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Hiperatividade infantil: o que é, sintomas e como tratar

É natural que crianças tenham altos níveis de energia e entusiasmo pela vida, mas, quando essa energia ultrapassa os limites do que é considerado típico para o desenvolvimento infantil, pode ser um indicativo de hiperatividade. Saber diferenciar a empolgação característica da infância e os sintomas de hiperatividade infantil é um grande desafio para pais, cuidadores e educadores.

Identificar os sintomas da hiperatividade em crianças é o primeiro passo para procurar ajuda profissional e oferecer o suporte necessário para lidar com este desafio. A seguir, conheça os principais sintomas e formas de lidar com a hiperatividade infantil.

O que é hiperatividade infantil?

A hiperatividade infantil, também conhecida pelo nome de Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), é um distúrbio comportamental que tem apresentado um aumento significativo no número de diagnósticos nos últimos anos. Frequentemente identificada na infância, por isso o nome de hiperatividade infantil, o quadro também pode apresentar um diagnóstico tardio durante a adolescência, juventude ou até mesmo na vida adulta.

Caracterizada por ser uma condição psicológica impactante, a hiperatividade infantil pode afetar profundamente a saúde mental, a educação, a socialização e o desenvolvimento pessoal da criança.

A compreensão completa das causas da hiperatividade infantil ainda não foi esclarecida, mas se sabe que sua origem é multifatorial, envolvendo fatores genéticos, neurológicos e ambientais. Alguns especialistas apontam que os exames de teste genético podem ser indicados quando há vários casos de TDAH em uma mesma família, ou quando existe uma suspeita clínica de variantes genéticas específicas.

Estudos atuais também sugerem a presença de uma disfunção no sistema nervoso central nestes quadros, destacando possíveis falhas na atuação de neurotransmissores, como a dopamina, em diversas regiões do cérebro. Além disso, as pesquisas indicam uma diminuição na atividade neural de certas regiões cerebrais, como a região frontal, em pacientes com sintomas de hiperatividade infantil, evidenciando a estreita relação entre a saúde cerebral e esse transtorno.

Sintomas e sinais de hiperatividade infantil

Conforme definidos pelo Código Internacional de Doenças (CID), os 3 sintomas da hiperatividade infantil, são:

  • desatenção;
  • hiperatividade exacerbada;
  • impulsividade disfuncional. 

Esses sintomas de hiperatividade infantil ainda podem se manifestar como:

  • ansiedade;
  • baixo desempenho escolar;
  • dificuldade de manter o foco em um assunto ou atividade por vez;
  • fala excessiva e acelerada;
  • dificuldade de compreender instruções;
  • inquietude e agitação constantes;
  • dificuldade de relaxar.

Esses sintomas se manifestam na infância em crianças que enfrentam dificuldades de atenção, de lidar com o tédio, impulsividade e hiperatividade. Geralmente, esses sinais começam a aparecer antes dos sete anos e são observados em contextos cotidianos, como o convívio familiar e as atividades escolares.

Como diferenciar a hiperatividade normal da patológica?

Distinguir os sintomas de hiperatividade típica do desenvolvimento daquela associada ao TDAH, pode ser muito difícil. O comportamento na infância passa por diversas mudanças ao longo dos anos e por isso o diagnóstico requer uma avaliação profissional cuidadosa.

Um dos pontos característicos da diferença entre a hiperatividade infantil patológica e o comportamento típico de uma criança agitada, está na intensidade e frequência com que os sintomas são percebidos, assim como o contexto em que a criança está inserida.

Por exemplo, é comum que a criança apresente comportamento agitado em situações pontuais, por exemplo quando está em uma festa de aniversário ou brincando com seus colegas - ela irá correr, falar excessivamente, rir, querer brincar com todos os brinquedos, negar se sentar. Apresentar esse mesmo comportamento no dia a dia, em ambientes que não despertam naturalmente tais comportamentos, como durante as aulas,  em casa, no mercado, em consultas médicas, pode ser um ponto de atenção. 

Outro ponto importante a ser observado, é o quanto o comportamento hiperativo está afetando as atividades diárias. Baixo rendimento escolar, dificuldade de interagir e socializar, problemas em manter uma conversa, falta de foco e concentração, dificuldade em concluir atividades cotidianas, podem ser consequências dos sintomas de hiperatividade infantil.

Por fim, a melhor forma de se ter certeza sobre o diagnóstico de hiperatividade infantil é por meio da avaliação de profissionais da saúde, como pediatras, psiquiatras, neurologistas ou neuropediatras.

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Suplementos alimentares e hiperatividade infantil

Levando em conta que a hiperatividade infantil é um distúrbio de caráter neurológico e que, na fase da infância, esse sistema ainda está em acelerado desenvolvimento, é importante compreender a importância e impacto dos nutrientes nesse processo. 

Alguns suplementos que apresentam respaldo científico para a hiperatividade infantil, são: 

Ômega 3

Trata-se de um ácido graxo que está presente na estrutura da membrana que envolve e protege o cérebro e os neurônios de agentes nocivos. Dessa forma, o ômega-3 tem um importante papel na saúde neurológica. Conforme um estudo envolvendo crianças de 6 a 13 anos, diagnosticadas com hiperatividade infantil, a utilização regular de ômega 3 demonstrou impactos positivos abrangentes, incluindo melhorias na ortografia, atenção, hiperatividade, problemas cognitivos e uma redução no comportamento opositor. 

Uma outra pesquisa focada em crianças de 6 a 12 anos com TDAH, indicou que a suplementação de ômega 3 resultou em aprimoramentos na função da memória de trabalho. Outra revisão abrangente de estudos, destacou que a inclusão de suplementos de ômega 3 na dieta proporcionou benefícios significativos nos sintomas de hiperatividade infantil. Esses benefícios incluíram melhorias notáveis na impulsividade, atenção, aprendizado visual, leitura de palavras e na memória de trabalho/curto prazo.

Além disso, múltiplos estudos * adicionais reiteraram a eficácia do ômega 3 no tratamento do TDAH, evidenciando sua contribuição para a melhoria das funções cognitivas e de aprendizagem. Esses achados sugerem que a incorporação regular de ômega 3 na dieta pode desempenhar um papel relevante na abordagem terapêutica para pacientes com TDAH.

Magnésio, Ferro e Cobre

O magnésio é fundamental para a formação de serotonina, neurotransmissor conhecido como hormônio do “bem-estar”, sendo suas concentrações baixas implicadas em alterações de humor, ansiedade, irritabilidade, nervosismo e hiperatividade. Além do magnésio, o ferro e o cobre participam da síntese dos neurotransmissores do cérebro, como dopamina, norepinefrina e serotonina, além de proteger as membranas celulares neuronais por suas capacidades antioxidantes. Devido a isso, a deficiência desses minerais nos primeiros anos de vida pode afetar negativamente o desenvolvimento neural e comportamental de crianças, de acordo com o estudo.

Zinco

O zinco desempenha funções importantes na estrutura e função do cérebro, além de também participar da formação de serotonina e de melatonina, que é necessária para o metabolismo da dopamina. O estudo de revisão aponta a eficácia da suplementação de magnésio, zinco, cobre, cálcio e ferro em crianças com hiperatividade infantil. Os resultados obtidos apontaram importante diminuição dos sintomas de hiperatividade.

Tratamento para hiperatividade infantil

De acordo com o Código Internacional de Doenças (CID), a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC), abordada pela psicoterapia, é a medida não farmacológica ideal para tratar pacientes com transtorno de hiperatividade infantil. Dentro dessa proposta de tratamento, são trabalhadas algumas medidas cognitivas, como: reestruturação cognitiva, solução de problemas, diálogo interno, treinamento de autocontrole, auto reforço e treino de auto instrução.

Ademais, medidas comportamentais também precisam fazer parte do tratamento dos sintomas de hiperatividade infantil, as quais devem ser realizadas e supervisionadas com o auxílio dos pais ou responsáveis, como:

  • automonitoramento e autoavaliação - orientar a criança a monitorar seus comportamentos;
  • tarefas de casa - definir regras e condutas para que a criança consiga realizar atividades com mais foco e conclua tarefas sem deixar-se distrair facilmente, ir progredindo a complexidade da tarefa conforme a evolução da criança;
  • sistema de recompensas - trabalhar com recompensas benéficas perante tarefas realizadas;
  • treinamento de comunicação social - treinar comportamentos sociais a fim de evitar problemas de sociabilização futuros;
  • planejamento e cronograma - auxiliar a criança na organização da sua rotina, estimulando o foco e comprometimento.

Caso o médico psiquiatra julgue necessário, os fármacos comumente prescritos para TDAH são o metilfenidato ou a lisdexanfetamina. No entanto, ambos só podem ser adquiridos com receita controlada, pois tratam-se de medicamentos tarja preta. 

Ao reconhecer os sinais da hiperatividade infantil precocemente, pais e educadores podem procurar a orientação de profissionais especializados para avaliar a situação e discutir as melhores estratégias de manejo e intervenção. 

Cada criança é única e, portanto, a abordagem e o apoio necessários variam. Compreensão, paciência e amor são fundamentais no processo de apoio a uma criança com hiperatividade, garantindo que ela possa alcançar seu pleno potencial em um ambiente que respeite suas necessidades individuais.

Referências

Texto escrito por Joana Mazzochi, formada em Administração Empresarial pela UDESC e em Nutrição pela UNIVALI (CRN-10/10934). Além de produzir conteúdo sobre nutrição e saúde, atende pacientes que desejam melhorar a relação com a alimentação.

 

Texto revisado por Rafaela Fürst Galvão, nutricionista graduada pela Unisul (CRN-10: 11807) e publicitária graduada pela ESPM-SUL. Desenvolve projetos de comunicação e produção de conteúdo para a área da saúde desde 2016.

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