Atualizado em 14 de Março de 2025
Criado por Suelen Santos da Costa - Nutricionista

Diverticulite: o que é, sintomas, causas e tratamento

A diverticulite afeta muitas pessoas, especialmente com o avanço da idade, mas muitos ainda desconhecem os sinais, as causas e as melhores formas de tratá-la. Embora possa ser silenciosa, quando os sintomas surgem, eles podem causar grande desconforto e, até, complicações sérias.
Neste artigo, vamos explorar tudo o que você precisa saber sobre a diverticulite: desde seus sintomas mais comuns até as causas que a desencadeiam, além das opções de tratamento mais eficazes.
Se você tem dúvidas sobre como proteger seu intestino ou já foi diagnosticado com a condição, continue lendo para entender melhor como lidar com a diverticulite e evitar complicações!
O que é diverticulite?
A diverticulite é uma condição que ocorre quando pequenas bolsas chamadas divertículos, que se formam nas paredes do cólon (intestino grosso), ficam inflamadas ou infectadas.
Embora esses divertículos sejam comuns em muitas pessoas, nem sempre causam problemas. Quando inflamados, podem resultar em sintomas, como dor abdominal, especialmente na parte inferior esquerda, febre e sensibilidade no abdômen.
Essas bolsas se formam devido a uma fraqueza na camada muscular do cólon, permitindo que as camadas internas do intestino se projetem para fora. O processo de inflamação ocorre quando fezes ou bactérias ficam presas nesses divertículos, criando condições favoráveis para infecção.
Em casos graves, a diverticulite pode levar a complicações, como abscessos, perfuração ou, até mesmo, peritonite, uma infecção abdominal generalizada.
O diagnóstico é geralmente feito por meio de tomografia computadorizada (TC), que ajuda a identificar a inflamação e possíveis complicações. A colonoscopia é realizada após a resolução do episódio de diverticulite para avaliar o estado do cólon.
A condição é mais comum em pessoas com mais de 40 anos - e a incidência aumenta com a idade. Embora a diverticulite afete tanto homens quanto mulheres, ela tende a ser mais frequente entre mulheres com mais de 50 anos e homens com menos de 50 anos.
Certos fatores, como o uso de medicamentos que afetam o sistema imunológico, incluindo corticosteroides, e condições, como infecção por HIV ou quimioterapia, podem aumentar o risco de desenvolver diverticulite.
Em casos leves, o tratamento pode ser feito com repouso e mudança na dieta, enquanto episódios mais graves podem exigir hospitalização, antibióticos intravenosos e, em casos extremos, cirurgia para remoção de partes do cólon afetado.
Sintomas
Os sintomas da diverticulite podem variar dependendo da gravidade da inflamação e das complicações associadas. Os sinais mais comuns incluem:
- dor abdominal: geralmente localizada no lado inferior esquerdo do abdômen, a dor pode ser contínua e piorar com a pressão na área afetada;
- febre e calafrios: frequentemente acompanhando a infecção, esses sintomas são sinais de que o corpo está tentando combater a inflamação;
- sensibilidade abdominal: a área inflamada pode se tornar dolorosa ao toque, aumentando o desconforto;
- alterações nos hábitos intestinais: incluindo prisão de ventre (constipação), diarreia ou episódios alternados de ambos;
- náuseas e vômitos: especialmente em casos mais graves, esses sintomas podem surgir devido à inflamação intensa.
Embora a diverticulite raramente cause sangramentos intestinais, em alguns casos, podem ocorrer complicações mais graves, como:
- sangue nas fezes: se presente, pode indicar uma complicação séria, como uma perfuração ou abscesso;
- dificuldade para urinar: especialmente se fístulas (conexões anormais entre o intestino e outros órgãos, como a bexiga) forem formadas.
Complicações graves da diverticulite também podem incluir:
- fístulas: conexões anormais entre o intestino e outros órgãos ou até a pele;
- abscessos: bolsas de pus que se formam ao redor dos divertículos inflamados, causando dor intensa e febre;
- peritonite: uma infecção abdominal grave que ocorre quando um divertículo se rompe, liberando conteúdo intestinal na cavidade abdominal;
- estreitamento do cólon (estenose): em casos recorrentes, o cólon pode se estreitar devido à formação de cicatrizes, dificultando a passagem de fezes.
Em resumo, a diverticulite pode se manifestar de forma leve, com dor e desconforto abdominal, ou de forma mais intensa, com febre, sangramentos e complicações que exigem atenção médica imediata.
Causas
A diverticulite ocorre quando há inflamação ou infecção em divertículos, pequenas bolsas formadas na parede do cólon. Esses divertículos se desenvolvem em pessoas com diverticulose, uma condição caracterizada pela presença dessas bolsas, geralmente sem sintomas.
A inflamação acontece quando um pequeno orifício se abre em um divertículo, permitindo que bactérias do intestino se espalhem e causem infecção.
Alguns pontos importantes que envolvem a causa da diverticulite incluem:
Desenvolvimento:
- a inflamação pode ocorrer mesmo sem um orifício visível, um tema ainda em estudo;
- a área mais afetada é o cólon sigmoide, a parte final do intestino grosso antes do reto.
Fatores de risco:
- dieta e hábitos de vida: o consumo excessivo de carne vermelha, o tabagismo e a obesidade aumentam o risco de diverticulite;
- uso de medicamentos: anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), corticosteroides e opioides aumentam o risco de desenvolver diverticulose e diverticulite;
- dieta pobre em fibras: alimentos com baixo teor de fibras dificultam a evacuação, aumentando a pressão sobre as paredes intestinais, o que pode favorecer o desenvolvimento de divertículos;
- envelhecimento: com o tempo, as paredes do cólon podem enfraquecer, tornando o surgimento de divertículos mais provável;
- fatores genéticos: pessoas com histórico familiar de diverticulose têm maior risco de desenvolver diverticulite aguda e crônica;
- condições de saúde: obesidade, diabetes e doenças que enfraquecem o sistema imunológico, como hiv, aumentam o risco;
- sedentarismo: a falta de atividade física regular também é um fator de risco significativo.
Mitos e esclarecimentos:
- a diverticulite não é causada pelo consumo de alimentos, como nozes, sementes, milho ou pipoca, apesar do mito popular.
Compreender esses fatores de risco e suas influências na saúde intestinal pode ajudar na prevenção e no controle da diverticulite.
Aproveite e veja também
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico da diverticulite geralmente envolve uma combinação de avaliação clínica, exames de imagem e, em alguns casos, exames laboratoriais. O médico começa com uma entrevista detalhada para entender os sintomas, o histórico médico do paciente e seu estilo de vida.
O exame físico também é fundamental para identificar sinais de inflamação ou dor no abdômen, especialmente na região inferior esquerda, onde a diverticulite costuma ocorrer. Saiba mais:
Exames de imagem
O exame mais utilizado para confirmar a presença de diverticulite é a tomografia computadorizada (TC) do abdômen e pelve. A TC fornece imagens detalhadas do cólon, permitindo ao médico observar inflamações, abscessos ou complicações, como fístulas ou perfurações.
Em alguns casos, a ressonância magnética (RM) pode ser preferida, especialmente em gestantes ou pessoas jovens, para evitar os efeitos de radiação da tomografia. Outra opção em ambientes de urgência, como pronto-socorros, é o ultrassom, embora este não seja tão detalhado quanto a TC.
Exames complementares
Após o controle da inflamação ou da infecção, o médico pode recomendar uma colonoscopia para avaliar o estado do cólon e descartar outras condições, como o câncer de cólon.
No entanto, a colonoscopia é normalmente realizada entre um a três meses após o tratamento da diverticulite, pois a realização precoce pode causar lesões no intestino inflamado.
Exames de sangue também são comuns para verificar sinais de infecção, como leucocitose, e ajudar a monitorar a condição do paciente durante o tratamento.
Diagnóstico diferencial
É essencial fazer o diagnóstico diferencial da diverticulite para garantir que não haja confusão com outras doenças que afetam o intestino grosso, como apendicite, câncer de cólon, doença de Crohn ou abscessos não relacionados à diverticulite.
A tomografia computadorizada desempenha um papel crucial nesse processo, oferecendo uma visão clara do estado do cólon e das estruturas vizinhas.
Portanto, o diagnóstico da diverticulite é baseado em uma combinação de informações clínicas, exames de imagem e, quando necessário, exames laboratoriais, garantindo que a condição seja corretamente identificada e tratada.
Como é o tratamento?
O tratamento para diverticulite envolve uma combinação de medicamentos, cuidados com a dieta e, em casos graves, cirurgia. Durante uma crise aguda, antibióticos como ciprofloxacino e metronidazol são usados para combater a infecção, enquanto analgésicos aliviam a dor.
Nos casos mais sérios, a internação pode ser necessária para administração intravenosa de medicamentos para diverticulite.
Em situações complicadas, como abscessos ou perfurações, a cirurgia pode ser indicada. A ressecção do segmento afetado do intestino é a abordagem mais comum, e o pós-operatório exige cuidados médicos constantes e ajustes alimentares.
A dieta para diverticulite desempenha um papel crucial de autocuidado para diverticulite. Inicialmente, a dieta para diverticulite é recomendada como uma dieta líquida e sem resíduos, seguida de uma reintrodução gradual de alimentos ricos em fibras, como frutas, legumes e cereais integrais.
O psyllium e a glutamina, por exemplo, tem benefícios interessantes para promover a saúde intestinal.
Além disso, alimentos probióticos, como iogurtes e kefir, podem ajudar a fortalecer a microbiota intestinal e prevenir complicações. Alimentos irritantes, como álcool, chocolate e carnes processadas, devem ser evitados durante as crises.
Fontes de ômega 3 podem ser indicadas para ajudar no controle da inflamação, incluindo suplementos, salmão e outros peixes.
Embora o tratamento médico seja essencial, chás calmantes, como camomila e hortelã podem complementar o cuidado, assim como a prática de exercícios leves e a redução do estresse.
É relevante destacar que estudos mostram que indivíduos com diverticulite ou diverticulose podem apresentar uma absorção reduzida de vitamina B12. Nesse caso, a suplementação de metilcobalamina pode ser recomendada para compensar essa deficiência.
Complicações das diverticulite
A diverticulite intestinal pode levar a várias complicações graves, que, quando não tratadas adequadamente, podem exigir intervenção cirúrgica. As principais complicações incluem fístulas, abscessos, peritonite, obstrução intestinal e perfuração. Entenda:
Fístulas
As fístulas são conexões anormais que se formam entre o intestino e outros órgãos, como a bexiga ou, até mesmo, a pele. Essas conexões podem permitir que conteúdo intestinal vaze para órgãos adjacentes, resultando em infecções nas vias urinárias ou em outras áreas do corpo.
O tratamento geralmente exige correção cirúrgica para evitar infecções mais graves.
Abscessos
Os abscessos são bolsas de pus que se formam ao redor dos divertículos inflamados. Eles podem causar aumento da dor e febre, e, frequentemente, necessitam de drenagem para evitar que a infecção se espalhe e cause complicações mais sérias.
O tratamento para abscessos é fundamental para controlar a infecção e aliviar os sintomas.
Peritonite
A peritonite é uma infecção grave que ocorre quando um divertículo se rompe, liberando conteúdo intestinal na cavidade abdominal. Essa é uma complicação potencialmente fatal que exige intervenção cirúrgica imediata para evitar que a infecção se espalhe por todo o corpo.
A peritonite é uma emergência médica e requer atenção imediata.
Além dessas complicações, a diverticulite pode levar a obstrução intestinal, onde o cólon inflamado se torna bloqueado, dificultando a passagem de fezes.
Em casos mais graves, uma perfuração do intestino pode ocorrer, causando vazamento de fezes no abdômen, o que também exige intervenção cirúrgica urgente.
Essas complicações destacam a importância de um diagnóstico precoce e de um tratamento eficaz para evitar danos permanentes e melhorar a recuperação dos pacientes.
Como prevenir a diverticulite?
A prevenção da diverticulite está fortemente relacionada a hábitos alimentares saudáveis e mudanças no estilo de vida. Adotar uma alimentação equilibrada, rica em fibras e com baixo consumo de alimentos processados, é essencial para manter a saúde do intestino e reduzir o risco de desenvolver diverticulite.
Aqui estão algumas dicas de prevenção:
1. Aumente a ingestão de fibras
Uma dieta para diverticulite deve ser rica em fibras para ajudar a manter o trânsito intestinal regular, evitando a constipação, que pode aumentar a pressão no cólon e contribuir para o desenvolvimento de divertículos.
Alimentos, como cereais integrais, frutas, vegetais, legumes e grãos, são excelentes fontes de fibras. A fibra também auxilia na formação de fezes mais volumosas e hidratadas, o que reduz a pressão dentro do cólon.
2. Evite alimentos processados e ricos em gordura
Alimentos processados, como fast food, carnes vermelhas e alimentos ricos em gorduras saturadas, podem agravar problemas intestinais e aumentar o risco de inflamação.
Por isso, em uma alimentação adequada para diverticulite, é recomendado reduzir o consumo desses alimentos e optar por alternativas mais saudáveis, como proteínas magras e alimentos frescos.
3. Hidrate-se adequadamente
A ingestão de líquidos, especialmente água, é essencial para manter a saúde intestinal. A hidratação adequada ajuda a manter as fezes amolecidas e facilita a passagem pelo cólon, prevenindo a constipação.
4. Pratique atividade física regularmente
O sedentarismo é um fator de risco para vários problemas intestinais, incluindo a diverticulite. A prática regular de exercícios físicos estimula o funcionamento do intestino e pode ajudar a prevenir a constipação, além de melhorar a saúde geral do sistema digestivo.
5. Evite o tabagismo
O fumo é um fator de risco para várias doenças, incluindo a diverticulite. Parar de fumar pode reduzir significativamente o risco de complicações intestinais e promover a saúde do cólon.
6. Controle o peso
Manter um peso corporal saudável pode ajudar a reduzir a pressão sobre o cólon e minimizar o risco de desenvolvimento de diverticulite. A obesidade está associada a um risco maior de problemas intestinais, incluindo a formação de divertículos.
Conteúdo escrito pela nutricionista Suelen Santos da Costa, CRN10 7816. Suelen é graduada pela Universidade Federal de Pelotas e possui Pós-Graduação em Nutrição Clínica Funcional pela VP Centro de Nutrição Funcional.