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Leptina: o que é e como ela atua no emagrecimento

A leptina ficou conhecida entre as pessoas que buscam pelo emagrecimento justamente por ser o hormônio que regula a saciedade. Mas, será que é mesmo assim que funciona? Seria, então, a leptina a responsável pela saciedade e consequente redução da ingesta calórica que promove a perda de peso?

Confira abaixo o que é a tão falada leptina, qual sua real contribuição no emagrecimento e como regular a leptina.

O que é leptina?

Para entender o que é a leptina e como ela atua, precisamos compreender um pouco do que é homeostase energética. Esse termo faz referência à capacidade do nosso corpo de manter estáveis os níveis energéticos.

Nosso organismo sempre irá prezar pela manutenção do seu estado atual, inclusive do seu  peso usual - e ele o faz através da homeostase energética: que é, basicamente, um conjunto de mecanismos usados para garantir a estabilidade do peso. 

Esse mecanismo atua mais ou menos da seguinte forma: se você come muito em uma refeição, o organismo aciona mensagens de saciedade por mais tempo, para que você regule a ingesta calórica e volte ao seu peso anterior. Da mesma forma, se você está em uma dieta baixa em calorias, seu organismo aciona mecanismos para que você sinta mais fome e gaste menos calorias, se tornando mais propenso a voltar ao peso anterior (e não a perder peso). 

Dentre esses mecanismos está a ação da leptina: hormônio da saciedade, liberado pelo tecido adiposo, quando há ingestão alimentar. 

Principais funções da leptina

Vamos entender melhor qual a função da leptina no organismo:

Controle da apetite

Assim que se inicia o processo de ingestão alimentar, o Sistema Nervoso Central envia sinalizações para que o tecido adiposo - o local onde é armazenada a gordura corporal - libere o hormônio leptina na corrente sanguínea, que enviará sinais de saciedade ao organismo para que ele pare de ingerir alimentos. 

Existe um tempo entre o início da refeição e a sinalização de saciedade para o cérebro, por isso é tão importante comer devagar e prestar atenção nos sinais que o corpo traz de que você já está satisfeito. Isso é a leptina agindo.

Regulação do consumo alimentar

Vias efetoras centrais sensíveis aos níveis de leptina interagem com circuitos de saciedade no tronco cerebral para regular o tamanho das refeições, modulando, assim, nosso consumo alimentar e balanço energético.

Controle de peso

Quando nos alimentamos, a leptina começa a circular no sangue até chegar no Sistema Nervoso Central, mais especificamente no hipotálamo. A leptina inibe circuitos neurais anabólicos, que estimulam a alimentação e evita o gasto energético, ao mesmo tempo em que ativa circuitos catabólicos, que inibem o consumo alimentar e aumentam o gasto energético. Desta forma, a leptina auxilia na manutenção e evita o ganho de peso.

Quebra de gordura e efeito termogênico

A leptina também controla a homeostase energética a longo prazo, ou seja, é responsável por acionar mecanismos de regulação da manutenção do peso corporal. Em pessoas saudáveis, a leptina reduz o consumo alimentar, enquanto aumenta o gasto energético, aumenta a lipólise - ou seja, quebra de gordura para sua posterior eliminação - e termogênese - que é o aumento da queima calórica.

Diferença entre grelina e leptina

Ao contrário da leptina, que estimula a saciedade, o hormônio grelina estimula a fome. Produzida e liberada grande parte pelo estômago, com pequenas quantidades pelo intestino delgado, pâncreas e cérebro, a grelina também faz parte do processo de homeostase energética abordado no início do texto. Porém, seu efeito é o oposto ao da leptina.

Quando há baixa ou nenhuma ingesta calórica e o organismo começa a sentir o “nível de energia cair”, ele aciona mecanismos de sinalização de fome, dentre eles a grelina. Assim que o consumo alimentar começa a ser feito e está próximo de sanar as necessidades do corpo, entra a leptina para antagonizar os efeitos da grelina, que também reduz, levando à saciedade.

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Qual a relação entre a leptina e a obesidade?

Aqui surge um ponto ambíguo, que diz respeito à leptina e obesidade. Se quanto mais leptina, maior a sinalização de saciedade para o organismo, e a leptina é produzida e liberada pelo tecido adiposo, local onde a gordura é acumulada, então pessoas com maior quantidade de tecido adiposo deveriam ter maior liberação de leptina e, consequentemente, maior saciedade e melhor controle do apetite e peso.

Mas então, pessoas obesas deveriam comer pouco e gastar mais energia, certo? 

Correto! Acontece que no meio do caminho do ganho de peso problemas começam a acontecer. 

É apropriado pensar que, quanto maior o tecido adiposo, maior  a produção e liberação da leptina. Porém, apenas ter a leptina circulante na corrente sanguínea não basta para que ela aja na saciedade. Para que essa sinalização ocorra, ela precisa se ligar à receptores de leptina. Existe sim muito mais leptina circulante em obesos, porém as moléculas se tornam defeituosas e seus receptores também acabam desenvolvendo defeitos. 

Então ela deixa de sinalizar adequadamente o hipotálamo e ele não vai conseguir detectar esse sinal de saciedade. Se o hipotálamo não detecta sinal de saciedade, a pessoa vai acabar comendo mais e isso vai diminuir o gasto energético também.

Qual a relação entre a leptina e o emagrecimento?

O papel da leptina para emagrecer é crucial. Dentre os diversos hormônios, neurotransmissores e nutrientes que regulam os processos de quebra e uso de energia, a leptina ganha destaque como um dos principais fatores associados ao controle do peso.

É por meio da sua ação, juntamente a outros mecanismos corporais, que somos capazes de sentir a saciedade e isso inibe a ingestão alimentar até que os estoques de comida caiam de novo e seja necessário uma próxima refeição.

Quando há um processo de emagrecimento, a leptina auxilia no controle alimentar e estimula o gasto calórico. Porém, devido à programação natural do corpo de procurar sempre manter o peso atual, ao passo que o emagrecimento ocorre, sinais de fome ficam mais aparentes e sinais de saciedade, liberados pela leptina, reduzem. Isso também ocorre porque a leptina é liberada pelo tecido adiposo que, quando perdido mediante ao emagrecimento, também reduz a leptina.

O que acontece quando a leptina está alta?

Diferente do que se imagina, ter a leptina alta não é sinônimo de maior emagrecimento, pelo contrário, esse quadro se dá em indivíduos com maior quantidade de gordura. Os níveis sanguíneos de leptina estarem aumentados, significa que há muita leptina circulante - ocasionada pela grande quantidade de tecido de gordura, que produz uma quantia exacerbada, juntamente a resistência à leptina encontrada nas células com receptores à esse hormônio. 

Como aumentar a leptina não é uma estratégia interessante a ser usada, pois esse quadro caracteriza, por mais contraditório que parece, uma menor sensibilidade à saciedade.

Como regular os níveis de leptina?

  • Emagrecimento: entrar em um processo de perda do tecido adiposo irá reduzir a quantidade de leptina produzida e liberada.
  • Alimentação saudável e suplementação: manter uma dieta com baixo teor de alimentos de potencial inflamatório e alto teor de fibras, compostos bioativos e antiinflamatórios e alimentos que aumentam a saciedade, como frutas, verduras, grãos e gorduras boas. Um bom suplemento para isso é o Ômega 3, que, segundo um estudo, auxilia na redução da inflamação ligada ao desenvolvimento da resistência à leptina.
  • Realizar exercícios físicos: ao menos 3x na semana, aderir à prática de exercícios físicos ajuda a melhorar a sensibilidade à leptina, regulando seus níveis.

Não há evidências de remédio para aumentar a leptina ou alimentos com leptina, pois a leptina é um hormônio produzido pelo corpo. Os cuidados com sua regulação precisam ser feitos por meio de bons hábitos de vida. 

À medida que continuamos a desvendar os segredos desse hormônio fascinante, é importante lembrar que a leptina é apenas uma peça do quebra-cabeça complexo do controle do peso e do metabolismo. 

Referências

Texto escrito por Joana Mazzochi, formada em Administração Empresarial pela UDESC e em Nutrição pela UNIVALI (CRN-10/10934). Além de produzir conteúdo sobre nutrição e saúde, atende pacientes que desejam melhorar a relação com a alimentação.

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