Atualizado em 25 de Março de 2025
Criado por Joana Mazzochi Aguiar - Nutricionista

Ácido Fólico: o que é, benefícios e como suplementar


O ácido fólico, também conhecido como metilfolato, é um nutriente essencial para a saúde e função celular. Sua ingestão diária é fundamental, pois sua deficiência pode causar sérias consequências para o organismo. Por isso, é importante conhecer os alimentos ricos em ácido fólico, a quantidade diária recomendada e quando a suplementação é necessária.
O que é o ácido fólico
O ácido fólico, também chamado de Vitamina B9 ou folato, é uma vitamina solúvel em água que faz parte do complexo B. Ele exerce funções essenciais no organismo, participando da síntese de DNA e RNA, da divisão celular, do fortalecimento do sistema imunológico e da formação de glóbulos vermelhos.
O folato, a forma natural do ácido fólico, está presente em diversos alimentos, como folhas verdes escuras e leguminosas. Já o ácido fólico, que é a forma sintética do composto, está presente em suplementos e cereais fortificados - onde ele é adicionado para que se tornem "alimentos ricos em ácido fólico".
Benefícios do ácido fólico
A vitamina B9 desempenha inúmeros papeis essenciais para o bom funcionamento do organismo. Confira abaixo:
1. Saúde fetal
O ácido fólico desempenha um papel essencial durante a gravidez, sendo fundamental desde o início do período gestacional. Esse nutriente contribui para a síntese de células sanguíneas, a expansão do útero e o crescimento adequado da placenta e do feto. *
Além disso, o consumo adequado de ácido fólico é crucial para o desenvolvimento fetal, pois atua na formação do tubo neural, estrutura que dará origem ao cérebro e à medula espinhal do bebê. * O ácido fólico também possui um papel importante na formação do DNA e RNA, bem como na multiplicação celular, sendo assim, é indispensável para o desenvolvimento do feto. *
2. Função neurológica
Níveis adequados de ácido fólico desempenham um papel fundamental na função neurológica desde o período fetal, até o desenvolvimento do sistema nervoso ao longo da vida. Tudo se inicia com a formação do tubo neural ainda na vida intrauterina, processo cuja participação do ácido fólico é fundamental e sua deficiência pode levar ao grave comprometimento da saúde cerebral. *
Ao longo da vida, o ácido fólico também participa de processos importantes, como a formação de de neurotransmissores como a serotonina, dopamina e noradrenalina, que regulam funções cerebrais de humor, aprendizado, memória e comportamento. *
Além disso, o ácido fólico é essencial para o controle dos níveis de homocisteína, um composto que, em doses elevadas, torna-se extremamente tóxico para o sistema nervoso e prejudicial para outras funções do organismo. Segundo o estudo de revisão, altos níveis de homocisteína estão associados a uma piora significativa na função cognitiva.
3. Saúde cardiovascular
A presença de níveis elevados de homocisteína é considerada um fator de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, como a doença coronariana, independentemente de outros fatores de risco tradicionais. *
Além do ácido fólico, as vitaminas B12 e B6 desempenham um papel fundamental no metabolismo da homocisteína, um composto produzido naturalmente pelo organismo que, em concentrações elevadas, possui um efeito inflamatório e prejudicial à saúde cardiovascular, aumentando o risco de doenças cardíacas.
Dessa forma, manter níveis adequados dessa tríade de vitaminas do complexo B contribui para a saúde do coração, ajudando a regular os níveis de homocisteína no organismo. *
4. Formação de glóbulos vermelhos
A deficiência de ácido fólico pode resultar em anemia, pois esse nutriente é essencial para a formação de glóbulos vermelhos, também conhecidos como hemácias, as células sanguíneas que carregam oxigênio dos pulmões para o restante do corpo, e trazem de volta o gás carbônico para ser eliminado na respiração.*
O que acontece é que baixos níveis de ácido fólico afetam a síntese de DNA e a divisão celular, prejudicando a divisão e maturação das células sanguíneas e resultando em uma queda na produção e redução da qualidade de glóbulos vermelhos na medula óssea.
Fontes de ácido fólico
Confira abaixo a lista de alimentos ricos em ácido fólico:
Alimentos ricos em ácidos fólico | Quantidade de ácido fólico por porção de 100g |
---|---|
Fígado bovino refogado | 215 mcg |
Espinafre cozido | 131 mcg |
Feijão fradinho cozido | 105 mcg |
Arroz branco cozido | 90 mcg |
Aspargos cozido | 89 mcg |
Couve de bruxelas cozida | 78 mcg |
Alface crua | 64 mcg |
Abacate cru | 59 mcg |
Espinafre cru | 58 mcg |
Brócolis cozido | 52 mcg |
Pão branco com farinha de trigo fortificada | 50 mcg |
Ervilha cozida | 47 mcg |
Gérmen de trigo | 40 mcg |
Nabo cozido | 32 mcg |
Laranja fruta | 29 mcg |
Banana | 24 mcg |
Ovo | 22 mcg |
Leite | 12 mcg |
Ora-pro-nobis | 9,88 mcg |
Além dos alimentos naturalmente ricos em ácido fólico, os suplementos podem ser uma opção eficaz para garantir a ingestão adequada desse nutriente. Eles são especialmente importantes para grupos com maior demanda, como gestantes e indivíduos que apresentam anemia por deficiência de folato.
Deficiência de ácido fólico
A carência de bons níveis de ácido fólico pode gerar inúmeras consequências, que vão desde quadros de anemia devido à queda na produção de glóbulos vermelhos e o aumento do risco cardiovascular, devido ao aumento da homocisteína, até a malformação do tubo neural do feto.
As principais causas da deficiência de folato são:
- baixa ingestão de alimentos fonte de vitamina B9;
- aumento da demanda em períodos como gestação e adolescência;
- problemas de absorção (como doenças gastrointestinais);
- uso de medicamentos que interferem na absorção (alguns anticonvulsivos e diuréticos, por exemplo)
Dentre os sintomas, os mais comuns são:
- fraqueza;
- palidez;
- falta de ar;
- tontura;
- enfraquecimento de unhas e cabelos.
A deficiência de folato é mais comumente observada em gestantes, alcoolistas, portadores de alguma condição que prejudica a absorção de nutrientes (como portadores de doenças gastrointestinais e bariátricos), pessoas em diálise ou com doença hepática.
Como consumir e suplementar
A dose recomendada de ácido fólico por dia, seja via alimentação ou suplementação, deve ser discutida com o médico ou nutricionista de confiança, pois pode variar de acordo com o estágio de vida e condições de saúde de cada pessoa. Abaixo, foi disponibilizada a média de consumo estabelecida.
Tabela de consumo diário de alimentos ricos em ácido fólico de acordo com o estágio de vida:
Estágio da vida | Quantidade de folato diária |
---|---|
0 - 6 meses | 65 mcg *via leite materno ou fórmula |
6 - 12 meses | 80 mcg *via leite materno ou fórmula |
1 - 3 anos | 150 mcg |
4 - 8 anos | 200 mcg |
9 - 13 anos | 300 mcg |
14 - 70 | 400 mcg |
Gestantes | 600 mcg |
Lactantes | 500 mcg |
Para mulheres em idade reprodutiva que desejam engravidar é recomendado consumo de 600 mcg diariamente, através de alimentos ricos em ácido fólico e suplementação, para prevenir a má formação do tubo neural do feto.
Ácido fólico e gravidez
A deficiência de ácido fólico pode comprometer de forma significativa a saúde materna e fetal. O tubo neural do feto, responsável pelo desenvolvimento do cérebro e da medula espinhal, se forma durante as primeiras quatro semanas de gestação (cerca de 28 dias). Por esse motivo, é recomendado que a suplementação de ácido fólico inicie ainda antes da concepção, garantindo níveis adequados dessa vitamina no organismo da mãe.
Quando há deficiência de ácido fólico durante a gestação, podem ocorrer desfechos indesejáveis, como alterações na formação do DNA e dos cromossomos fetais, além de defeitos graves no fechamento do tubo neural, como anencefalia e espinha bífida. *
Além disso, a falta de ácido fólico pode comprometer a função placentária, aumentando o risco de aborto espontâneo, restrição de crescimento intrauterino, parto prematuro e pré-eclâmpsia. Por isso, garantir níveis adequados desse nutriente é essencial para a saúde da mãe e do bebê.
Contraindicações
Altas doses de ácido fólico (mais de 1 mg por dia), podem produzir efeitos tóxicos no organismo. Isso ocorre como resposta hematológica em pessoas com anemia megaloblástica causada por deficiência de vitamina B12. Para prevenir estes efeitos, a ingestão máxima de folato deve ser até 1 mg por dia.
Pessoas com diagnóstico de anemia perniciosa, doenças hepáticas, doenças renais e histórico de câncer, devem consultar um médico antes de iniciar o uso de suplementos de ácido fólico, pois pode haver contraindicações relacionadas ao seu consumo.
Referências
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