Atualizado em 15 de Abril de 2025
Criado por Joana Mazzochi - Nutricionista

Rigidez cognitiva: o que é, características e como melhorar

A rigidez cognitiva pode causar muito sofrimento para quem convive com ela. Caracterizada por uma grande dificuldade de adaptabilidade de diferentes ciclos sociais, pensamentos, crenças ou comportamentos, essa inflexibilidade está muito presente em transtornos como o autismo e o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC).
O que é rigidez cognitiva?
O termo rigidez cognitiva refere-se à dificuldade de flexibilizar pensamentos e comportamentos perante diferentes situações cotidianas, ciclos sociais e novos cenários que se apresentam.
Pessoas com rigidez cognitiva enfrentam problemas para pensar e agir fora de um padrão fixo de raciocínio já pré estabelecido, o que as leva a serem bastante resistentes às mudanças e novas informações.
Quem apresenta rigidez cognitiva costuma seguir uma rotina bastante inflexível e ser pouco aberto a mudanças e a experimentar novas experiências.
Por exemplo, essa pessoa possui horários bem determinados para todas as atividades do seu dia, as quais são, geralmente, as mesmas, gosta de comer sempre o mesmo tipo de comida, apresentando pouca variabilidade, frequenta os mesmos locais e mantém seu ciclo social bastante restrito.
Tudo que foge desse padrão causa profundo desconforto e é evitado ao máximo.
Causas da rigidez cognitiva
A rigidez cognitiva costuma estar associada a transtornos psiquiátricos, como o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), transtornos de ansiedade e, principalmente, em transtornos do espectro do autismo (TEA).
O TEA é um grupo de transtornos de desenvolvimento neurológico, caracterizado por dificuldades nas habilidades sociais, de comunicação e nos comportamentos. Dentro desse grupo, a rigidez cognitiva é bastante comum. No entanto, as causas exatas desse padrão de comportamento ainda não são totalmente compreendidas.
Sabe-se que existe uma forte influência de alterações neurológicas, fatores ambientais e genéticos, que levam ao comprometimento da flexibilidade cognitiva. Além disso, a preferência por estabilidade pode ser intensificada por desafios no processamento sensorial, tornando o cotidiano mais previsível e, portanto, mais fácil de gerenciar.
Há também a hipótese de que essa rigidez funcione como uma forma de autoproteção. Uma vez que se estabelece uma rotina já conhecida, a ansiedade de lidar com o novo reduz e a falsa sensação de estar no controle assume um papel importante.
Principais características
Entenda quais são as principais características da rigidez cognitiva:
- dificuldade de socializar;
- resistência ao novo;
- apego à padrões;
- rotina muito bem definida;
- tendência a praticar as mesmas atividades e frequentar os mesmos locais;
- restrição alimentar;
- baixa flexibilidade emocional.
Consequências da rigidez cognitiva
A rigidez cognitiva traz inúmeras consequências pessoais e profissionais. Sabe-se que para lidar com o mundo atual, onde as mudanças estão acontecendo de forma cada vez mais rápidas, a flexibilidade é uma característica fundamental.
Especialmente no mundo corporativo, onde a rigidez cognitiva pode comprometer as interações sociais, o aprendizado e a adaptabilidade às situações do dia a dia, especialmente aquelas estressantes e que necessitam de “jogo de cintura”, levando a dificuldades de se ajustar ao mercado de trabalho.
Em outras situações sociais, como relacionamento amoroso, familiar e em grupos de amigos, pessoas com rigidez cognitiva podem sofrer muito para se encaixarem em diferentes grupos. Esse desconforto pode levar ao isolamento social, prejudicando muito a saúde mental e aumentando a tendência a sintomas depressivos.
Ademais, outras situações cotidianas que podem parecer simples, como matricular-se em uma academia, ir ao mercado fazer compras ou viajar para outra cidade, podem ser verdadeiros pesadelos na vida de quem apresenta rigidez cognitiva e tem dificuldade de lidar com situações novas.
Todos esses cenários geram sensações como intensa ansiedade e estresse psicológico.
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Como melhorar a rigidez cognitiva?
Aprenda como trabalhar a rigidez cognitiva de forma efetiva e amenizar os sintomas:
- Procurar auxílio profissional: técnicas como a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) são excelentes para identificar padrões e trabalhar os sentimentos associados a mudanças;
- Se expor, aos poucos, a novas situações: é importante começar a quebrar os padrões para ter repertório para lidar com diferentes cenários, entretanto, esse movimento precisa ser feito aos poucos, respeitando limites, para evitar o trauma;
- Treinar habilidades sociais, como escuta e conversa;
- Variar, aos poucos, a rotina: experimentar um alimento novo no café da manhã, fazer uma rota diferente para ir ao trabalho, quebrar a rotina com uma pequena atividade;
- Aprender técnicas de relaxamento e controle emocional;
Além dessas estratégias, o uso de ômega 3 pode ser uma ferramenta interessante para lidar com a rigidez cognitiva em indivíduos com autismo. Devido ao seu papel neuroprotetor e sua importante função na estrutura cerebral e na transmissão de sinais nervosos, o ômega 3 tem se mostrado um aliado eficaz no tratamento de diversos distúrbios do desenvolvimento neurológico. *
Pessoas com distúrbios psiquiátricos tendem a possuir níveis mais elevados de citocinas pró-inflamatórias, substâncias que contribuem para o comprometimento da saúde cerebral. Nesses casos, o uso de ômega 3, com suas propriedades anti-inflamatórias, pode ser benéfico para controlar esse quadro inflamatório e amenizar os sintomas. *
Outro nutriente importantíssimo na saúde neurológica é a vitamina B12. Já foi comprovado * que sua deficiência está relacionada a diversos sintomas e sinais, que variam desde tremores e alterações motoras, até déficits cognitivos e atrofias cerebrais.
Além do mais, quadros deficitários em vitamina B12 resultam em comprometimento do funcionamento metabólico da homocisteína, uma substância tóxica que ocasiona complicações neurológicas. *
A rigidez cognitiva não é uma escolha e pode causar muito sofrimento em quem convive com essa realidade. Por isso, é importante trabalhar para amenizar seus sintomas e conseguir flexibilizar mais sua vida.
Referências
- VIEIRA, JAQUELINY MICHELLY MONTEIRO MARANHÃO. IMPACTO NUTRICIONAL DA SELETIVIDADE ALIMENTAR NO TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA: DEFICIÊNCIA DE VITAMINA B12 E AS CONSEQUÊNCIAS PARA O DESENVOLVIMENTO NEUROLÓGICO DA CRIANÇA NO TEA
- Agostoni C, Nobile M, Ciappolino V, Delvecchio G, Tesei A, Turolo S, Crippa A, Mazzocchi A, Altamura CA, Brambilla P. The Role of Omega-3 Fatty Acids in Developmental Psychopathology: A Systematic Review on Early Psychosis, Autism, and ADHD. Int J Mol Sci. 2017 Dec 4;18(12):2608.
- Griesi-Oliveira, K., & Sertié, A. L.. (2017). Autism spectrum disorders: an updated guide for genetic counseling. Einstein (são Paulo), 15(2), 233–238.