Magnésio Alto (Hipermagnesemia): O que é e sintomas

A hipermagnesemia, também conhecida como magnésio alto no sangue, é uma condição caracterizada pelo aumento anormal dos níveis de magnésio no corpo. Embora seja um mineral essencial para o funcionamento do organismo — atuando na produção de energia, na contração muscular, na regulação da pressão arterial e na transmissão dos impulsos nervosos — o excesso de magnésio no sangue pode trazer riscos à saúde.
Como qualquer nutriente, o magnésio precisa estar em equilíbrio no corpo, e quando ultrapassa os limites ideais, pode causar uma série de complicações. Por isso, entender o que é a hipermagnesemia, suas causas e possíveis consequências é fundamental para a prevenção e o cuidado adequado.
Sintomas de magnésio alto
Essa condição pode passar despercebida inicialmente, pois tem sintomas pouco específicos e que podem ser confundidos com outras condições. Os sintomas de magnésio alto incluem:
- náuseas;
- tonturas;
- fraqueza;
- confusão;
- paralisia da bexiga;
- dor de cabeça;
- visão turva.
Casos graves de hipermagnesemia podem levar ao risco de vida, por isso, em casos de suspeita é fundamental procurar um pronto atendimento o mais breve possível.
Causas da Hipermagnesemia
Excreção reduzida pelos rins
A principal causa de hipermagnesemia (níveis elevados de magnésio no sangue) não é pelo excesso do consumo desse mineral, mas sim uma dificuldade na sua eliminação pelos rins.
Pessoas com Doença Renal Crônica, Insuficiência Renal ou outras condições que afetam a função renal apresentam risco significativamente aumentado para o acúmulo de magnésio no sangue.
Aumento da ingestão de magnésio
Embora seja uma causa rara, o aumento da ingestão de magnésio pode levar à hipermagnesemia, especialmente em pessoas idosas. Isso ocorre porque, com o envelhecimento, o funcionamento intestinal tende a ser mais lento, favorecendo uma maior absorção do mineral.
Além disso, o uso prolongado de certos medicamentos pode contribuir para o aumento dos níveis de magnésio no sangue. É o caso de laxantes e antiácidos que contêm magnésio, como o óxido de magnésio. Esse risco é ainda maior em idosos com função renal comprometida, já que os rins têm maior dificuldade em eliminar o excesso de magnésio.
Trauma, queimadura ou cortes profundos
O magnésio normalmente fica dentro das células do corpo. Mas, quando essas células se rompem — por exemplo, por causa de um corte, pancada forte ou algum tipo de trauma — esse magnésio pode sair de dentro delas e ir para o sangue. Esse "vazamento" só costuma causar sintomas se for muito grande, ou seja, se muitas células forem afetadas de uma vez.
Diabetes não controlada
Quando o diabetes não está bem controlado, pode surgir um problema chamado acidose metabólica, que é quando o sangue fica mais “ácido” do que o normal. Essa mudança faz o corpo tentar se ajustar, e uma das formas de resposta é liberar o magnésio que está dentro das células para o sangue. Por isso, os níveis de magnésio no sangue podem acabar aumentando.
Condições endócrinas e metabólicas
Além disso, condições raras podem causar este problema, como hiperparatireoidismo, insuficiência adrenal e hipotireoidismo, devido a um aumento da reabsorção nos rins de magnésio.
Uso de medicamentos a base de lítio
Medicamentos à base de lítio também podem aumentar o magnésio no sangue, devido ao aumento na absorção desse mineral na presença do lítio.
É fundamental consultar um médico para identificar a origem da hipermagnesemia. Somente esse profissional poderá realizar exames específicos e indicar o tratamento mais adequado.
Diagnóstico
A avaliação inclui o histórico de uso de medicamentos, além da investigação de condições como constipação e doenças inflamatórias intestinais, que podem estar associadas ao uso prolongado de produtos contendo magnésio.
O diagnóstico de hipermagnesemia é confirmado com base em exames laboratoriais que medem as concentrações de magnésio no sangue.
Muitas vezes o diagnóstico pode ser desafiador, pois os sinais e sintomas não são específicos, o que pode confundir o caminho da investigação e dificultar a identificação imediata do problema.
Valores de referência do magnésio
Os níveis de magnésio no sangue variam de 0,7 a 1,0 mmol/L (ou 1,5 a 2,0 mEq/L, ou 1,7 a 2,4 mg/dL). A hipomagnesemia (baixa concentração de magnésio no sangue) é mais frequente do que a hipermagnesemia, mas essa última condição é grave e pode ser fatal se não for reconhecida e tratada rapidamente.
Leia mais sobre a condição de baixos níveis de magnésio no sangue (hipomagnesemia).
Complicações a longo prazo
Níveis de magnésio alto no sangue podem causar desde sintomas mais leves até sintomas neurológicos. Para entender as complicações, primeiro é preciso saber que existem 3 tipos de hipermagnesemia.
- Hipermagnesemia leve (menos de 7 mg/dL): não há presença sintomas ou apresenta sintomas mais leves como: fraqueza, náusea, tontura e confusão
- Hipermagnesemia moderada (7 a 12 mg/dL): há sintomas moderados, como diminuição dos reflexos, piora do estado de confusão e sonolência, paralisia da bexiga, vermelhidão na pele, dor de cabeça e constipação. Geralmente, há leve redução da pressão arterial, batimentos cardíacos mais lentos do que esperado e visão turva.
- Hipermagnesemia grave (acima de 12 mg/dL): há sintomas graves, como paralisia muscular flácida, diminuição da frequência respiratória, pressão baixa e redução dos batimentos cardíacos mais evidentes, e cansaço são comuns. As pessoas podem entrar em coma e parada cardíaca com valores de magnésio mais altos (acima de 15 mg/dL).
Tratamento para magnésio alto no sangue
Pessoas com função normal dos rins e a presença de hipermagnesemia branda, sem sintomas ou sintomas leves, não necessitam de tratamento para magnésio alto, mas devem ter controle em relação à ingestão de alimentos fonte de magnésio, considerando que a eliminação do magnésio é de aproximadamente 28 horas.
Confira os principais alimentos fontes de magnésio para saber o que evitar.
Em condições mais graves é preciso monitorar a pressão arterial e a função neural e muscular, e realizar o tratamento precoce com a administração na veia de gluconato ou cloreto de cálcio (bloqueará os efeitos do magnésio nas células).
Também, em alguns casos, é preciso aumentar a excreção do magnésio pelos rins por meio de diuréticos ou hemodiálise (quando a função renal está comprometida).
Embora o magnésio seja fundamental para a saúde, o excesso de magnésio pode causar complicações sérias. Estar atento aos sintomas da hipermagnesemia e buscar ajuda médica ao menor sinal de alteração é essencial. O diagnóstico precoce e o tratamento para magnésio alto no sangue são fundamentais para evitar consequências mais graves.
Referências
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