Atualizado em 14 de Maio de 2025

Criado por Suelen Santos da Costa - Nutricionista

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GABA e TDAH: explorando a conexão neurobiológica

Ilustração sobre o TDAH
Ilustração sobre o TDAH

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é uma condição neuropsiquiátrica complexa que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, especialmente crianças e adolescentes. Caracterizado por sintomas de desatenção, agitação e impulsividade, o TDAH pode impactar significativamente a qualidade de vida e o funcionamento diário dos indivíduos que vivenciam essa condição. Embora os tratamentos convencionais, como terapia comportamental e medicamentos estimulantes, sejam amplamente utilizados para gerenciar os sintomas do TDAH, a busca por abordagens terapêuticas alternativas e complementares continua. Nesse contexto, o ácido gama-aminobutírico, ou GABA, tem despertado interesse crescente como uma possível opção de tratamento para o TDAH.

Neste texto, explicaremos em detalhes o papel do GABA para o TDAH. Examinaremos as evidências científicas disponíveis, os mecanismos de ação propostos e as considerações clínicas relevantes para o uso de suplementos de GABA no manejo dessa condição neuropsiquiátrica desafiadora.

Como o GABA age no sistema nervoso?

O ácido gama-aminobutírico, ou GABA, é um aminoácido fundamental no cérebro, atuando como neurotransmissor. Sua principal função é inibir os impulsos entre as células nervosas, promovendo um efeito calmante e relaxante quando se liga aos receptores específicos.

Amplamente distribuído por diversas regiões cerebrais, o GABA atua para diminuir a excitabilidade neuronal. Essa regulação é crucial para um funcionamento cerebral saudável, prevenindo a superexcitação que pode levar a convulsões e outros distúrbios neurológicos.

Além disso, o GABA desempenha um papel crucial na regulação do humor, ansiedade e estresse. Estudos recentes também destacaram a possível relação entre a disfunção do sistema GABAérgico e os sintomas do TDAH, especialmente os relacionados à hiperatividade e impulsividade. A modulação inadequada das sinalizações de GABA e glutamato pode contribuir para a manifestação desses sintomas, enfatizando assim, a importância do equilíbrio do sistema GABAérgico no tratamento do TDAH.

GABA no tratamento para TDAH

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é amplamente estudado devido ao seu impacto significativo na qualidade de vida, especialmente em crianças e adolescentes. Pesquisas recentes fornecem insights sobre a relação entre o ácido gama-aminobutírico (GABA) e o TDAH. Como explicado, o GABA é um neurotransmissor que desempenha um papel crucial na regulação da atividade cerebral, particularmente na inibição de impulsos entre as células nervosas. Quando há uma modulação inadequada das sinalizações do GABA no cérebro, de acordo com os estudos, isso pode levar a problemas de controle comportamental, característicos do TDAH.

Os pesquisadores investigaram variantes genéticas específicas, como aquelas encontradas nos genes LPHN3, GAD1, GABRA1, GABRB2 e GAT1, para entender sua relação com o TDAH. Descobriram associações entre certos haplótipos e SNPs em alguns desses genes, sugerindo um potencial papel na suscetibilidade ao TDAH e na resposta ao tratamento, incluindo o uso de medicamentos como o metilfenidato.

Embora os estudos não tenham encontrado associação entre variantes nos genes GABRA1, GABRB2 e GAT1 e o TDAH, eles destacam a importância de entender o papel do equilíbrio entre a excitação e a inibição no cérebro, regulado pelo glutamato e pelo GABA, na etiologia e tratamento do TDAH.

Em resumo, os estudos sugerem que uma modulação adequada das sinalizações do GABA pode ser crucial para o funcionamento cerebral saudável e pode desempenhar um papel importante no desenvolvimento e tratamento do TDAH.

O papel do estilo de vida e da alimentação no manejo do TDAH

Certos hábitos alimentares e atividades físicas são reconhecidos por desempenhar um papel significativo na gestão dos sintomas do TDAH e na promoção da saúde cerebral.

Embora não seja possível obter GABA diretamente dos alimentos, nutrientes presentes em certos alimentos podem ajudar na produção natural dessa substância no corpo. Por exemplo, a vitamina B6, encontrada em alimentos como amendoim e semente de girassol, é um exemplo de nutriente que pode influenciar os níveis de GABA. Além disso, alimentos ricos em probióticos e prebióticos, como frutas, legumes e iogurtes fermentados, podem facilitar a produção de GABA no organismo.

Práticas como yoga, meditação e fitoterapia, utilizando ervas como valeriana e camomila, também podem ajudar a aumentar os níveis de GABA e promover uma função cerebral saudável.

É importante ressaltar que o estilo de vida desempenha um papel fundamental no manejo do TDAH, contribuindo não apenas para a redução dos sintomas, mas também para a saúde geral do cérebro. Adotar uma dieta balanceada, rica em nutrientes essenciais e alimentos que promovem a produção de GABA, juntamente com a prática regular de atividade física e técnicas de relaxamento, pode ser uma abordagem eficaz e integrativa no tratamento do TDAH.

Suplementação com GABA

Um dos principais desafios relacionados à suplementação com GABA é determinar a dosagem adequada para obter os benefícios desejados. Até o momento, não há consenso sobre a quantidade ideal de GABA a ser consumida, e alguns especialistas recomendam cautela devido à falta de evidências sólidas.

Apesar das incertezas em torno da suplementação com GABA, alguns estudos sugerem possíveis benefícios do GABA para além do TDAH, como:

  • recuperação muscular e construção de massa magra;
  • melhora das habilidades cognitivas no geral.

Embora a suplementação com GABA possa oferecer potenciais benefícios, é importante reconhecer as limitações das evidências disponíveis e proceder com cautela. Antes de iniciar qualquer suplementação, é recomendável consultar um profissional de saúde qualificado para avaliar a adequação e segurança do uso de GABA, especialmente para pessoas com condições médicas preexistentes ou que estejam utilizando outros medicamentos.

Referências

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Conteúdo criado por especialista:

Suelen Santos da Costa

Nutricionista

Este artigo foi escrito por Suelen Costa dos Santos, nutricionista (CRN 10 – 7816), formada pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Possui pós-graduação em Nutrição Clínica Funcional pela VP – Centro de Nutrição Funcional, uma das instituições mais renomadas da área. Seu trabalho é guiado pelos princípios da nutrição funcional, com foco na promoção da saúde e na individualidade bioquímica.

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