Atualizado em 18 de Março de 2025

Criado por Suelen Santos da Costa - Nutricionista

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Gastroenterite: o que é, causas, sintomas e tratamento

A gastroenterite é mais do que um desconforto passageiro; é uma condição que pode causar desidratação severa e desequilíbrio de eletrólitos, elementos fundamentais para o funcionamento do corpo.

Quando o organismo perde líquidos e sais minerais em excesso devido à diarreia e aos vômitos, o impacto vai além dos sintomas imediatos, afetando a energia, o bem-estar e até as funções vitais.

Entender exatamente o que é gastroenterite, suas causas, sintomas, formas de prevenção e tratamentos pode fazer toda a diferença na sua recuperação ou na proteção de quem você ama. Continue lendo para descobrir como cuidar melhor da saúde e evitar complicações!

O é gastroenterite?

A gastroenterite é uma inflamação que atinge a mucosa do trato gastrointestinal, abrangendo o estômago, intestino delgado e grosso. A principal diferença entre a gastroenterite aguda e a crônica é a duração: a gastroenterite aguda dura menos de 14 dias, enquanto a crônica dura mais de 28 dias. 

Essa condição pode ser causada por diversos agentes, incluindo vírus, bactérias e parasitas, adquiridos por meio da ingestão de alimentos ou água contaminados, contato direto entre pessoas ou, mais raramente, através de animais.

Além disso, entre as causas da gastroenterite estão fatores não infecciosos, como o consumo de medicamentos, drogas ou substâncias químicas tóxicas.

Os sintomas mais frequentes incluem diarreia, náuseas, vômitos, dores abdominais e febre. Em alguns casos, a desidratação pode ocorrer rapidamente, especialmente em crianças pequenas e idosos, exigindo atenção médica imediata. 

Causas

Como mencionado, a gastroenterite pode ser provocada por diferentes agentes, sendo os principais:

  • vírus: como o rotavírus e norovírus, que são altamente contagiosos e comuns em surtos;
  • bactérias: incluem Salmonella, Escherichia coli (E. coli) e Campylobacter, geralmente adquiridas pelo consumo de alimentos contaminados;
  • parasitas: como Giardia lamblia e Entamoeba histolytica, frequentemente transmitidos por água contaminada;

Ainda, ela pode ser ocasionada por fatores não infeccioso, incluindo alguns medicamentos, como anti-inflamatórios não esteroides (ibuprofeno, diclofenaco ou ácido acetilsalicílico), metais pesados, como chumbo, cádmio, mercúrio ou arsêno, e toxinas presentes em plantas ou alimentos, como as expelidas por cogumelos tóxicos ou alguns frutos-do-mar.

Sintomas

Os sintomas de gastroenterite variam em intensidade e duração, dependendo do agente causador, mas geralmente incluem sinais de inflamação do trato gastrointestinal que afetam o bem-estar do paciente.

Entre os sintomas mais frequentes estão:

  • diarreia: geralmente aquosa e súbita, podendo apresentar sangue ou muco em casos mais graves;
  • náuseas e vômitos: muitas vezes frequentes e acompanhados de mal-estar;
  • dor abdominal: de leve a intensa, frequentemente descrita como cólica intestinal ou desconforto generalizado;
  • perda de apetite: comum devido à sensação constante de náusea;
  • febre: pode ser baixa ou moderada, mais comum em infecções bacterianas;
  • cansaço e mal-estar: geralmente associados à desidratação e perda de eletrólitos.

Sobre os sintomas específicos, conforme o agente causador:

Vírus:

  • rotavírus e norovírus: diarreia aquosa predominante, raramente com sangue ou muco. Em crianças, febre baixa e vômitos leves podem surgir;
  • adenovírus: diarreia persistente por até 2 semanas, acompanhada de febre baixa e sintomas respiratórios leves.

Bactérias:

  • Shigella e Salmonella: diarreia com sangue, febre alta e prostração;
  • Escherichia coli (E. coli O157): inicia com cólicas intensas, seguidas por diarreia aquosa que pode evoluir para diarreia com sangue;
  • Clostridium difficile: de diarreia leve e cheia de muco a casos graves com colite hemorrágica e choque.

Parasitas:

  • Giardia lamblia: diarreia crônica, acompanhada de fadiga e perda de peso;
  • Entamoeba histolytica: disenteria amébica, caracterizada por diarreia com sangue e dor abdominal intensa.

Complicações relacionadas:

  • desidratação: um dos principais riscos, especialmente em crianças pequenas e idosos. Os sinais incluem boca seca, sede intensa, redução da urina, apatia e irritabilidade;
  • distúrbios eletrolíticos:
  • hipopotassemia: causada por vômitos persistentes ou diarreia prolongada;
  • hiponatremia: comum se houver reposição inadequada de líquidos;
  • alcalose metabólica: quando os vômitos são predominantes;
  • acidose metabólica: se a diarreia for mais severa.

Em situações mais sérias, podem surgir:

  • choque hipovolêmico: caracterizado por colapso vascular devido à perda extrema de líquidos;
  • insuficiência renal oligúrica: decorrente da desidratação severa;
  • distensão abdominal e sensibilidade aumentada: podem ser sinais de complicações mais graves, como infecções secundárias.

Quando procurar atendimento médico?

Se os sintomas forem intensos, persistirem por mais de dois dias ou se houver sinais de desidratação grave (apatia, tontura, confusão), é fundamental buscar ajuda médica imediatamente. Crianças, idosos e pessoas imunocomprometidas requerem atenção redobrada.

A identificação precoce e o manejo adequado dos sintomas são essenciais para prevenir complicações e acelerar a recuperação.

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Como prevenir a gastroenterite?

Se você quer saber o que fazer para evitar a gastroenterite, a adoção de práticas que minimizem o contato com os agentes causadores dessa inflamação, como vírus, bactérias e parasitas, são essenciais. 

Pequenos hábitos no dia a dia podem reduzir significativamente o risco de contrair a doença, especialmente em ambientes propensos à contaminação, incluindo:

1. Higiene pessoal adequada:

  • lave as mãos frequentemente, principalmente antes de preparar ou consumir alimentos, após usar o banheiro, trocar fraldas ou manusear lixo;
  • use água corrente e sabão, esfregando bem as mãos por pelo menos 20 segundos.

2. Cuidados com os alimentos:

  • cozinhe alimentos completamente para eliminar patógenos;
  • lave frutas e vegetais crus, higienizando bem com água corrente ou soluções desinfetantes específicas;
  • evite alimentos armazenados de forma inadequada, verificando sempre a data de validade e as condições de conservação.

3. Água de qualidade:

  • prefira água filtrada ou fervida, já que isso isso é essencial, especialmente em locais onde a água pode estar contaminada;
  • evite consumir gelo feito com água de origem duvidosa.

4. Atenção durante viagens:

  • evite consumir alimentos ou bebidas de procedência desconhecida;
  • prefira locais que sigam boas práticas de higiene na manipulação de alimentos.

5. Cuidados em ambientes coletivos:

  • crianças com diarreia devem ser mantidas em casa até a completa recuperação para evitar surtos em escolas ou creches;
  • superfícies e objetos compartilhados devem ser regularmente desinfetados, especialmente em locais com grande circulação de pessoas.

6. Vacinação contra rotavírus:

  • lactentes devem receber a vacina contra rotavírus, que faz parte do calendário de imunização infantil e protege contra as principais cepas virais causadoras de gastroenterite.

7. Práticas em áreas recreativas:

  • evite nadar em piscinas ou lagos se estiver com diarreia;
  • troque fraldas de bebês em locais apropriados, longe de áreas de lazer ou água.

8. Proteção natural:

  • amamentação: o leite materno fornece proteção imunológica aos bebês contra diversas infecções, incluindo a gastroenterite.

Como tratar gastroenterite?

O tratamento para gastroenterite é, na maioria das vezes, focado no alívio dos sintomas e na reposição de líquidos perdidos, já que a doença costuma ser autolimitada, resolvendo-se em poucos dias. No entanto, em casos mais graves ou específicos, pode ser necessário adotar abordagens adicionais.

Tratamento de suporte

1. Hidratação:

  • a reposição de líquidos e eletrólitos é fundamental para evitar a desidratação;
  • soluções de reidratação oral ou eletrólitos em pó são ideais, especialmente para crianças e idosos;
  • em casos de desidratação severa, pode ser necessária a administração de soro intravenoso.

2. Dieta adequada:

  • se você está enfrentando gastroenterite e se pergunta o que comer, opte por alimentos leves e de fácil digestão, como arroz, torradas, bananas e sopas. Esses alimentos ajudam a aliviar o desconforto gastrointestinal e fornecem energia sem irritar o sistema digestivo, favorecendo uma recuperação mais rápida;
  • evite alimentos gordurosos, condimentados e ricos em fibras nos primeiros dias;
  • lactentes devem continuar sendo amamentados, pois o leite materno fornece nutrientes essenciais e proteção imunológica.

3. Descanso:

  • o repouso é essencial para ajudar o corpo a se recuperar da infecção e reduzir o desgaste causado pelos sintomas.

4. Probióticos:

  • são uma opção complementar, geralmente segura no tratamento de suporte, contribuindo para a recuperação da função intestinal em muitos casos.

Uso de medicamentos para gastroenterite

1. Antidiarreicos:

  • para adultos com diarreia aquosa sem complicações, medicamentos, como a loperamida, podem ser utilizados.

2. Antieméticos:

  • medicamentos, como ondansetrona e prometazina, podem ser prescritos para controlar náuseas e vômitos persistentes, especialmente em adultos.

3. Antibióticos:

  • indicados apenas em casos de infecção bacteriana confirmada, como por Shigella ou Salmonella.

O manejo correto da gastroenterite não apenas acelera a recuperação, mas também evita complicações, garantindo que o paciente volte rapidamente ao seu estado normal de saúde.

No entanto, é importante ressaltar que essas são medidas gerais e que a consulta com um médico é indispensável para uma avaliação adequada e a indicação do tratamento mais seguro e eficaz.

As informações aqui apresentadas servem apenas para conhecimento e não substituem a orientação médica profissional.

Conteúdo escrito pela nutricionista Suelen Santos da Costa, CRN10 7816. Suelen é graduada pela Universidade Federal de Pelotas e possui Pós-Graduação em Nutrição Clínica Funcional pela VP Centro de Nutrição Funcional.