Atualizado em 15 de Abril de 2025

Criado por Joana Mazzochi - Nutricionista

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Obesidade Sarcopênica: O Que É, Riscos e Como Tratar o Excesso de Gordura com Baixa Massa Muscular

obesidade sarcopênica

É possível ter obesidade e, ao mesmo tempo, um baixo percentual de massa muscular? Sim! Essa condição é chamada de obesidade sarcopênica e ocorre em pessoas que apresentam um alto índice de gordura corporal, mas pouca massa muscular.

Descubra mais sobre como a sarcopenia e obesidade podem coexistir em uma mesma pessoa, suas causas e as melhores formas de tratamento!

O que é obesidade sarcopênica?

É comum reconhecer os termos “obesidade” e “sarcopenia” separadamente e associá-los a imagens de pessoas completamente diferentes. 

Enquanto uma pessoa obesa é aquela com IMC acima de 30, que possui bastante gordura corporal e peso acima da média, uma pessoa com sarcopenia é aquela com pouca massa muscular, geralmente uma pessoa bastante magra e débil

Entretanto, é possível ser um obeso sarcopênico ao apresentar alto índica de gordura corporal, porém baixo índice de massa muscular. 

Nesses casos, o excesso de gordura leva ao aumento substancial de peso, colocando a pessoa na classificação da obesidade, mesmo que a massa muscular não acompanhe esse processo. Pelo contrário, devido às complicações da obesidade, a sarcopenia pode ser uma realidade velada para muitas pessoas nessa condição.

Causas

Na realidade, grande parte dos fatores que levam ao desenvolvimento de sarcopenia na obesidade estão relacionados à própria obesidade! O excesso de gordura corporal cria um ambiente inapropriado para o ganho e manutenção de massa muscular, o que é muito prejudicial para a saúde de quem está nessa situação.

Veja abaixo as principais causas da obesidade sarcopênica:

1. Falta de atividade física

A falta de atividade física contribui para o desenvolvimento da obesidade, que, por sua vez, também leva ao sedentarismo, criando um ciclo vicioso.

Pessoas com obesidade podem enfrentar dificuldades para praticar esportes e atividades físicas devido ao excesso de gordura, que sobrecarrega as articulações, especialmente joelhos e quadris, além de reduzir a resistência e o fôlego. 

Essas dificuldades muitas vezes resultam na desistência da prática de exercícios, o que leva à perda de massa muscular e, consequentemente, ao desenvolvimento da obesidade sarcopênica.

2. Inflamação sistêmica de baixo grau

A inflamação sistêmica (no corpo todo) de baixo grau é uma condição comum àqueles que possuem obesidade e, geralmente, está relacionada ao desenvolvimento de outras comorbidades associadas ao excesso de peso, como diabetes e hipertensão.

Esse cenário é extremamente maléfico para a saúde do corpo e, inclusive, para o crescimento e manutenção de uma boa taxa de massa muscular, além de acelerar o processo de degradação do músculo.

3. Inadequação da dieta

Apesar dos fatores genéticos serem muito importantes para o desenvolvimento da obesidade, o ambiente também contribui fortemente para esse cenário. 

A má alimentação é uma das principais causas da obesidade sarcopênica, onde consumo excessivo de calorias vazias, associado a uma baixa ingestão de proteínas e micronutrientes essenciais, contribui para a perda muscular e o ganho de gordura

4. Alterações hormonais

O acúmulo excessivo de gordura provoca alterações hormonais significativas, que não apenas aceleram o ganho de gordura, mas também contribuem para a perda de massa muscular. Um exemplo é a resistência à insulina, uma condição comum na obesidade que compromete a absorção de nutrientes pelos músculos e favorece o armazenamento de gordura.

Além disso, a redução de hormônios como testosterona, estrogênio e hormônio do crescimento (GH), cujo papel é essencial para manutenção da massa muscular, pode levar à diminuição da síntese proteica e ao enfraquecimento dos músculos, agravando ainda mais a obesidade sarcopênica.

Riscos da obesidade sarcopênica

A obesidade faz parte do grupo de doenças crônicas não transmissíveis, onde a presença de uma condição aumenta o risco de desenvolver outras. O excesso de gordura corporal, por si só, cria um ambiente desfavorável à saúde, aumentando a predisposição a doenças como diabetes, hipercolesterolemia e hipertensão.

Quando a obesidade se associa à sarcopenia, esse quadro se torna ainda mais preocupante, pois a massa muscular está diretamente ligada à saúde, funcionalidade e melhor composição corporal. 

A obesidade sarcopênica, caracterizada por um alto percentual de gordura e uma baixa quantidade de músculo, eleva significativamente o risco de doenças crônicas, reduz a taxa metabólica, dificulta o emagrecimento e torna a saúde mais vulnerável, já que a baixa massa muscular compromete a resistência a infecções e internações.

Esse problema é ainda mais grave nos casos de obesidade sarcopênica em idosos, que já eles apresentam um organismo mais debilitado. A combinação de excesso de gordura com pouca massa muscular pode levar à perda de autonomia e mobilidade, além de aumentar o risco de fraturas em quedas e comprometer a recuperação em casos de internação, que são mais frequentes nessa fase da vida.

Como diagnosticar a obesidade sarcopênica?

A melhor forma de diagnosticar a obesidade sarcopênica é por meio de uma avaliação física chamada Bioimpedância. Ela funciona como uma balança convencional, mas com um sistema avançado que permite identificar a quantidade de massa muscular e massa de gordura presentes no corpo.

Se o resultado da bioimpedância for: IMC acima de 30, alto percentual de massa de gordura e baixo percentual de massa muscular, é diagnosticado como obesidade sarcopênica.

Tratamento

O tratamento da obesidade sarcopênica tem como principal objetivo reduzir a gordura corporal e aumentar a massa muscular. Para isso, é fundamental um acompanhamento multiprofissional e muita persistência, pois a mudança de hábitos exige dedicação, mas é o caminho mais eficaz para reverter esse quadro.

O tratamento pode incluir:

1. Medicamentos

Em alguns casos, podem ser indicados para auxiliar no emagrecimento, como inibidores de apetite e análogos do GLP-1. Além de ajudarem na redução de gordura, esses medicamentos podem contribuir para o tratamento de condições associadas à obesidade, como diabetes.

2. Alimentação adequada

A reeducação alimentar é essencial e deve ser acompanhada por um nutricionista. O foco não deve estar apenas na perda de gordura, mas também na recuperação da massa muscular e na manutenção dos resultados a longo prazo.

Para isso, além de melhorar a alimentação, incluir mais fontes de proteína e reduzindo o teor de gordura e carboidrato da dieta, também é viável, em determinado ponto do tratamento, aderir a suplementos como proteína em pó e creatina, cujo uso apoia o ganho de massa muscular e o tratamento para sarcopenia. * *

O suplemento de ômega 3 também está associado ao ganho de massa muscular, pois ativa a produção de MTOR, essencial para o processo. Além disso, ele também tem efeito antiinflamatório e contribui para a melhora do perfil lipídico e redução de triglicerídeos, contribuindo para o tratamento da obesidade. *

3. Treinamento físico

A prática de exercícios, especialmente a musculação, é fundamental para o ganho e a manutenção da massa muscular. Além disso, a atividade física melhora a composição corporal, aumenta a sensibilidade à insulina e favorece o equilíbrio hormonal.

4. Apoio psicológico: 

A relação com a comida muitas vezes envolve fatores emocionais, e as mudanças no estilo de vida podem despertar inseguranças e desafios. O suporte terapêutico pode ser essencial para lidar com traumas, melhorar a autoestima e desenvolver uma relação mais equilibrada com a alimentação.

Como prevenir a obesidade sarcopênica?

A prevenção da obesidade sarcopênica começa nos hábitos de vida, como educação alimentar, prática constante de atividade física e monitoramento do estresse.

A obesidade é uma doença e a sarcopenia pode prejudicar muito mais o quadro de saúde, por isso é fundamental procurar aconselhamento médico e nutricional para o suporte necessário tanto no tratamento, quanto na prevenção.

Foto de Joana Mazzochi Aguiar

Conteúdo criado por especialista:

Joana Mazzochi Aguiar

Nutricionista

Este artigo foi escrito por Joana Mazzochi Aguiar, nutricionista (CRN 10 – 10934), formada pela Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI). É especialista em Atendimento Nutricional para Cirurgia Bariátrica e atualmente cursa pós-graduação em Saúde da Mulher e Estética pela VP – Centro de Nutrição Funcional, uma das instituições mais renomadas da área. Seu trabalho é guiado pelos princípios da nutrição funcional e do cuidado integral à saúde feminina.

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