Quem tem ovário policístico pode engravidar?
A Síndrome dos Ovários Policísticos, também conhecida por SOP, é uma doença complexa, cujo número de diagnósticos vêm aumentando exponencialmente.
Mulheres com essa condição ginecológica apresentam diversos sintomas característicos, que afetam desde o ciclo menstrual, a pele, os cabelos, o metabolismo e podem até influenciar no ganho de peso.
Apesar das inúmeras dúvidas em torno do diagnóstico, tratamento e efeitos colaterais sofridos pela doença, o que mais preocupa as mulheres é saber se quem tem ovário policístico pode engravidar.
Por tanto, foram reunidas diversas evidências científicas a respeito do ovário policístico: o que é, quais as causas, tratamentos e se é possível engravidar após o diagnóstico.
O que é Síndrome do Ovário Policístico (SOP)?
A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é uma doença endócrina que tem a presença de dois principais elementos: o aumento de hormônios andrógenos (como a testosterona - que são naturalmente baixos em mulheres e altos em homens) e a presença de cistos em um ou nos dois ovários.
Ainda é possível a existência de um terceiro elemento: a alteração no metabolismo de carboidratos, provocando resistência à insulina.
A síndrome do ovario policistico apresenta sintomas, como:
- irregularidade menstrual ou amenorréia (pausa total da menstruação);
- aumento de peso;
- crescimento anormal de pelos;
- pele acneica e com aumento de oleosidade;
- queda de cabelo.
A SOP representa uma das desordens endócrinas reprodutivas femininas mais comuns, acometendo cerca de 5% a 10% da população em idade fértil.
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A partir dos 30 anos, é normal que as funções celulares do nosso corpo comecem a diminuir, sendo a suplementação uma excelente maneira de repor essa perda. A Coenzima Q10, CoQ10 ou ubiquinona, é uma substância lipossolúvel semelhante a uma vitamina, que é produzida naturalmente pelo nosso corpo e considerada essencial na produção de energia e metabolismo energético.
Ovários policísticos: como é feito o diagnóstico
O diagnóstico de SOP pode ser um pouco complexo e, muitas vezes, errôneo. Isso porque, ao contrário do que se imagina, a presença de cistos no ovário vista por meio de ultra-som não é o suficiente para diagnosticar a síndrome.
A suspeita de ovários policísticos inicia-se pelos sintomas no ciclo menstrual e pelo aumento das concentrações de testosterona ou androstenediona no sangue, associados aos sintomas característicos de acne, alopecia e outros.
Outro achado nos exames é o aumento do hormônio da insulina, causado pela resistência à insulina compensatória, provocada pelo quadro da SOP. Apesar de comum, essa alteração nem sempre está presente.
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Afinal, mulheres com SOP podem engravidar?
Uma das grandes preocupações em torno do diagnóstico da Síndrome do Ovário Policistico: pode engravidar com o tratamento correto? A resposta é sim.
A qualidade de vida da mulher com SOP sofre diversas interferências derivadas dos problemas hormonais, como aumento de peso, pele acneica e queda de cabelo.
No entanto, uma das principais dificuldades enfrentadas pelas portadoras de SOP é desencadeada por distúrbios menstruais: a possível infertilidade, que provoca sofrimento e aumenta a prevalência do desenvolvimento de depressão nessa população.
A Síndrome dos Ovários Policísticos é uma das razões mais prevalentes de infertilidade entre as mulheres. Os ovários são responsáveis por gerar o óvulo (parcela feminina na formação do embrião) e levá-lo, através das trompas, até o útero. Esse procedimento é conhecido como ovulação e geralmente ocorre uma vez por mês.
Porém, em mulheres com SOP esse processo é ausente ou irregular, pois os cistos ovarianos, em conjunto com as alterações hormonais, frequentemente impedem a formação do óvulo, provocando infertilidade ou dificuldade de engravidar.
Entretanto, estudos * têm explorado como tratar ovário policístico para engravidar, por meio de técnicas comportamentais, médicas e cirúrgicas para melhorar a fertilidade de mulheres com SOP.
- lipogênese: formação de gordura que será armazenada no fígado e no tecido adiposo;
- lipólise: quebra da gordura;
- β-oxidação lipídica: queima de gordura.
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Tratamentos para melhorar a fertilidade com SOP
Existem diversos meios para tratar a SOP e eles sempre terão como pontapé inicial as mudanças no estilo de vida, especialmente na alimentação e atividade física.
Devido à frequente presença da resistência à insulina nos quadros de SOP, uma dieta com menor teor de carboidratos e a inclusão de exercícios físicos na rotina, serão alternativas indispensáveis não apenas no início do tratamento, mas para serem levadas a vida toda.
A alimentação saudável e os exercícios físicos também auxiliam no retorno dos ciclos ovulatórios, juntamente ao tratamento medicamentoso. A perda de 5 a 10% do peso pode ser suficiente para restabelecer a função ovariana e melhorar a resposta à indução da ovulação. Segundo o estudo, cerca de 50 a 80% das pacientes com SOP voltam a ovular com tais medidas e, dessas, 40 a 50% engravidaram.
Assim, a modificação no estilo de vida, com dieta e exercícios físicos, deve ser considerada a primeira opção terapêutica para as mulheres com SOP, com intuito não apenas de restabelecer a ovulação e favorecer a gravidez, como também para prevenir as complicações a longo prazo associadas à SOP, como diabetes mellitus tipo 2, hipertensão e doenças cardiovasculares, conforme pontua o estudo.
Além da dietoterapia, também é possível contar com a suplementação para melhorar marcadores inflamatórios e metabólicos, como o suplemento de Coenzima Q10, que além de desempenhar uma função importante na produção de energia celular, é um nutriente que também atua como antioxidante.
Com isso em foco, os efeitos da ingestão da coenzima Q10 foram relacionados à melhora no perfil inflamatório e ao aumento da chance de gravidez em mulheres com SOP, segundo pesquisas *.
Para aquelas que não respondem ao tratamento, outros métodos podem ser abordados, como a fertilização in vitro e cirurgia laparoscópica, como aponta o artigo.
Melhora da sensibilidade à insulina
Dicas de estilo de vida e gestão da SOP
Uma vez que a gravidez foi concebida, é importante saber que o tratamento não acabou e é imprescindível não haver descuidos nesse período, pois gestantes com SOP apresentam maior incidência de complicações obstétricas, como diabetes mellitus gestacional, hipertensão, nascimento prematuro e aborto.
Portanto, além de comparecer fielmente às consultas médicas e seguir à risca as orientações propostas, gestantes com SOP devem continuar o tratamento dietético, prática de exercícios físicos e abolição de vícios, como o tabagismo e o uso de bebidas alcoólicas.
Referências
- Rahmani E, Jamilian M, Samimi M, Zarezade Mehrizi M, Aghadavod E, Akbari E, Tamtaji OR, Asemi Z. The effects of coenzyme Q10 supplementation on gene expression related to insulin, lipid and inflammation in patients with polycystic ovary syndrome. Gynecol Endocrinol. 2018 Mar;34(3):217-222. doi: 10.1080/09513590.2017.1381680. Epub 2017 Sep 26. Update in: Gynecol Endocrinol. 2023 Dec;39(1):1841983. PMID: 28949260.
- PRESTES, Gabriele da Silveira. Coenzima Q10 na síndrome dos ovários policísticos: revisão sistemática e metanálise.
- Santana LF, Ferriani RA, Sá MFS de, Reis RM dos. Tratamento da infertilidade em mulheres com síndrome dos ovários policísticos. Rev Bras Ginecol Obstet [Internet]. 2008 Apr;30(4):201–9.
- Junqueira PA de A, Fonseca AM da, Aldrighi JM. Síndrome dos ovários policísticos. Rev Assoc Med Bras [Internet]. 2003 Jan;49(1):13–4.
- BRAGATO, Bruno Fernandes; DE PAULA VITORINO, Jessica. Relação entre Síndrome dos Ovários Policísticos e Infertilidade. Revista Eletrônica Acervo Médico, v. 20, p. e11279-e11279, 2022.
Texto escrito por Joana Mazzochi, formada em Administração Empresarial pela UDESC e em Nutrição pela UNIVALI (CRN-10/10934). Além de produzir conteúdo sobre nutrição e saúde, atende pacientes que desejam melhorar a relação com a alimentação.
Texto revisado por Rafaela Fürst Galvão, nutricionista graduada pela Unisul (CRN-10: 11807) e publicitária graduada pela ESPM-SUL. Desenvolve projetos de comunicação e produção de conteúdo para a área da saúde desde 2016.