Atualizado em 25 de Março de 2025

Criado por Joana Mazzochi - Nutricionista

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Dieta para H. pylori: o que comer, o que evitar e cardápio

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Se você foi diagnosticado com a bactéria Helicobacter pylori (H. pylori), provavelmente já sentiu o impacto dela em sua saúde gástrica. Responsável por problemas, como gastrite, úlceras e, até, complicações mais graves, a H. pylori exige atenção especial ao seu combate — e a alimentação é uma parte crucial desse processo.

Mas afinal, qual a melhor dieta para quem tem H. pylori? Quais alimentos ajudam a aliviar os sintomas e potencializar os efeitos do tratamento? E quais podem piorar a situação? 

Saber o que comer (e o que evitar) para tratar H pylori pode fazer toda a diferença na sua recuperação. Continue lendo para descobrir tudo sobre o assunto!

O que é H. pylori e como a dieta ajuda no tratamento?

A Helicobacter pylori (H. pylori) é uma bactéria capaz de se instalar na parede do estômago, provocando uma série de problemas gastrointestinais.

Embora o sintoma mais comum seja a gastrite, a infecção pode evoluir para quadros mais graves, como úlceras, câncer de estômago e, até, doenças metabólicas, como diabetes e acúmulo de gordura no fígado.

Entre as causas da Infecção por H. pylori estão:

  • consumo de alimentos e água contaminados: a ingestão de alimentos crus ou mal higienizados e água não potável são as principais vias de transmissão da bactéria. Esse risco aumenta em locais com falta de saneamento básico;
  • contato direto com pessoas infectadas: a bactéria pode ser transmitida pelo compartilhamento de utensílios, saliva ou secreções, especialmente em ambientes domésticos ou comunitários com práticas de higiene inadequadas;
  • higiene insuficiente: não lavar as mãos corretamente antes de comer ou após usar o banheiro aumenta o risco de contrair a bactéria, especialmente em situações de convivência próxima;
  • ambiente com condições sanitárias precárias: áreas sem acesso a infraestrutura sanitária adequada apresentam maiores taxas de infecção devido à contaminação do ambiente, alimentos e água.

Além de causar inflamação na mucosa gástrica, a H. pylori afeta a digestão, prejudicando a absorção de nutrientes essenciais como a vitamina B12. Isso pode desencadear condições, como anemia, cansaço persistente e queda da imunidade. 

Nesse cenário, a alimentação desempenha um papel essencial: ao escolher os alimentos certos, você pode proteger o estômago, aliviar os sintomas e potencializar os efeitos do tratamento médico.

Selecionar os alimentos adequados pode reduzir a inflamação causada pela H. pylori, enquanto escolhas inadequadas podem aumentar a irritação gástrica e atrasar a recuperação. Aqui estão os principais mecanismos pelos quais alimentação contribui para o tratamento H. pylori:

  • proteção da mucosa gástrica: alguns alimentos, como frutas ricas em antioxidantes (ex.: maçã, pêra, banana) e vegetais cozidos, têm propriedades que ajudam a proteger o revestimento do estômago, aliviando a inflamação e diminuindo os danos causados pela H. pylori;
  • melhora da digestão: escolher alimentos de fácil digestão, como sopas leves, carnes magras e vegetais sem casca, reduz o esforço do sistema digestivo, evitando desconfortos, como inchaço e má digestão, que são comuns em quem sofre com a infecção;
  • controle da acidez gástrica: alimentos menos ácidos e com baixo teor de gordura ajudam a estabilizar o pH do estômago, reduzindo os sintomas de queimação e azia. Por outro lado, evitar alimentos irritantes, como café, álcool e comidas picantes, é essencial para evitar o agravamento da inflamação;
  • fortalecimento do sistema imunológico: nutrientes, como vitamina C, encontrados em frutas, como laranja e mamão, e zinco, presente em oleaginosas, ajudam a fortalecer o sistema imunológico, tornando o organismo mais eficiente no combate à bactéria;
  • prevenção de deficiências nutricionais: a infecção por H. pylori pode dificultar a absorção de nutrientes, como vitamina B12, ferro e cálcio. Uma dieta rica e variada, priorizando alimentos que contenham esses nutrientes, previne complicações como anemia e fraqueza;
  • divisão adequada das refeições: fracionar a alimentação em 5 a 6 refeições ao longo do dia, com porções moderadas, evita sobrecarregar o estômago, proporcionando alívio dos sintomas e melhorando o aproveitamento dos nutrientes.

Alimentos recomendados para H. pylori

Uma alimentação bem planejada é fundamental para auxiliar no tratamento da infecção por H. pylori. Combinada aos antibióticos indicados pelo gastroenterologista, a dieta pode acelerar a recuperação e aliviar os sintomas. 

O foco deve estar em alimentos de fácil digestão, que protejam a mucosa gástrica, além de incluir opções com propriedades anti-inflamatórias, antioxidantes e que ajudem a controlar a acidez, promovendo a cicatrização do estômago:

1. Vegetais cozidos

Os vegetais, sobretudo os crucíferos, como é o caso da couve-flor, brócolis e repolho, apresentam um papel protetor contra a bactéria, devido à presença de compostos denominados de isotiocianatos. Esse composto influencia no crescimento da bactéria no organismo, inibindo a sua proliferação.* * 

A melhor forma de consumir vegetais em uma dieta para H. pylori, é na forma cozida, pois facilita a digestão.

2. Frutas sem casca

As frutas são uma fonte natural de compostos bioativos, como os polifenóis, que conferem atividade bacteriostática, auxiliam a digestão gastrointestinal e apresentam efeitos anti-inflamatórios, anticancerígenos e antioxidantes. * *

Em uma dieta para tratamento de H. pylori, preferir consumir frutas sem a casca e evitar o excesso de frutas cítricas irá melhorar o processo de digestão.

3. Carboidratos brancos

É importante realizar o consumo ideal de carboidratos na dieta, pois eles são fonte de energia para o corpo combater a infecção. Não é o momento de cortar carboidratos para perda de peso, por exemplo. 

No entanto, priorizar carboidratos não integrais, como arroz, macarrão e pão branco, é importante para evitar o alto teor de fibras na dieta, que dificulta a digestão e leva à piora dos sintomas.

4. Proteínas magras

Carnes brancas, como peito de frango e peixe, e cortes magros de carne vermelha, como patinho e coxão mole, são excelentes escolhas para uma dieta voltada ao tratamento da H. pylori. 

Por serem pobres em gordura, ajudam a controlar a acidez gástrica e promovem um melhor equilíbrio digestivo. Sempre que possível, opte por consumir as carnes moídas ou desfiadas, facilitando a digestão e prevenindo sintomas como azia e desconforto estomacal.

Ovos também são uma ótima fonte de proteína e podem ser consumidos cozidos, mexidos ou em receitas. Contudo, é importante evitar frituras com excesso de gordura, priorizando métodos de preparo mais leves.

Leites e derivados, como queijos e iogurtes, devem ser incluídos na dieta de acordo com a tolerância individual. Prefira as versões desnatadas, que possuem menor teor de gordura, e evite os produtos integrais, que podem sobrecarregar o sistema digestivo.

5. Fontes de ômega 3

Seja via alimentação, seja via suplementação, o ômega 3 têm demonstrado auxiliar no controle da proliferação bacteriana e da inflamação estomacal causada pela H. pylori. 

Um estudo recente forneceu evidências claras de como o uso de ômega 3 pode reduzir várias doenças gástricas associadas à H. pylori e até mesmo ter efeitos preventivos contra o desenvolvimento de câncer gástrico. 

De acordo com os autores, o uso de ômega 3 influência em vários alvos do tratamento, como a proliferação e sobrevivência das bactérias e o processo inflamatório da região lesionada. 

Outro estudo colabora com essa afirmação, demonstrando os efeitos antiinflamatórios do ômega 3 na recuperação de um quadro de H. pylori.

6. Probióticos e prebióticos

Os probióticos, encontrados em alimentos, como iogurte natural, kefir e também em suplementos (cápsulas ou pó), são bactérias benéficas que ajudam a fortalecer o microbioma intestinal. 

Eles estimulam a produção de substâncias capazes de combater a H. pylori e reduzir os efeitos colaterais comuns do uso de antibióticos, como diarreia e desconfortos digestivos.

Além disso, os prebióticos — fibras que servem como alimento para os probióticos — desempenham um papel importante no suporte à saúde intestinal. Apesar de uma dieta para H. pylori priorizar alimentos de fácil digestão, é recomendável consumir pequenas quantidades de fibras provenientes de prebióticos, como aveia, bananas maduras e batata-doce cozida, que ajudam a manter o equilíbrio intestinal sem causar sobrecarga no sistema digestivo.

Incorporar probióticos e prebióticos de forma moderada na dieta pode melhorar não apenas a saúde intestinal, mas também potencializar os efeitos do tratamento contra a H. pylori.

Qual a melhor dieta para quem está com H. pylori?

Em uma dieta para o tratamento de H. pylori, é essencial realizar pequenas refeições a cada três horas, aproximadamente. Esse hábito ajuda a evitar que o estômago permaneça vazio por longos períodos ou que se consuma grandes quantidades de alimento de uma só vez, o que pode sobrecarregar o sistema digestivo.

Outro ponto importante é evitar a ingestão de líquidos durante as refeições. Prefira consumir água entre os intervalos das refeições, garantindo a hidratação necessária sem prejudicar o processo digestivo.

Confira um modelo de dieta para H. pylori:

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Refeição Segunda-feira Terça-feira Quarta-feira Quinta-feira Sexta-feira Sábado Domingo
Café da manhã
  • 2 fatias de pão branco
  • 2 ovos mexidos
  • 1 fatia de mamão
  • chá de erva-doce sem açúcar
  • 1 pão francês sem miolo
  • 1 colher de ricota
  • 1 fatia de pera
  • chá de camomila
  • 1 fatia de pão integral
  • 1 fatia de queijo branco
  • 1 banana madura
  • chá de erva-doce sem açúcar
  • 2 torradas integrais
  • 1 colher de cottage
  • 1 maçã sem casca
  • chá de camomila
  • 1 pão francês sem miolo
  • 1 fatia de queijo branco
  • 1 fatia de mamão
  • chá de erva-cidreira sem açúcar
  • 2 fatias de pão branco
  • 2 ovos cozidos
  • 1 fatia de pêra
  • chá de boldo sem açúcar
  • 1 pão francês sem miolo
  • 1 colher de requeijão light
  • 1 banana madura
  • chá de camomila
Lanche da manhã
  • 1 maçã sem casca
  • 1 banana madura
  • 1 pera madura
  • 1 maçã sem casca
  • 1 fatia de melancia
  • 1 banana madura
  • 1 maçã sem casca
Almoço
  • 3 colheres de arroz branco
  • 1 peito de frango grelhado
  • 2 colheres de legumes cozidos no vapor
  • 3 colheres de arroz branco
  • Cuscuz de milho;
  • 1 filé de peixe grelhado
  • Purê de cenoura
  • 3 colheres de arroz branco
  • carne moída magra refogada
  • 2 colheres de brócolis cozidos
  • 3 colheres de arroz branco
  • 1 filé de tilápia grelhado
  • 2 colheres de abobrinha cozida
  • 3 colheres de arroz branco
  • 1 peito de frango desfiado
  • 2 colheres de chuchu cozido
  • 3 colheres de arroz branco
  • almôndegas de carne magra ao molho
  • 2 colheres de vagem cozida
  • 3 colheres de arroz branco
  • 1 filé de peixe assado com azeite
  • 2 colheres de cenoura cozida
Lanche da tarde
  • Panqueca de banana (1 ovo + 1 banana + 2 colheres de aveia + canela)
  • 1 pote de iogurte natural desnatado com 1 colher de aveia
  • 2 bolachas de arroz com 1 colher de cottage
  • Panqueca de banana (1 ovo + 1 banana + 2 colheres de aveia + canela)
  • 1 pote de iogurte natural desnatado com mel
  • 2 bolachas de arroz com 1 colher de ricota
    Panqueca de banana (1 ovo + 1 banana + 2 colheres de aveia + canela)
Jantar
  • 4 colheres de batata cozida
  • 1 filé de tilápia assada
  • 2 colheres de legumes cozidos no vapor
  • 1 omelete simples com espinafre
  • 4 colheres de purê de batata
  • 4 colheres de mandioca cozida
  • 1 filé de frango grelhado
  • 2 colheres de cenoura cozida
  • 1 omelete simples com cenoura ralada
  • 4 colheres de batata cozida
  • 4 colheres de batata doce assada
  • 1 filé de peixe grelhado
  • 2 colheres de brócolis cozidos
  • 1 omelete com queijo branco e espinafre
  • 2 colheres de purê de abóbora
  • 4 colheres de batata cozida
  • 1 filé de tilápia assada
  • 2 colheres de abobrinha cozida
Ceia
  • Chá de boldo
  • Chá de erva-doce
  • Chá de camomila
  • Chá de erva-cidreira
  • Chá de boldo
  • Chá de erva-doce
  • Chá de camomila

Essa dieta é apenas um exemplo para ilustrar como uma alimentação equilibrada pode ajudar no tratamento da H. pylori. Ela foi ajustada para evitar alimentos gordurosos ou irritantes e inclui opções que protegem a mucosa gástrica, garantindo refeições leves e nutritivas.

No entanto, é importante ressaltar que essa sugestão não substitui o acompanhamento médico ou nutricional.

Apenas profissionais de saúde podem indicar uma dieta personalizada, considerando as necessidades individuais e possíveis restrições alimentares.

H. pylori: alimentos que devem ser evitados

Durante o tratamento da H. pylori, é fundamental evitar alimentos que sobrecarreguem o sistema digestivo, já comprometido pela infecção. Além de dificultar a digestão, esses alimentos podem agravar a inflamação e irritar a mucosa gástrica, prejudicando a recuperação. 

Confira abaixo os alimentos que devem ser evitados e o motivo para cada restrição:

1. Alimentos condimentados

Condimentos, como pimenta, curry e temperos fortes, irritam a mucosa do estômago, podendo aumentar a sensação de queimação e piorar os sintomas da gastrite.

2. Cafeína (café, refrigerantes, chá preto, mate)

A cafeína estimula a produção de ácido no estômago, o que pode intensificar a irritação gástrica e causar desconforto.

3. Frituras

Por serem ricas em gordura, as frituras retardam a digestão e aumentam a produção de substâncias inflamatórias, dificultando o alívio dos sintomas.

4. Carnes gordurosas

Carnes com alto teor de gordura, como costela e linguiça, são de difícil digestão e podem agravar a sensação de peso no estômago.

5. Molhos gordurosos e picantes

Molhos à base de creme de leite, maionese ou molhos picantes irritam a parede gástrica e aumentam o desconforto.

6. Bebidas alcoólicas

O álcool danifica diretamente a mucosa do estômago e interfere no processo de cicatrização, além de reduzir a eficácia do tratamento medicamentoso.

7. Bebidas gaseificadas

Refrigerantes e águas com gás podem distender o estômago, aumentando o desconforto e a produção de ácido.

8. Embutidos e frios

Produtos, como presunto, salame e salsicha, possuem altos níveis de gordura, sódio e conservantes, que irritam a mucosa gástrica e dificultam a digestão.

9. Doces açucarados

O excesso de açúcar pode promover inflamações e alterar o equilíbrio do microbioma intestinal, impactando negativamente na recuperação.

10. Frutas cítricas

Frutas, como laranja, limão e abacaxi possuem alta acidez, que pode agravar a irritação gástrica e causar desconforto.

Referências

Foto de Joana Mazzochi Aguiar

Conteúdo criado por especialista:

Joana Mazzochi Aguiar

Nutricionista

Este artigo foi escrito por Joana Mazzochi Aguiar, nutricionista (CRN 10 – 10934), formada pela Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI). É especialista em Atendimento Nutricional para Cirurgia Bariátrica e atualmente cursa pós-graduação em Saúde da Mulher e Estética pela VP – Centro de Nutrição Funcional, uma das instituições mais renomadas da área. Seu trabalho é guiado pelos princípios da nutrição funcional e do cuidado integral à saúde feminina.

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