muitas pessoas começaram a desenvolver problemas na tireoide pela falta de iodo e, para evitar essa deficiência, foi decretado que o sal (um alimento comumente usado por todos) conteria iodo.
Onde encontrar o iodo: peixes e frutos do mar, algas marinhas (como chlorella), sal iodado e ovo.
3. Zinco
Outro mineral essencial na produção de hormônios tireoidianos é o zinco. Ele está envolvido na atividade de uma enzima conhecida como TPO, que sintetiza esses hormônios, e também atua na conversão do hormônio T4 em T3.
Além da ação direta no funcionamento da tireoide, o zinco também tem propriedades antioxidantes que protegem a glândula de radicais livres. *
Onde encontrar o zinco: carnes, frutos do mar, ovos, cereais integrais, leguminosas, oleaginosas e vegetais
4. Ferro
O ferro participa da produção dos hormônios da tireoide e sua deficiência pode prejudicar a função dessa glândula tão importante para o metabolismo. Além disso, é importante que não falte ferro em uma dieta para hipotireoidismo, pois isso pode levar à piora dos sintomas, como cansaço e queda de cabelo. *
Onde encontrar ferro: carne vermelha, frango, ovos, feijão, lentilha, grão de bico, vegetais verde-escuros.
5. Magnésio
O magnésio também participa da conversão de T4 em T3, a forma ativa do hormônio da tireoide, e ajuda na regulação do metabolismo. Sua deficiência pode favorecer o desenvolvimento de problemas nessa glândula, como o hipotireoidismo. *
Onde encontrar magnésio: sementes (de abóbora, linhaça e gergelim), castanhas, arroz integral, vegetais de folhas verdes (como couve), gérmen de trigo e cacau.
Além dos nutrientes essenciais no dia a dia, é importante também garantir boas fontes de carboidratos e proteínas na alimentação para o hipotireoidismo. O equilíbrio desses macronutrientes é fundamental, pois tanto o excesso quanto a deficiência podem impactar a função da tireoide.
Os carboidratos são necessários para a produção hormonal, assim como a proteína, que desempenha um papel essencial no metabolismo e na conversão dos hormônios tireoidianos.
Saiba mais sobre
TRIO MAGNÉSIO
O Trio Magnésio é um suplemento alimentar que contém uma combinação única de três tipos de magnésio para melhorar a absorção e os benefícios para a saúde. Um desses tipos é o magnésio dimalato, uma forma de magnésio que tem biodisponibilidade destacada. Além do magnésio dimalato, o Trio Magnésio também contém óxido de magnésio e bisglicinato de magnésio.
Alimentos e bebidas que devem ser evitados
Por outro lado, alguns grupos de alimentos para tireoide devem ser evitados, pois prejudicam a função da tireoide, a produção de hormônios e a conversão de T4 em T3, sua forma ativa. Acompanhe abaixo quais são eles:
1. Fitatos
Em uma dieta para hipotireoidismo, é importante evitar o consumo de fitatos junto a refeições ricas em ferro e zinco, pois esses compostos reduzem a absorção desses minerais, podendo impactar a tireoide.
Uma maneira de minimizar esse efeito é deixar os alimentos ricos em fitatos de molho por aproximadamente 12 horas antes do preparo, prática comum com leguminosas como feijão e grão de bico.
Onde encontrar fitatos: leguminosas (feijão, lentilha, grão de bico), cereais (arroz, aveia, trigo), castanhas e sementes.
2. Brássicas
As brássicas contém compostos gitrogênicos, que podem interferir na absorção de iodo e prejudicar a função da tireoide quando consumidos em excesso. Esses compostos impedem a organificação do iodo pela enzima tireoperoxidase (TPO), dificultando a produção dos hormônios tireoidianos.
O consumo recomendado para quem tem hipotireoidismo é inferior a 300g por dia, e uma forma de reduzir seu impacto é cozinhá-las por mais tempo.
É preciso atentar-se às falsas promessas vendidas como suco detox para quem tem hipotireoidismo, pois eles costumam ser feitos com couve ou rúcula, folhosos ricos do grupo das brássicas que podem comprometer a saúde da tireoide.
Portanto, não se deixe enganar pelo nome atraente de “detox”, a melhor maneira de manter-se nutrido e controlar o hipotireoidismo é por meio de uma alimentação adequada e, se necessário, uso de hormônio T4.
Exemplos de brássicas: brócolis, couve, couve-flor, repolho e rúcula.
3. Glúten
Para quem tem hipotireoidismo, especialmente de origem autoimune (tireoidite de Hashimoto), o consumo de glúten pode ser prejudicial. O glúten pode aumentar a permeabilidade intestinal (leaky gut), favorecendo inflamações que afetam a tireoide.
Além disso, há uma relação direta entre o trato gastrointestinal e a saúde tireoidiana, e o glúten possui propriedades goitrogênicas, ou seja, pode dificultar a utilização do iodo pela tireoide, prejudicando a produção dos hormônios T3 e T4.
Quem tem disfunção tireoidiana geralmente apresenta maior sensibilidade ao glúten, tornando sua exclusão da dieta uma estratégia benéfica.
Onde encontrar glúten: pães e produtos de panificação, massas no geral, cerveja e produtos industrializados (atentar-se ao rótulo).
Cardápio e sugestões de refeições para hipotireoidismo
Sugerir opções de cardápios com refeições leves e nutritivas, como café da manhã com ovos e frutas como kiwi ou abacaxi, e refeições principais com proteínas magras e vegetais cozidos.
Em um cardápio para quem tem hipotireoidismo, deve-se priorizar uma alimentação equilibrada em proteínas e carboidrato, rica em nutrientes como zinco e magnésio, assim como evitar o glúten e o excesso de brássicas e fitato. Confira um exemplo a seguir:
Café da manhã |
|
Lanche da manhã |
|
Almoço |
|
Lanche da tarde |
|
Jantar |
|
Ceia |
|
Em uma dieta para quem tem hipotireoidismo e quer emagrecer, é importante levar em consideração a quantidade calórica do cardápio e sua distribuição ao longo do dia de maneira individualizada.
Para isso, é importante contar com a orientação de um nutricionista, que irá calcular a dieta com base na composição corporal atual e nos objetivos.
Aproveite e veja também
Suplementação para quem tem hipotireoidismo
Além do consumo de nutrientes via alimentação - que é indispensável - também é possível iniciar com a suplementação para hipotireoidismo, que terá como objetivo melhorar o aporte de vitaminas e minerais importantes para o funcionamento da tireoide e a conversão dos hormônios tireoidianos, assim como amenizar sintomas.
- iodo: a deficiência de iodo na dieta é rara devido ao uso de sal iodado. No entanto, caso seja necessário, a suplementação pode ser utilizada temporariamente sob orientação profissional; *
- selênio: esse mineral é amplamente encontrado na alimentação, tornando a suplementação pouco comum, no entanto, em alguns casos, pode ser indicada para garantir níveis adequados; *
- magnésio: a suplementação de magnésio é mais comum, pois o solo brasileiro é pobre deste mineral, o que reduz sua disponibilidade nos alimentos; *
- ferro: a deficiência de ferro também é comum, especialmente em mulheres que menstruam regularmente, devido à maior perda desse mineral. A suplementação pode ser feita por via oral ou endovenosa, conforme a necessidade; *
- zinco: essencial para a função tireoidiana, o zinco pode ser suplementado até que seus níveis estejam equilibrados; *
- vitamina D: manter bons níveis de vitamina D (entre 50 e 60 ng/mL) é fundamental, especialmente para pessoas com tireoidite de Hashimoto, uma doença autoimune que afeta a tireoide; *
- vitamina B12: embora não esteja diretamente ligada à saúde da tireoide, a deficiência de vitamina B12 pode intensificar sintomas como cansaço e queda de cabelo, sendo importante manter seus níveis adequados.
Como o teste genético pode ajudar no manejo do hipotireoidismo
O teste genético é uma ferramenta poderosa que analisa o DNA individual para identificar predisposições genéticas relacionadas à saúde da tireoide, incluindo o hipotireoidismo e a tireoidite de Hashimoto.
A análise detalhada do DNA pode revelar mutações genéticas associadas à função tireoidiana, incluindo aquelas que impactam na conversão dos hormônios T4 em T3, na absorção de iodo e na resposta autoimune contra a tireoide.
Por exemplo, mutações em genes como o DIO2 podem comprometer essa conversão, levando a sintomas persistentes mesmo com a reposição de T4. *
Além disso, indivíduos com predisposição genética à tireoidite de Hashimoto, uma doença autoimune, podem apresentar variações em genes relacionados à regulação do sistema imunológico, como o HLA-DR3 e CTLA-4, tornando-os mais suscetíveis à inflamação e disfunção tireoidiana. *
Com base nesses dados, o teste genético permite a personalização de estratégias nutricionais e terapêuticas, auxiliando na escolha de alimentos, suplementação e ajustes no tratamento hormonal, garantindo um manejo mais eficaz do hipotireoidismo.
Referências
- Chistiakov DA. Immunogenetics of Hashimoto's thyroiditis. J Autoimmune Dis. 2005 Mar 11;2(1):1.
- E DRIGO, Rafael Arrojo et al. Papel da iodotironina desiodinase tipo 2 (D2) no controle da sinalização do hormônio tireoidiano. Biochimica et Biophysica Acta (BBA)-Assuntos Gerais , v. 7, pág. 3956-3964, 2013.
- Gierach M, Rudewicz M, Junik R. Iron and ferritin deficiency in women with hypothyroidism and chronic lymphocytic thyroiditis - systematic review. Endokrynol Pol. 2024;75(3):253-261.
- Rabbani E, Golgiri F, Janani L, Moradi N, Fallah S, Abiri B, Vafa M. Randomized Study of the Effects of Zinc, Vitamin A, and Magnesium Co-supplementation on Thyroid Function, Oxidative Stress, and hs-CRP in Patients with Hypothyroidism. Biol Trace Elem Res. 2021 Nov;199(11):4074-4083.
- Liontiris MI, Mazokopakis EE. A concise review of Hashimoto thyroiditis (HT) and the importance of iodine, selenium, vitamin D and gluten on the autoimmunity and dietary management of HT patients.Points that need more investigation. Hell J Nucl Med. 2017 Jan-Apr;20(1):51-56.
- Nordio M, Basciani S. Myo-inositol plus selenium supplementation restores euthyroid state in Hashimoto's patients with subclinical hypothyroidism. Eur Rev Med Pharmacol Sci. 2017 Jun;21(2 Suppl):51-59. PMID: 28724185.
Artigo escrito por Joana Mazzochi, formada em Administração Empresarial pela UDESC e em Nutrição pela UNIVALI (CRN-10/10934). Além de produzir conteúdo sobre nutrição e saúde, atende pacientes que desejam melhorar a relação com a alimentação.
Criado em 03 de Fevereiro de 2025