Creatina e ansiedade: estudos, evidências e perspectivas

A creatina é um suplemento bastante conhecido entre atletas e praticantes de exercícios físicos, devido aos seus diversos benefícios para o ganho de massa muscular e auxílio na recuperação pós treino.

Devido à sua popularidade nos últimos anos, pesquisas vêm avaliando outros possíveis ganhos do uso desse suplemento tão procurado. Dentre eles, estudos sobre a associação entre creatina e ansiedade ganham destaque.

Para compreender a relação entre a creatina e a ansiedade, é fundamental entender como a creatina atua no corpo. 

A creatina é formada pela combinação de três aminoácidos: arginina, glicina e metionina. É possível obter creatina por meio da produção endógena, ou seja, o próprio organismo a sintetiza; pela alimentação, ao consumir fontes de proteína; ou pela suplementação, onde a creatina é encontrada de forma isolada.

Cerca de 95% da creatina é armazenada nos músculos, sendo utilizada nos primeiros instantes do recrutamento muscular para fornecer energia para a contração do músculo. Em outras palavras, o principal papel da creatina é proporcionar energia rápida durante a contração muscular.

Esse é o motivo pelo qual a creatina é amplamente usada por atletas e praticantes de exercício físico. A quantidade de creatina fosfato armazenada nos músculos é um fator limitante do desempenho físico em exercícios de alta intensidade e curta duração. 

Portanto, maiores concentrações de creatina resultam em uma maior capacidade de geração de trabalho em alta intensidade, como afirma o estudo.

Sim, quem tem ansiedade pode tomar creatina. Entretanto recomenda-se sempre a orientação profissional prévia, assim como a escolha de um suplemento de creatina de procedência segura. 

Não há, na literatura, comprovação de que o uso de suplemento isolado de creatina possa prejudicar quem tem ansiedade. No entanto, o uso de suplementos que associam creatina à estimulantes, muito encontrados em pré treinos, não é recomendado para quem sofre com ansiedade, pois pode prejudicar o quadro devido à hiperestimulação do sistema nervoso central.

Que a creatina desempenha um papel crucial no funcionamento do cérebro, é fato, mas o que a ciência diz sobre o uso de creatina para ansiedade:

Estudos recentes sugerem uma relação interessante entre a suplementação de creatina e a melhora na saúde e no funcionamento do Sistema Nervoso Central. Eles mostram que a suplementação de creatina aumenta os estoques de creatina não apenas nos músculos, mas também no cérebro, o que pode resultar em efeitos positivos na cognição e memória.

Além disso, a creatina tem mostrado potencial para melhorar a saúde cerebral em casos de depressão e ansiedade. Isso porque, pesquisas * indicam que as concentrações de creatina no córtex frontal podem estar relacionadas aos sintomas destes transtornos de humor.

Um estudo preliminar com um grupo de indivíduos com vários níveis de depressão encontrou uma associação negativa entre a creatina pré-frontal, o volume de matéria cinzenta e os transtornos de humor. 

Enquanto outro estudo também detectou níveis reduzidos de creatina total na substância branca cerebral em paciente com transtorno de ansiedade,  demonstrando a correlação e sugerindo implicações clínicas do uso de creatina e ansiedade.

Em resumo, dados demonstram deficiência de creatina no cérebro em pessoas com transtorno de humor, como ansiedade. Assim como, estudos comprovam o aumento de creatina no cérebro por meio da suplementação.

Entretanto, essas hipóteses ainda precisam ser avaliadas e novos estudos precisam ser realizados para que seja possível afirmar se o uso de creatina é bom para ansiedade.