Anemia falciforme: compreendendo a doença e sua causa genética
A anemia falciforme é uma doença de causa genética, desenvolvida por uma alteração de DNA na proteína formadora das hemoglobinas - as células vermelhas do sangue. Seu nome se refere à alteração da forma estrutural da célula, que parece com uma foice.
Entenda melhor sobre a anemia falciforme: características genéticas, como diagnosticar o mais cedo possível e tratamentos disponíveis.
O que é a anemia falciforme e como ela é causada?
A anemia é uma condição de saúde caracterizada pela redução dos níveis de hemoglobina no sangue. A hemoglobina é uma proteína presente nas hemácias, ou glóbulos vermelhos, que transporta oxigênio para todo o corpo.
O oxigênio é fundamental para a produção de energia nos órgãos e tecidos, e a falta dele pode levar à fadiga e à indisposição, que são os sintomas mais comuns. As características da anemia podem variar dependendo da sua causa, e o diagnóstico deve ser feito por um profissional de saúde, por meio de exames de sangue.
Um dos tipos mais comuns é a anemia falciforme, causada por uma mutação no gene HBB, responsável pela produção de hemoglobina. Nessa condição onde a anemia falciforme é uma herança genética, a hemoglobina apresenta uma deformidade, assumindo uma forma mais afilada e rígida, semelhante a uma foice, em vez da forma normal de disco.
Essa alteração genética resulta em uma vida média reduzida das hemácias, diminuindo a quantidade de hemoglobina no sangue. Além disso, os glóbulos vermelhos em forma de foice enfrentam dificuldades para passar por vasos sanguíneos estreitos, o que pode causar obstruções e até rupturas nos vasos.
1. hemoglobina normal
2. hemoglobina com anemia falciforme
Como a anemia falciforme é herdada?
A anemia falciforme é herdada quando o gene alterado é passado para o bebê tanto do pai, quanto da mãe. Ou seja, a anemia falciforme é uma doença genética autossômica, um tipo de alteração genética recessiva que só será manifestada se o gene mutado HBB vier de ambas as partes paterna e materna.
Portanto, apenas filhos de pais onde ambos carregam essa herança genética, têm chance de desenvolver anemia falciforme. Se apenas um dos genitores passar o gene alterado, a pessoa se tornará portadora do traço falciforme, mas não irá manifestar a doença - ele será assintomático, mas terá chances de passar a doença aos seus filhos.
Diagnóstico e testes genéticos
Através do Teste Genético, tradicionalmente conhecido como Teste do Pezinho, é possível identificar a presença da mutação genética capaz de diagnosticar a anemia falciforme. Esse teste é realizado entre o 3 e 5o dia de vida e é fundamental para o manejo do tratamento.
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Teste Genético
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Tratamentos e cuidados
A anemia falciforme é resultado de uma mutação genética, e atualmente não há cura para essa condição. Por isso, é fundamental que os cuidados e o acompanhamento médico sejam contínuos para melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Um aspecto simples, mas crucial no tratamento da anemia falciforme, é a adequada ingestão de água, pois a desidratação aumenta a viscosidade do sangue, podendo causar dor e agravar a condição. Além disso, uma alimentação saudável e equilibrada é essencial para evitar deficiências nutricionais que possam afetar a saúde.
As transfusões de sangue são uma terapia comum, ajudando na reposição de hemoglobina e na redução dos glóbulos falciformes. O uso de máscaras de oxigênio pode ser uma alternativa para aliviar os sintomas e aumentar a oxigenação.
Medicamentos como analgésicos e anti-inflamatórios são frequentemente utilizados para controlar a dor. Suplementos de ácido fólico e ferro também podem ser recomendados. O tratamento deve ser individualizado, e é crucial que os pacientes trabalhem em estreita colaboração com seus profissionais de saúde para gerenciar a condição de forma eficaz.
Atualmente, pesquisas estão sendo realizadas sobre o uso de terapia genética para tratar a alteração genética da anemia falciforme. A terapia gênica visa corrigir genes mutados ou realizar modificações específicas para fins terapêuticos.
Recentemente, pesquisadores da Universidade da Califórnia e de Utah obtiveram sucesso na correção da mutação do gene da hemoglobina associada à anemia falciforme, mostrando uma redução na expressão do gene mutado e um aumento na expressão do gene normal.
Por fim, a anemia falciforme é uma condição genética complexa que traz consigo diversos desafios para quem convive com a doença. Compreender as bases genéticas dessa doença é fundamental, pois permite tanto o diagnóstico precoce quanto o desenvolvimento de estratégias de tratamento e manejo adequados.
Referências
- Gonçalves, G. A. R., & Paiva, R. de M. A.. (2017). Gene therapy: advances, challenges and perspectives. Einstein (São Paulo), 15(3), 369–375.
- COSTA, Fernando Ferreira; CONRAN, Nicola; FERTRIN, Kleber Yotsumoto. Anemia falciforme. Zago MA, Falcão RP, Pasquini R. Hematologia. Fundamentos e Prática. 1ª ed. Rio de Janeiro, 2001.
- Zago, M. A., & Pinto, A. C. S.. (2007). Fisiopatologia das doenças falciformes: da mutação genética à insuficiência de múltiplos órgãos. Revista Brasileira De Hematologia E Hemoterapia, 29(3), 207–214.
- SOUZA, Janaina Martins et al. Fisiopatologia da anemia falciforme. Revista transformar, v. 8, n. 8, p. 162-178, 2016.
Artigo escrito por Joana Mazzochi, formada em Administração Empresarial pela UDESC e em Nutrição pela UNIVALI (CRN-10/10934). Além de produzir conteúdo sobre nutrição e saúde, atende pacientes que desejam melhorar a relação com a alimentação.