Atualizado em 16 de Janeiro de 2025

Criado por Suelen Santos da Costa - Nutricionista

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Vitiligo é hereditário? Entenda os fatores genéticos

Se você chegou até aqui, provavelmente já sabe o que é vitiligo. Essa condição dermatológica caracteriza-se pela perda de pigmentação na pele, resultando em manchas claras que podem aparecer em diversas áreas do corpo. O vitiligo pode se manifestar em qualquer idade, embora geralmente se desenvolva antes dos 30 anos. Além de questões estéticas, essa condição pode ter um impacto emocional significativo, afetando a autoestima e a qualidade de vida dos indivíduos.

Uma das dúvidas mais frequentes é se o vitiligo é hereditário. Embora a predisposição genética desempenhe um papel importante no seu desenvolvimento, outros fatores também influenciam a manifestação da doença, tornando-a uma condição multifatorial. Fatores ambientais, como estresse, traumas emocionais e exposição solar intensa, podem agravar ou precipitar o surgimento das manchas.

Neste contexto, entender como o vitiligo pode ser tratado é essencial para aqueles que convivem com essa condição. O diagnóstico precoce e o manejo adequado são fundamentais para controlar a progressão da doença e melhorar a repigmentação da pele. A seguir, discutiremos mais sobre a relação entre o vitiligo e a genética, assim como as opções de tratamento disponíveis e os cuidados que pacientes com predisposição devem considerar.

O vitiligo é genético ou hereditário?

Uma das principais dúvidas sobre o vitiligo é se ele pode ser transmitido geneticamente. Embora o fator genético esteja envolvido no desenvolvimento da doença, a hereditariedade do vitiligo não é uma regra absoluta.

Estudos indicam que entre 20% e 30% dos pacientes com vitiligo têm algum histórico familiar, o que sugere uma predisposição genética. No entanto, isso não significa que o vitiligo passa de pai e mãe para filho​, necessariamente. O risco de transmissão genética é estimado em torno de 6% para familiares de primeiro grau. Uma pessoa pode apresentar mutações nos genes relacionadas ao vitiligo, sem que isso necessariamente seja passado para os filhos.

Esse dado reforça que o vitiligo pode ser hereditário, mas a herança genética é apenas um dos fatores que influenciam o aparecimento da condição. O vitiligo é considerado uma doença multifatorial, ou seja, outros elementos também contribuem para seu surgimento, como estresse, traumas emocionais e, até mesmo, a presença de doenças autoimunes, como diabetes tipo 1, anemia perniciosa e a doença de Addison. Essas condições podem interagir com a predisposição genética, aumentando as chances de desenvolvimento das manchas características da doença.

Portanto, embora exista uma maior probabilidade de desenvolver vitiligo quando há casos na família, o fator genético por si só não é suficiente para determinar a condição. Para quem tem histórico familiar de vitiligo, é recomendado realizar um acompanhamento regular com um dermatologista, especialmente ao notar qualquer sinal de hipopigmentação. Detectar o vitiligo precocemente pode ajudar a iniciar o tratamento de forma mais eficaz e reduzir o impacto da doença na pele.

O que leva uma pessoa a ter vitiligo?

O vitiligo é caracterizado pela perda de cor da pele em determinadas áreas, resultando em manchas claras. Isso acontece devido à diminuição ou ausência dos melanócitos, as células responsáveis pela produção de melanina, o pigmento que dá cor à pele. A autoimunidade desempenha um papel importante na destruição dos melanócitos. Nesse cenário, o corpo ataca suas próprias células, levando à despigmentação da pele.

Embora o vitiligo possa ser transmitido geneticamente, isso não significa que a pessoa necessariamente desenvolverá a doença. O vitiligo é considerado uma condição multifatorial, o que indica que fatores genéticos e ambientais atuam juntos para desencadear a condição. Entre os elementos que podem agravar ou acelerar o aparecimento das manchas estão:

  • estresse emocional: o estresse intenso pode desencadear ou agravar o vitiligo, afetando o sistema imunológico e contribuindo para o ataque aos melanócitos;
  • exposição solar excessiva: a exposição prolongada ao Sol pode provocar lesões na pele e agravar a despigmentação em áreas afetadas;
  • fenômeno de Koebner: lesões físicas na pele, como cortes, arranhões ou queimaduras, podem desencadear o surgimento de manchas de vitiligo nas áreas lesionadas;
  • traumas físicos: impactos e machucados podem levar à formação de novas manchas de vitiligo em locais onde houve danos à pele;
  • doenças autoimunes associadas: condições, como diabetes tipo 1, anemia perniciosa e doença de Addison, aumentam o risco de desenvolvimento do vitiligo;
  • traumas emocionais: eventos emocionalmente marcantes ou traumáticos podem contribuir para o aparecimento ou agravamento das manchas de vitiligo.

Quando se trata das causas do vitiligo, alguns mitos ainda precisam ser esclarecidos:

  • "O vitiligo só atinge pessoas negras."
    Mito. O vitiligo pode afetar pessoas de qualquer cor de pele. Embora as manchas sejam mais visíveis em pessoas com pele mais escura, a doença acomete indivíduos de todas as etnias.
  • "A doença só surge depois de adulto."
    Mito. O vitiligo pode se manifestar em qualquer fase da vida, inclusive na infância. Não há uma idade específica para o surgimento das manchas.
  • "A transmissão do vitilígo acontece ao encostar em outra pessoa com a doença."
    Mito. O vitiligo não é contagioso. A doença não pode ser transmitida pelo toque, nem pelo compartilhamento de objetos ou ambientes.

Se você deseja entender melhor seu risco de desenvolver vitiligo ou esclarecer dúvidas sobre a predisposição genética e outros fatores desencadeantes, é importante procurar um dermatologista ou um geneticista para uma avaliação mais detalhada.

Diagnóstico e avaliação genética para vitiligo

O diagnóstico do vitiligo é geralmente clínico, feito através da observação das manchas claras que possuem características típicas da doença. As manchas podem variar em formato e localização e o diagnóstico é baseado no padrão de distribuição dessas áreas sem pigmentação.

Tipos de vitiligo:

  • vitiligo segmentar (ou unilateral): esse tipo é mais comum em pessoas jovens e afeta apenas um lado do corpo. As manchas geralmente surgem em uma única região e podem afetar também pelos e cabelos, que perdem sua coloração natural;
  • vitiligo não segmentar (ou bilateral): é o tipo mais frequente, no qual as manchas aparecem em ambos os lados do corpo, de forma simétrica. Elas costumam surgir nas extremidades, como no rosto, nas mãos ou nos pés, e podem evoluir de forma intermitente, alternando entre períodos de aceleração e estagnação. Com o tempo, as áreas afetadas pela despigmentação podem aumentar.

Teste genético para vitiligo

Embora o vitiligo seja uma condição multifatorial, estudos científicos vêm investigando a base genética da doença. Um estudo publicado na Nature Genetics em 2016, conduzido pela Universidade do Colorado (EUA), identificou 23 genes que estão potencialmente ligados ao desenvolvimento do vitiligo. Esses genes também apresentam associações com outras doenças autoimunes, como artrite reumatoide, esclerose múltipla, diabetes tipo 1 e lúpus.

Atualmente, não existe um teste genético específico para diagnosticar vitiligo. No entanto, é possível avaliar a predisposição genética para doenças autoimunes relacionadas. A Genera, em colaboração com a Ocean Drop, oferece restes genéticos que podem identificar variantes genéticas associadas a condições, como artrite reumatoide, esclerose múltipla e diabetes tipo 1. 

Cuidados para pacientes com predisposição genética

O tratamento para o vitiligo é individualizado e deve ser discutido com um dermatologista, considerando as características de cada paciente. Entre as opções mais comuns estão:

  • cremes e medicamentos tópicos: cremes à base de corticosteroides ou imunomoduladores são frequentemente utilizados para ajudar a repigmentar as áreas afetadas, principalmente nos estágios iniciais;
  • medicamentos orais: em alguns casos, o uso de medicamentos sistêmicos é indicado para tentar estabilizar o avanço da doença e melhorar os resultados da repigmentação;
  • terapias com laser e fototerapia: tecnologias, como o laser e a fototerapia com UVB, são utilizadas para estimular a produção de melanina, promovendo a repigmentação da pele;
  • técnicas cirúrgicas: em casos mais resistentes, o transplante de melanócitos ou enxertos de pele podem ser opções para restaurar a pigmentação nas áreas afetadas.

Embora não exista cura para o vitiligo, essas abordagens terapêuticas oferecem excelentes resultados para o controle da doença. Em muitos casos, é possível repigmentar as áreas afetadas completamente, sem que haja diferenciação visível da cor da pele.

Entretanto, a resposta ao tratamento pode variar entre os pacientes, tornando fundamental o acompanhamento contínuo com um especialista.

Para aqueles com predisposição genética, o cuidado preventivo e a busca por tratamentos logo ao surgirem os primeiros sinais são essenciais para reduzir a progressão da doença e melhorar a qualidade de vida.

Com o objetivo de oferecer informações precisas e relevantes, o conteúdo foi escrito pela equipe Ocean Drop e cuidadosamente revisado pela nutricionista Suelen Santos da Costa, CRN10 7816. Suelen é graduada pela Universidade Federal de Pelotas e possui Pós-Graduação em Nutrição Clínica Funcional pela VP Centro de Nutrição Funcional.

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Criado em 23 de Outubro de 2024