Atualizado em 20 de Junho de 2025

Criado por Suelen Santos da Costa - Nutricionista

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Dietas restritivas: o que são, riscos e cuidados

Dietas restritivas
Ilustração sobre dietas restritivas

Dietas restritivas são estratégias alimentares que eliminam total ou parcialmente certos alimentos ou grupos alimentares. Embora possam ter diferentes finalidades, são frequentemente adotadas como solução rápida para emagrecer. Quando seguidas sem orientação adequada, podem representar riscos à saúde. Conhecer os tipos, possíveis consequências e cuidados essenciais é importante para manter a saúde e o bem-estar.

O que são dietas restritivas?

Dietas restritivas são padrões alimentares que limitam ou excluem a ingestão de determinados alimentos ou grupos alimentares. Podem ser adotadas por motivos médicos, como intolerâncias e alergias, ou por objetivos estéticos, especialmente relacionados à perda de peso.

No contexto do emagrecimento, geralmente envolvem redução drástica de calorias, eliminação de macronutrientes — como os carboidratos — ou a repetição de poucos alimentos por períodos prolongados.

A adoção desse tipo de alimentação sem orientação profissional aumenta o risco de deficiências nutricionais, além de favorecer efeitos colaterais físicos e emocionais.

Principais tipos de dietas restritivas

Antes de decidir adotar uma alimentação restritiva, é importante conhecer os tipos mais comuns e como cada um atua no organismo. A seguir, estão alguns exemplos de dietas restritivas que costumam ser utilizadas com fins estéticos ou por modismo:

1. Dieta low carb

A exclusão de pães, massas, arroz e outros alimentos ricos em carboidratos pode gerar perda de peso rápida, mas também provoca sintomas, como fraqueza, mau humor e queda de desempenho.

Os carboidratos são a principal fonte de energia do corpo. Quando eliminados da alimentação, o organismo precisa se adaptar para utilizar a gordura como combustível — um processo que pode levar dias ou semanas e nem sempre ocorre de forma eficiente.

Esse tipo de dieta também restringe o consumo de frutas, o que reduz a ingestão de vitaminas, minerais e fibras essenciais para o funcionamento intestinal, imunidade e equilíbrio metabólico. A manutenção prolongada dessa limitação aumenta o risco de carências nutricionais e efeitos adversos à saúde.

Por ser difícil de manter a longo prazo, a reintrodução dos carboidratos pode causar desregulação no metabolismo, favorecendo o acúmulo de gordura através do chamado “efeito rebote”. É totalmente possível emagrecer comendo carboidratos — o importante é manter o equilíbrio energético e a qualidade dos alimentos escolhidos.

2. Dieta cetogênica

Parecida com a low carb, essa dieta baseia-se em uma ingestão muito alta de gorduras e redução extrema de carboidratos, induzindo o corpo a entrar em cetose — estado metabólico em que a gordura se torna a principal fonte de energia.

Embora traga resultados rápidos em alguns casos, exige os mesmos cuidados da low carb e atenção ao consumo de gordura saturada, frequentemente estimulada por meio de alimentos, como bacon e queijos gordos. Isso pode elevar o risco de dislipidemias e problemas cardiovasculares.

Assim como outras estratégias, não é necessário adotar a cetogênica para emagrecer: o equilíbrio calórico continua sendo o fator determinante.

3. Dieta vegana

Seguir uma alimentação totalmente livre de produtos de origem animal pode estar ligado a questões éticas, ambientais ou de saúde. É possível mantê-la de forma equilibrada, desde que bem planejada.

Quando não orientada por um profissional de saúde, há risco de deficiência de nutrientes, como vitamina B12, ferro, cálcio e ômega-3 — geralmente encontrados em carnes vermelhas e brancas, ovos e leite. A suplementação pode ser necessária e deve ser orientada por um nutricionista ou médico.

4. Jejum intermitente

Consiste em alternar períodos de jejum com janelas específicas para alimentação. Só promove emagrecimento se, durante a janela alimentar, o consumo calórico total for inferior ao gasto diário. Por exemplo, jejuar por 16 horas e comer por 8 não gera resultados se, nesse intervalo, houver excesso de calorias ingeridas.

É importante ressaltar que o jejum pode causar tonturas, compulsão alimentar, dores de cabeça e queda de desempenho físico quando mal estruturado. Pode funcionar em alguns casos, mas deve ser testado com acompanhamento.

5. Dieta detox

Essa abordagem foca na “eliminação de toxinas” com base no consumo de sucos, chás e alimentos leves. Quando feita de por tempo prolongado, pode levar à fraqueza, dores de cabeça e desequilíbrio nutricional.

Nutricionistas especializados em nutrição funcional podem aplicar protocolos de forma mais eficaz, respeitando os mecanismos naturais de detoxificação do organismo e utilizando nutrientes, como complexo B, em momentos estratégicos.

6. Dieta sem glúten

É indicada para pessoas com doença celíaca ou sensibilidade não celíaca ao glúten. A exclusão mal informada pode reduzir a ingestão de fibras e vitaminas do complexo B, principalmente quando há substituição por alimentos ultraprocessados "sem glúten".

7. Dieta sem lactose

Necessária em casos de intolerância à lactose, essa dieta exclui leite e derivados. Quando adotada sem planejamento ideal, pode reduzir o consumo de cálcio e proteínas de alto valor biológico, prejudicando a saúde óssea e muscular.

8. Dieta da proteína

Dá ênfase ao consumo elevado de proteínas, restringindo carboidratos e gorduras. Assim como nas dietas low carb e cetogênica, há perda de peso inicial, mas também riscos. Entre as consequências da adoção por longos períodos estão carência nutricional, constipação, sobrecarga renal e efeito rebote quando a alimentação volta ao normal.

9. Dietas de muito baixa caloria (VLCD)

São planos com ingestão inferior a 800 kcal por dia. Embora levem a uma rápida perda de peso, são insustentáveis sem supervisão médica e aumentam o risco de deficiências severas, perda de massa muscular e efeito sanfona.

10. Dieta Whole 30

Embora a dieta Whole 30 seja considerada restritiva por eliminar grupos alimentares, como grãos, laticínios e leguminosas, pode oferecer vantagens quando realizada com planejamento. Ao retirar temporariamente alimentos com potencial inflamatório, o programa permite observar com mais clareza como o corpo reage a diferentes ingredientes.

Além disso, pode ajudar a desenvolver consciência alimentar, reduzir a compulsão por ultraprocessados e fortalecer a conexão com sinais de fome e saciedade.

Consequência de dietas restritivas

Se privar de comer certos alimentos sem necessidade ou planejamento pode gerar diversos efeitos negativos, como:

  • cansaço excessivo: a falta de energia afeta atividades diárias e desempenho físico;
  • compulsão alimentar: o corpo tende a reagir a longas restrições com episódios de exagero;
  • queda de cabelo e unhas fracas: indicam falta de proteínas, ferro e vitaminas do complexo B;
  • fraqueza muscular: pela ausência de calorias suficientes e baixa ingestão proteica;
  • problemas hormonais e menstruais: comuns em quem mantém uma alimentação restritiva por tempo prolongado;
  • efeito sanfona: é frequente recuperar o peso perdido, com aumento de gordura corporal e perda de massa magra.

Suplementos que podem ser necessários

Em alguns casos, pode ser necessário suplementar nutrientes perdidos por conta de dietas restritivas. Isso deve ser feito com orientação profissional. Os mais comuns incluem:

  • multivitamínicos completos: para compensar a ingestão limitada de frutas, legumes e grãos;
  • ferro: quando há exclusão de carnes e risco de anemia;
  • cálcio e vitamina D: importantes para quem exclui leite e derivados;
  • proteína vegetal: útil para vegetarianos ou pessoas com restrição à proteína animal;
  • vitamina B12: essencial para quem não consome alimentos de origem animal.

Cuidados com exageros na dieta

Antes de iniciar qualquer tipo de alimentação restritiva, é importante:

  • realizar exames laboratoriais para identificar carências nutricionais;
  • evitar modismos ou dietas da internet sem embasamento científico;
  • buscar orientação com nutricionista ou profissional habilitado;
  • manter o equilíbrio, preferindo reduzir porções em vez de excluir totalmente alimentos;
  • priorizar alimentos naturais e evitar ultraprocessados como "substitutos" de refeições.

Dietas restritivas devem ser encaradas como uma ferramenta pontual, com indicação específica e sempre sob orientação. Fazer dieta restritiva de forma indiscriminada pode gerar mais prejuízos do que benefícios à saúde.

Foto de Suelen Santos da Costa

Conteúdo criado por especialista:

Suelen Santos da Costa

Nutricionista

Este artigo foi escrito por Suelen Costa dos Santos, nutricionista (CRN 10 – 7816), formada pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Possui pós-graduação em Nutrição Clínica Funcional pela VP – Centro de Nutrição Funcional, uma das instituições mais renomadas da área. Seu trabalho é guiado pelos princípios da nutrição funcional, com foco na promoção da saúde e na individualidade bioquímica.

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